Só vale merchan
Reprodução/Netflix
O ator Caleb McLaughlin, observado por Sadie Sink, toma um gole de Coca-Cola em Stranger Things
REDAÇÃO
Publicado em 17/7/2019 - 18h37
Na Netflix, propaganda é só dentro das séries ou filmes. Em carta divulgada nesta quarta-feira (17), direcionada aos seus acionistas, a gigante do streaming desmentiu rumores de que irá permitir comerciais de empresas na plataforma, seja no meio de episódios ou entre o final de um e começo de outro. Na nota, a empresa foi taxativa em sua posição.
"Nós, como a HBO, não exibimos propagandas. Isso continua como marca crucial da nossa marca", comparou a Netflix, antes de tranquilizar os acionistas. "Ao ler especulações de que nós estamos entrando no mercado de venda de espaços para publicidade, esteja ciente de que isso é falso."
"Nós acreditamos que teremos um negócio mais valioso, a longo prazo, se continuarmos fora desse mercado que lucra com comerciais", continuou a Netflix. "Ao invés disso, vamos nos dedicar inteiramente para satisfazer o nosso público."
Essa posição da Netflix engloba três contextos. Um deles são esses rumores que circulam desde o ano passado na mídia norte-americana sobre um possível aposta da empresa em propagandas tradicionais, como as exibidas em TVs abertas.
Pesquisas foram feitas sobre como o assinante reagiria a isso. Uma delas, realizada pelo instituto Hub Entertainment, apontou que um a cada quatro usuários deixariam o serviço assim que comerciais começassem a serem veiculados.
Há também a luta por recursos devido à alta competitividade que a Netflix terá com a entrada de gigantes do mundo do entretenimento, do nível de Warner, Apple, Universal e Disney, no mercado dos streamings. Na carta, a Netflix mostrou aos acionistas que vê a concorrência com bons olhos, dizendo que está bem posicionada no mercado, com a possibilidade de conquistar ainda mais assinantes.
Além do dinheiro oriundo das mensalidades pagas pelos clientes, como a Netflix ganha dinheiro para gastar em centenas de produções? Só para 2019, o investimento em conteúdo gira na casa dos US$ 15 bilhões (R$ 56 bilhões). A empresa dá o pulo do gato com um truque antigo da TV: o marketing indireto.
Nessa empreitada, a Netflix às vezes desafina. Na terceira temporada de Stranger Things, os merchans foram tão descarados que os personagens simplesmente paravam um desenvolvimento dramático para dar um gole em uma latinha de Coca-Cola, com o logotipo meticulosamente virada para a câmera, ou congelavam em frente à uma lanchonete do Burger King.
Ambas as marcas fecharam parcerias comerciais com a Netflix, atrelando produtos ao drama sobrenatural. No total, 75 empresas firmaram acordos com a Netflix para a atual temporada de Stranger Things.
Há outras experiências absurdas, como um comercial de uma empresa de cruzeiros que a Netflix chamou de filme, intitulado Tal Pai, Tal Filha (2018), protagonizado por Kristen Bell e Kelsey Grammer.
E tem aquelas ações que formaram um case. Como ocorrido no longa Para Todos os Garotos que Já Amei (2018), no qual uma simples garrafinha de Yakult fez a bebida virar um sucesso entre jovens norte-americanos, disparando as vendas do produto.
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