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AFONSO POYART

Diretor de Biônicos rejeita fórmula gringa e cria sci-fi tropical: 'Identidade brasileira'

Alisson Louback/Netflix

Klebber Toledo usa uma prótese biônica no braço direito em cena do filme Biônicos

Klebber Toledo com prótese biônica em cena do filme Biônicos, dirigido por Afonso Poyart

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 28/5/2024 - 11h30

Diretor de Biônicos, filme que estreia nesta quarta (29) na Netflix, Afonso Poyart tomou cuidado para não usar fórmulas prontas e estrangeiras para criar a trama de ficção científica. Para isso, buscou um toque tropical para aproximar a história das irmãs Maria (Jessica Córes) e Gabi (Gabz) do principal público alvo: os brasileiros.

"Eu não queria pegar um sci-fi americano e fazer um genérico. Nós criamos um 'sci-fi tropical'. Feito nos moldes brasileiros, como se fosse um híbrido do Cidade de Deus [2022] com o Blade Runner [1982]. O filme tem a identidade de uma metrópole sul-americana como São Paulo. Tem a identidade brasileira desse lugar que a gente vive, mesmo se tratando de um futuro distópico", analisa o profissional em material enviado pela Netflix ao Notícias da TV.

O longa é ambientado em 2035, quando os avanços tecnológicos promovidos pelas próteses biônicas colocam atletas paralímpicos no topo e jogam os esportistas "comuns" para escanteio.

Influenciada por Heitor (Bruno Gagliasso), Maria acaba seduzida pela ideia de finalmente conseguir desbancar a irmã numa competição. Só que a atleta precisa se envolver com o crime para atingir seu objetivo.

Poyart explica que se inspirou em Blade Runner, A Chegada (2016) e nos filmes do cineasta Michael Mann para criar Biônicos, numa tentativa de fazer uma oposição entre as próteses biônicas e a cinematografia realista. O diretor, entretanto, encarou alguns obstáculos na produção do filme futurista.

"Biônicos foi um projeto repleto de desafios. Não só na criação de um mundo de ficção científica, mas, na minha opinião, o maior desafio foi desenvolver todas as sequências de ação do filme. É uma tarefa bastante complexa. Apesar de termos uma indústria cinematográfica incrível e profissionais talentosos, ainda não temos uma cultura tão consolidada para filmes de ação."

Apesar de já ter comandado outros longas do gênero, Poyart também cita os efeitos visuais e a computação gráfica como desafios do projeto. "Todas as próteses biônicas foram criadas por meio de CGI [Computer Graphic Imagery, imagens feitas por computação], o que exigiu um esforço considerável em várias frentes. Tivemos que lidar com efeitos físicos, como capotamentos de carros, ao mesmo tempo em que trabalhávamos com efeitos de computação gráfica, como as pernas biônicas. A integração de todos esses elementos foi o maior desafio do filme", afirma.

A produção também investiu em várias tecnologias para trazer mais veracidade ao filme. "Para confeccionar essas próteses, trabalhamos com um artista americano especializado em filmes blockbusters de ficção científica e mecânica. Ele é especialista em 3D mecânico e foi responsável por todas as próteses do filme", conta.

Também foi usado um robô para movimentar a câmera nas sequências com alta velocidade. "Utilizamos a técnica de captura de movimento, onde o ator veste um traje especial que permite ao computador capturar seus movimentos e transferi-los para dentro do ambiente digital. Essa técnica, que é uma novidade no cinema brasileiro, não foi amplamente utilizada antes, o que torna sua aplicação no filme bastante inovadora", explica.

Legado

O diretor acredita que Biônicos possa abrir portas para novos filmes brasileiros de ficção científica: "Quando se tem um primeiro, fica mais fácil ter um segundo e depois um terceiro. Acho que a coragem de fazer um filme como este é muito importante para o Brasil. Isso não só forma pessoas, como estimula a criação de tecnologia e encoraja os players do mercado a se especializarem, tornando mais fácil a produção do próximo filme".

"Acho que a coragem da Netflix em produzir um filme desse tamanho no Brasil é o que mais me surpreende e me deixa feliz, porque isso ajuda a solidificar toda uma indústria. Tenho certeza de que esse filme é uma experiência única para a equipe. São 150 pessoas, e nenhuma delas jamais trabalhou em um filme como esse. Todas elas me dizem isso. Isso forma pessoas, cria um legado", valoriza.

Acredito plenamente que o cinema brasileiro tem todo o potencial para alcançar reconhecimento mundial. Já demos vários passos nessa direção, e há uma energia cultural no nosso modo de fazer cinema, no audiovisual, que é incrível.

Christian Malheiros, Klebber Toledo, Paulo Vilhena e Danton Mello também estão no elenco de Biônicos. O filme tem roteiro de Josephina Trotta, Cris Cera e Victor Navas.

Assista ao trailer:


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