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VIROU O JOGO

Detonada após venda para a Disney, Fox americana se dá bem com coronavírus

Divulgação/Fox

O apresentador Nick Cannon, vestido de terno, conversa com o participante disfarçado de banana, em cena do reality The Masked Singer, da Fox norte-americana

O apresentador Nick Cannon e participante vestido de Banana no reality Masked Singer, hit da Fox

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 2/4/2020 - 14h50

Além de preocupar governos e a população do mundo todo, a pandemia do novo coronavírus virou a TV de cabeça para baixo. No Brasil, a Globo cancelou gravações de suas novelas. Nos Estados Unidos, séries interromperam suas temporadas no meio e podem ficar sem final. A Fox norte-americana, porém, tem se dado bem com a Covid-19.

Curiosamente, a rede do magnata Rupert Murdoch tem crescido em meio ao caos justamente por elementos de sua programação que haviam sido detonados em 2018, quando parte do conglomerado foi comprado pela Disney.

Na aquisição, a empresa do Mickey Mouse ficou com os estúdios de televisão da Fox, a 20th Century Fox Television, responsável por séries como Empire, Last Man Standing e 9-1-1. Para contar com essas atrações em sua grade, a rede Fox (que segue com Murdoch) agora precisa pagar taxas de licenciamento para a Disney.

Disposta a economizar nesses valores, a rede diminuiu bastante a encomenda de produções roteirizadas e investiu na compra de direitos esportivos e em reality shows. E foi aí que ela driblou o coronavírus e cresceu na crise.

Agora, com os estúdios de TV todos fechados, seus proprietários precisam pagar (caro) para bancar salários de funcionários que não estão produzindo, ou abrir a carteira para indenizar os colaboradores que foram dispensados. Como não é mais dona da 20th Century Fox Television, a Fox não precisa se preocupar com isso.

reprodução/wwe

Sasha Banks (de cabelo azul) ataca Alexa Bliss em luta do WWE Smackdown sem plateia


Luta livre, animações e reality shows

Suas principais rivais, CBS, ABC e NBC, também estão sofrendo porque os principais torneios esportivos foram paralisados devido à doença. A Fox passou batido por esse drama: a NFL, liga de futebol americano, encerrou sua temporada no início de fevereiro, muito antes da doença virar uma preocupação mundial.

Agora, o mais perto que a rede tem de um programa esportivo no seu horário nobre é o WWE Smackdown, atração de luta livre no melhor estilo telecatch. E os embates continuam com episódios inéditos --como medida de prevenção ao coronavírus, os lutadores agora estão subindo ao ringue em um estúdio sem plateia. Ou seja, as noites de sexta-feira da Fox não virarão uma dor cabeça para os diretores tão cedo.

Na área de realities, a rede de Murdoch saiu na frente porque sua principal aposta, a competição musical The Masked Singer, gravou toda a sua terceira temporada antes mesmo de estrear --o público de casa não participa dos resultados. As rivais NBC e ABC não tiveram a mesma sorte com The Voice e American Idol, respectivamente, pois as atrações musicais teriam fases ao vivo, que não devem mais ocorrer.

A Fox também é a única a exibir animações na sua programação noturna --estão na grade sucessos como Os Simpsons, Bob's Burgers e Uma Família da Pesada. Mas desenhos levam muito mais tempo para que um episódio fique pronto do que atrações com atores de carne e osso. Isso significa que os programas de domingo da Fox gringa já têm capítulos da próxima temporada na manga. Além disso, os animadores e dubladores podem trabalhar de suas casas e manter tudo no ar.

Até em suas séries roteirizadas a Fox conseguiu minimizar os danos. Sucessos como 9-1-1 e seu filhote, 9-1-1: Lone Star, já tinham encerrado suas gravações, e a comédia Last Man Standing só não conseguiu rodar o episódio final. O maior drama mesmo deve ser o desfecho de Empire: a equipe ainda precisava finalizar os dois capítulos derradeiros da sua última temporada.


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