CRÍTICA
Divulgação/Marvel Studios
Parte do elenco principal de Eternos; novo filme é o mais ambicioso da história do Marvel Studios
Com 13 anos de existência, o Universo Marvel já apresentou narrativas muito diferentes entre si. São mais de duas dezenas de filmes que exploram os variados gêneros encontrados no cinema. Mas é com Eternos, longa comandado pela vencedora do Oscar Chloé Zhao (Nomadland), que o MCU apresenta a sua história mais ambiciosa.
Depois dos lançamentos de Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Ultimato (2019), filmes que resultaram no maior marco da história dos super-heróis no cinema, seria difícil para o estúdio encontrar um produtor que quebrasse barreiras da mesma maneira. Eis que chega Chloé Zhao e choca o público padrão ao apimentar a chamada "fórmula Marvel" com sexo, beijo gay e um nível de dramaticidade nunca antes visto no MCU.
Mesmo criticada em alguns títulos do estúdio, a fórmula Marvel esteve presente em todos os filmes. O equilíbrio quase perfeito entre humor e ação sempre foi a base da estrutura para todas as histórias de origem dos heróis, não importa quais fossem. Em Eternos, esses elementos continuam ali, mas elevados a uma escala ainda maior.
O longa apresenta um grupo de heróis espaciais criado por Jack Kirby (1917-1994), uma das principais mentes por trás dos maiores personagens da Marvel. Imortais e com superpoderes, eles foram criados para proteger os humanos desde os primórdios da espécie na Terra.
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Richard Madden (Ikaris) e Gemma Chan (Sersi)
Por trás da criação dos Eternos estão os Celestiais, entidades já introduzidas no MCU --Ego (Kurt Russell), vilão de Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017), é membro desta raça-- e descritos como deuses especiais com poderes místicos. Eles são responsáveis pela fonte de energia que cria bilhões de vidas pelo universo e as protege dos chamados Deviantes, criaturas malignas que se alimentam de outros seres vivos.
Desde o início, Cholé Zhao posiciona seus personagens como protagonistas de uma história com escala épica. Os Eternos chegaram à Terra há 7 mil anos, em uma época na qual os humanos ainda eram pouco desenvolvidos. Como seus protetores, estes seres místicos os ajudaram a evoluir e a formar a sociedade como conhecemos.
Com a extinção dos Deviantes, o grupo se separa e seus integrantes passam algumas centenas de anos distantes. Mas a aparição de um remanescente da espécie destruidora no mundo atual traz de volta a ameaça contra os humanos, e eles são obrigados a se reagrupar para encarar o novo desafio.
Mesmo com dez personagens principais para apresentar ao público, em nenhum momento o filme deixa qualquer um deles fora de foco. Mesmo que os destaques fiquem com Sersi (Gemma Chan), Ikaris (Richard Madden) e Thena (Angelina Jolie), o resto do elenco também tem espaço para brilhar.
Além do trio acima, a equipe dos Eternos é formada pela líder Ajak (Salma Hayek), Kingo (Kumail Nanjiani), Phastos (Brian Tyree Henry), Duende (Lia McHugh), Druig (Barry Keoghan), Makkari (Lauren Ridloff) e Gilgamesh (Ma Dong-Seok). Cada membro tem um poder característico usado para proteger a Terra. A instrução recebida dos Celestiais é para que nunca interfiram no destino dos humanos --o que explica a ausência do grupo na guerra contra Thanos (Josh Brolin).
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Angelina Jolie em ação como Thena
Tudo em Eternos é visualmente lindo. A fotografia de Ben Davis transforma os cenários visitados pelos personagens em algo majestoso, o que aumenta ainda mais a escala épica do longa de Chloé. Somam-se a isso os heróis lutando contra criaturas diabólicas e usando os mais variados tipos de superpoderes e a Marvel tem, talvez, o seu filme de origem mais "diferentão".
E o que torna Eternos diferente é a maneira como abraça a normalidade em um mundo cheio de heróis. Os filmes do MCU sempre foram o equilíbrio quase perfeito entre ação e comédia, mas aqui o drama ganha contornos maiores.
Por se tratar de um filme de 2021, destacar que o longa tem cena de sexo (filmada sem apelação), beijo gay e reflexões bibliográficas parece pouco, mas não é. Com mais de 20 filmes, a Marvel nunca abriu espaço para esse tipo de coisa em suas narrativas, e Eternos chega para quebrar esses paradigmas com os dois pés na porta. Um avanço pequeno, mas considerável.
Depois de tantos filmes da Marvel que defendem as ramificações mais tradicionais das narrativas de heróis, Chloé Zhao faz com Eternos uma ótima fusão de o que é fisicamente espetacular e filosófico sobre isso. O fato de ser apresentado por um elenco diverso e que reproduz o mundo como ele é só dá ainda mais brilho ao que a cineasta tenta mudar em um universo cinematográfico já muito bem estabelecido.
Mesmo que receba críticas por tudo que introduz de novo ao Universo Marvel, o filme consegue brilhar mesmo sendo uma história (um pouco) distante da dos Vingadores. As ligações do universo compartilhado continuam ali, mas Eternos funciona como obra única, e seria extremamente triste ver todo esse novo mundo ser desperdiçado caso o estúdio resolva seguir com uma visão diferente no futuro.
Eternos estreia nos cinemas nesta quinta-feira (4). Assista ao trailer legendado:
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