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MULHERES DE AZUL

Criador de série mexicana aclamada mundialmente entrega a receita do sucesso

Fotos: Divulgação/Apple TV+

Ximena Sariñana, Amorita Rasgado, Bárbara Mori e Natalia Téllez têm expressões de choque enquanto encaram papel em cena de Mulheres de Azul

Ximena Sariñana, Amorita Rasgado, Bárbara Mori e Natalia Téllez em cena de Mulheres de Azul

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 8/10/2024 - 14h00

Lançada no fim de julho no Apple TV+, a série mexicana Mulheres de Azul se tornou um raro fenômeno de crítica no mundo todo, alcançando 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Para o produtor Fernando Rovzar, que criou a série em parceria com o roteirista Pablo Aramendi, o segredo para uma atração ser exportada com sucesso é não pensar em agradar ao maior público possível.

"Quanto menor o seu círculo de comunicação, mais honesto ele se torna. Se eu quiser conversar com alguém na Coreia do Sul e escrever minha série pensando naquela pessoa, a história vai ser desonesta, porque aquela não é a minha realidade. Mas, se escrevo uma série que eu mesmo gostaria de ver repetidas vezes, há algo a ser explorado ali. E esse é o primeiro teste que muitos projetos já não passam", conta ele ao Notícias da TV.

Rovzar está no Brasil para participar do RioMarket 2024, considerado o maior evento sobre o audiovisual da América Latina. Nesta terça (8), às 17h, ele apresenta uma Masterclass com o tema "Produção de séries que viajam o mundo". Antes, porém, o produtor bate um papo exclusivo com a reportagem e dá uma prévia do que falará no encontro.

"Quando eu criei Mulheres de Azul, eu ouvia muitas pessoas falarem que o México estava atrasado na igualdade de gêneros, enquanto outras diziam que tínhamos feito um progresso enorme. Temos até uma presidente mulher agora! Então, fiz a série em uma tentativa de responder a essa dúvida", aponta.

A produção do Apple TV+ conta a história do primeiro grupo de mulheres policiais na capital do país. Prontas para mostrar serviço e combater o crime, elas descobrem que são apenas um golpe publicitário para agradar à população e reeleger políticos. Mas o surgimento de um serial killer faz com que elas driblem o sistema e comecem uma investigação por conta própria, conseguindo avançar em áreas onde seus colegas homens tinham travado.

"Eu queria entender a situação do meu país atualmente. Para isso, criei um retrato da Cidade do México em 1971. Quantas coisas que aconteciam com as mulheres lá atrás não acontecem mais, graças a Deus? E quantas outras pioraram?", provoca Rovzar, que ensina: "Então, para mim, uma série de sucesso tem que preencher dois requisitos. 1) É um projeto que você mesmo quer ver? E 2) Você está respondendo a alguma pergunta com sua história?".

O produtor Fernando Rovzar com o elenco da série

Ele ressalta que alguns roteiristas e produtores cometem um erro comum ao pensarem na exportação de suas séries. "Eles escrevem algo genérico porque acham que, assim, atingirão um público maior. E é o contrário, você tem que ser o mais específico possível. Mulheres de Azul não é sobre o México, nem sobre a Cidade do México, é sobre uma área específica da Cidade do México em 1971. Veja bem, não é 1970 nem 1972. Até o ano exato tem uma razão."

O temor de afastar parte do público ao ser específico demais não se sustenta, diz Rovzar. "Eu me lembro da primeira vez que vi Cidade de Deus [2002] e fiquei embasbacado. E eu não preciso entrar numa favela do Rio de Janeiro dos anos 1980 para entender o que aqueles personagens sentem. E é por isso que o filme se tornou um fenômeno mundial, que virou uma série agora. Era uma história muito local, mas que ganhou proporções globais", elogia.

"Com esse poder incrível que nós temos de contar histórias, essa experiência transformadora, acho que conseguimos perceber que temos muito mais em comum do que coisas que nos dividem. A luta de uma mãe solteira em Beijing, em São Paulo, no México ou em Oklahoma não é tão diferente assim. Você pode ver Mulheres de Azul e pensar: 'Eu conheço uma personagem assim, mas não conheço esse mundo'. E é isso que a arte faz, ela te leva para um mundo que você não conhece através de personagens com que você se identifica."

Rovzar aponta que a chegada do streaming e a facilidade do acesso a produções de fora dos Estados Unidos mudaram algumas concepções que o audiovisual tinha sobre a possibilidade de entrar em novos mercados. "Nós sempre ouvimos que norte-americanos não leem legendas. Mentira! Eu tenho amigos de lá que hoje veem mais séries de outros países do que dos EUA."

Acho que estamos chegando no lugar com que sempre sonhamos. Há 20 anos, quando comecei a trabalhar, nós pensávamos que, por falarmos outro idioma, o nosso mundo era limitado, que só teríamos acesso a um pedaço pequeno da torta. E isso mudou. O Brasil mudou essa percepção, a Coreia do Sul mudou essa percepção, o México, o Chile...

"E vamos continuar mudando e conquistando cada vez mais espaço. Eu não digo isso com maldade, mas acho que os roteiristas norte-americanos, que eram os reis e as rainhas da televisão antes, agora estão se perguntando: 'O que diabos está acontecendo nos outros países? Porque eles estão fazendo séries ótimas!' (risos). E isso é incrível! Se quisermos ser um mercado global, a concorrência tem que ser global também", aponta o produtor.


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