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Trio feminista

O Escândalo mostra como mulheres derrubaram homem forte da TV americana

Imagens: Divulgação/Lionsgante

Charlize Theron de braços cruzados, Nicole Kidman vestida de rosa e Margot Robbie de preto no filme O Escândalo

As atrizes Charlize Theron, Nicole Kidman e Margot Robbie são as estrelas do filme O Escândalo

JOÃO DA PAZ

Publicado em 16/1/2020 - 5h10

Com um trio de atrizes liderando a trama, o filme O Escândalo retrata como mulheres derrubaram o executivo Roger Ailes (1940-2017) da presidência do canal Fox News. Ele foi um dos homens mais poderosos e importantes da TV norte-americana durante duas décadas. O longa estrelado pelas indicadas ao Oscar 2020 Charlize Theron e Margot Robbie, além de Nicole Kidman, cumpre a missão de desmascará-lo, o apontando como um assediador sexual contumaz.

O Escândalo, chamado nos Estados Unidos de Bombshell, estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (16). Dirigido por Jay Roach (Trumbo) e escrito por Charles Randolph (vencedor do Oscar por A Grande Aposta), o filme faz muito bem o dever de casa de narrar o tal escândalo sexual dentro da Fox News, com detalhes que ajudam o público a entender todo o caso com clareza.

Grande parte do longa se passa em 2016, ano no qual a mídia passou a acompanhar de perto as revelações feitas sobre a cultura tóxica que predominava no canal.

Quem primeiro teve a coragem de falar contra Ailes foi a jornalista Gretchen Carlson (interpretada por Nicole Kidman). Depois dela, a porteira se abriu para outras denúncias virem à tona, não apenas contra o executivo, mas também expondo outros homens da alta cúpula do canal, incluindo âncoras famosos.

Foram essas acusações, inclusive a feita pela então principal estrela do canal e jornalista mais bem paga da TV, Megyn Kelly (Charlize Theron), que tiraram Ailes do seu cargo, um homem que se achava indestrutível devido ao poder que tinha. Foi ele quem transformou a Fox News na voz do conservadorismo americano e teve uma influência decisiva na eleição do empresário Donald Trump para a presidência dos EUA, há quatro anos.

No ano passado, o canal Showtime exibiu nos EUA a minissérie The Loudest Voice (inédita no Brasil), que abordou a trajetória de Ailes e deu espaço para o ponto de vista do executivo acerca desse escândalo que o afetou. Nessa atração, Russell Crowe interpretou o presidente da Fox News e venceu o Globo de Ouro.

O filme vem para balancear essa história. As narrações em off (vozes sobrepostas às imagens) das personagens Megyn Kelly e Gretchen Carlson são importantíssimas e situam o público sobre como elas encaravam aquela situação, de serem mulheres vítimas de Ailes, e ter uma baita vitrine por serem âncoras de programas de grande audiência na Fox News, o que significava ter uma plataforma para falar algo contra aquela cultura sexual nociva que vivenciavam.

Como se estivessem em uma gangorra, elas oscilam entre ficar calada (leia-se: manter o emprego) ou não se omitir e virar uma bandeira contra o assédio sexual no ambiente de trabalho. O filme é importante por mostrar o que se passava na cabeça das jornalistas, uma oportunidade de entender como elas se sentiam.

No filme O Escândalo, o vencedor do Emmy John Lithgow interpreta o executivo Roger Ailes


Cenas angustiantes

Tanto Megyn quanto Gretchen toparam com uma encruzilhada criada por Ailes: aceitar as propostas sexuais ou perder o emprego. Para quem acha que é uma escolha simples, O Escândalo usa a perspectiva feminina para provar o contrário.

A personagem de Margot Robbie, a produtora Kayla Pospisil, foi criada especialmente para o longa. Ela representa várias vítimas do executivo ao longo dos anos, aquela jovem jornalista que almeja crescer na profissão e demonstra muita disposição. Entusiasta e cheia de ânimo, Kayla cruza o caminho de Ailes e o que vem pela frente são momentos de puro terror.

O Escândalo não suaviza ao mostrar os assédios sexuais cometidos por Roger Ailes. São cenas angustiantes e que incomodam. Mas o público não deve virar o rosto para a tela, muito menos fechar os olhos. Tem de prestar bem atenção para ver o que todas essas mulheres passaram na frente desse homem que escondia um comportamento desprezível atrás da fachada de poderoso, que criou um império do telejornalismo.

Sucesso no circuito de premiações, O Escândalo acumula um total de 28 indicações nas mais variadas cerimônias, três delas para o Oscar. Charlize Theron concorre como melhor atriz e Margot Robbie disputa como atriz coadjuvante na principal ; o filme ainda aparece na categoria de cabelo e maquiagem.

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