GABRIELA AMERTH
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
A atriz Gabriela Amerth durante festival de cinema nos EUA; brasileira está em filme indie
Depois de se virar para pagar os estudos no exterior, a atriz Gabriela Amerth está prestes a fazer a sua estreia no cinema norte-americano. A brasileira dá vida a uma jovem neurodivergente no filme independente Brownsville Bred --baseado no livro que deu origem à peça homônima que chamou a atenção no circuito Off-Broadway.
Antes de conquistar o papel, Gabriela passou por mais de 70 testes e acumulou trabalhos paralelos para se manter nos Estados Unidos. Chegou a cantar nas ruas e fazer vaquinha para arcar com as suas despesas. "Cantar na rua e vender produtos para estranhos em bar, ou pessoas paradas na esquina, foram um atestado de coragem pra mim", relembra ela, em entrevista ao Notícias da TV.
A atriz mergulhou fundo na composição de sua personagem, Titi, com pesquisa cuidadosa sobre neurodivergência e hipóxia (condição em que os tecidos do corpo recebem quantidade insuficiente de oxigênio para funcionar adequadamente).
"Entendi que muitas neurodivergências são como impressões digitais: únicas de cada pessoa. Por isso, não faria sentido me basear em referências visuais", explica. "Minha abordagem foi guiada pela vontade de descobrir a pessoa que vem antes do diagnóstico."
A preparação incluiu observar pequenos gestos e tons de voz da Titi real, já que a personagem é inspirada livremente em uma pessoa próxima à autora Elaine Del Valle. "Me permiti incorporar dois detalhes muito específicos: o modo como ela dança brevemente e um movimento repetitivo do dedão em momentos de ansiedade ou agitação", detalha.
Gabriela já participou de produções como Succession (2018-2023) e Música (2024), do Prime Video. Mesmo em figuração, a passagem pela série da HBO foi transformadora. "Estar no meu set dos sonhos e sentir que tenho total capacidade de fazer aquele trabalho como elenco principal foi reafirmador. Foi extremamente importante pra minha autoestima", comenta.
Ela também é a mente por trás de Anxiety (2018), um microcurta premiado sobre ansiedade crônica. O projeto nasceu de um momento pessoal muito delicado. "Eu cuidava de irmãos de dois anos e meio quando um deles foi diagnosticado com leucemia. Foi um momento de terror. Na época, eu chorava até apagar de exaustão", desabafa. A produção acabou ganhando prêmios e rendeu recursos para ela seguir investindo na carreira.
A trajetória nos Estados Unidos ainda incluiu empregos como garçonete, vendedora e babá. Para a atriz, cada experiência foi transformadora. "O valor do suor, o valor do dinheiro, fincou meus pés mais no chão. Todos esses anos me trouxeram, principalmente, mais consciência de classe", conclui.
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