DESACELEROU
Alan Roskyn/Netflix
Gabriel Leone em Senna; série é grande aposta da Netflix para o Brasil neste semestre
Com 282,7 milhões de assinantes no mundo todo, a Netflix fechou o terceiro trimestre de 2024 adicionando 5 milhões de clientes ao seu saldo --um desempenho que poderia ter sido ainda melhor se a plataforma não tivesse perdido contratos na América Latina pela primeira vez no ano. É uma virada inesperada para a empresa, e em um momento decisivo: o streaming está prestes a lançar seus dois maiores projetos voltados para o mercado regional.
Em 29 de novembro, ocorre a estreia de Senna, drama biográfico sobre Ayrton Senna (1960-1994), um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1. Menos de duas semanas depois, em 11 de dezembro, chega a primeira parte de Cem Anos de Solidão, adaptação da obra de Gabriel García Márquez (1927-2014).
São séries milionárias e com apelo mundial, mas que devem funcionar ainda melhor no Brasil e na Colômbia, respectivamente. E Senna é uma aposta necessária da Netflix no mercado nacional, que já foi campeão de produções regionais para a plataforma no passado, mas tem perdido espaço para os fenômenos sul-coreanos (e para outros países) nos últimos anos.
De acordo com dados divulgados pela própria Netflix, sua base de assinantes no mundo todo saltou de 277 milhões no fim de junho para 282 milhões em setembro. O crescimento foi embalado principalmente pelos blocos da Apac (Ásia e Pacífico), que somou 2,2 milhões de novos contratos, e da Emea (Europa, Oriente Médio e África), com 2,1 milhões. A América Latina foi a única a encolher, com a perda de 68 mil clientes no trimestre, algo que não acontecia desde março de 2023.
Os próprios executivos da gigante do entretenimento avaliam que a queda regional ocorreu por causa do aumento de preços nas assinaturas realizado no fim de maio. O plano mais barato, com anúncios, subiu para R$ 20,90. O mais caro, Premium, chegou a R$ 59,90 mensais.
"O pequeno decréscimo que vocês viram se deve principalmente às recentes mudanças de preço nos maiores mercados da América Latina, o que sempre afeta o crescimento a curto prazo", admitiu Spencer Neumann, CFO da Netflix, na reunião de resultados trimestrais com acionistas.
"Mas a boa notícia é que já estamos observando uma recuperação. Assinaturas na América Latina voltaram a crescer --e, um fato curioso, se o terceiro trimestre tivesse durado mais um dia, o saldo seria positivo. Então, estamos tranquilos", minimizou o responsável pelas finanças da empresa.
Na mesma reunião, o co-CEO Greg Peters explicou o que leva a Netflix a aumentar o valor cobrado de seus assinantes de tempos em tempos. Além do motivo óbvio, a busca por mais receitas, a empresa adota uma explicação mais burocrática (e amigável) relacionada ao conteúdo oferecido.
"Nossa teoria central é de que trabalhamos muito duro para entregar um maior valor aos assinantes todo trimestre. E aí, verificamos com métricas de engajamento, aquisição e retenção, se fizemos um bom trabalho e se entregamos tudo aquilo que estávamos prometendo", começou Peters.
"Se conseguimos fazer isso, de vez em quando pedimos aos assinantes que paguem um pouco mais, para que possamos investir em mais conteúdo e manter o processo funcionando. Fizemos isso na Europa, no Japão, em vários países, e os resultados ficaram sempre dentro da expectativa [de retenção de clientes]", continuou o executivo.
"Estamos sempre checando os sinais para entender quando é apropriado pedir aos assinantes que aumentem o valor pago. Mas estamos aumentando também a qualidade e a variedade da nossa oferta de filmes e séries, e vamos expandir para novas áreas, como programas ao vivo, com a WWE e a luta de Mike Tyson e Jake Paul, jogos da NFL no Natal... São novidades empolgantes, e com elas sentimos que podemos seguir o ciclo de monetização", finalizou.
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