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EM PRIMEIRA MÃO

Após 20 anos de Globo, Monalisa Perrone pede demissão e vai para a CNN Brasil

Reprodução/TV Globo

Monalisa Perrone no Hora 1 de hoje: jornalista troca a madrugada da Globo pelo horário nobre da CNN - Reprodução/TV Globo

Monalisa Perrone no Hora 1 de hoje: jornalista troca a madrugada da Globo pelo horário nobre da CNN

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 3/9/2019 - 10h17
Atualizado em 3/9/2019 - 14h30

Apresentadora do Hora 1, a jornalista Monalisa Perrone pediu demissão da Globo na manhã desta terça-feira (3), após uma longa e tensa reunião com Cristina Piasentini, diretora de Jornalismo em São Paulo. Ela deixou a emissora, onde trabalhava desde 1999, porque recebeu uma "proposta irrecusável" da CNN Brasil, canal de notícias que entra no ar em novembro. Ela irá apresentar um telejornal no horário nobre. Na Globo, será substituída por Roberto Kovalick.

Em nota oficial no início desta tarde, a CNN Brasil confirmou a contratação. "Monalisa estará presente em toda a programação multiplataforma da CNN Brasil e comandará um programa diário ao lado de um time de comentaristas de política e economia e convidados diversos, que debaterão os temas mais relevantes do Brasil e do mundo", anunciou o canal no comunicado (leia na íntegra no final deste texto).

Monalisa ancorava o Hora 1 desde sua estreia, em 1º de dezembro de 2014. Antes, durante 15 anos, foi repórter de todos os telejornais da Globo e apresentou, eventualmente, o SPTV (hoje SP1 e SP2), o Bom Dia São Paulo e o Bom Dia Brasil. Desde 2014, dividia a transmissão do Carnaval de São Paulo com Chico Pinheiro.

A jornalista deixa a Globo em uma semana de comemorações dos 50 anos do Jornal Nacional. A emissora confirmou o pedido de demissão no final da manhã, mas ainda não informou quem será o (ou a) substituto(a).

O Notícias da TV apurou que, além da proposta financeira muito superior da CNN Brasil, pesou na decisão de Monalisa Perrone o fato de poder ter uma "vida normal".  Para estar na Globo a 1h da madrugada e apresentar o Hora 1 das 4h às 6h, tinha que ir dormir às 17h e acordar às 23h30. Isso atrapalhava sua vida pessoal, principalmente o acompanhamento do crescimento do filho.

O projeto da CNN Brasil, um licenciamento da CNN americana, também foi determinante na decisão de trocar a maior emissora do país por um canal que ainda nem entrou no ar. Nos últimos anos, ela recebeu propostas da Record e do SBT, e recusou.

As negociações com a CNN Brasil começaram há mais de um mês e avançaram, mesmo com o vazamento da informação, noticiada pelo colunista Flávio Ricco, do UOL, em 15 de agosto. As tratativas foram tão discretas que ninguém na Globo esperava seu pedido de demissão.

Na tarde desta terça, a Globo agradeceu a contribuição de Monalisa e anunciou que Roberto Kovalick assumirá o comando do Hora 1 a partir de segunda (9). Confira o comunicado oficial do diretor-geral de Jornalismo da Globo, Ali Kamel:

"É com grande alegria que comunico que Roberto Kovalick, um dos nossos mais talentosos jornalistas,  assumirá a bancada do 'Hora 1'.

Roberto Kovalick conquistou o respeito de todos nós com uma carreira sólida e cheia de êxitos aqui e no exterior. Começou em 1987 na Rádio Gaúcha de Porto Alegre e, pouco tempo depois, se tornou repórter da RBS-TV, também de Porto Alegre. Suas reportagens passaram a ser exibidas no 'Jornal Nacional' e em outros jornais da Rede Globo e, em 1990, ele foi convidado para se transferir para a TV Globo do Rio de Janeiro, onde participou de coberturas marcantes como o sequestro do ônibus 174.

No ano 2000, foi transferido para a TV Globo de Brasília, para fazer reportagens investigativas.  Cobriu momentos importantes da história recente, como as eleições de 2002.

Em 2005, Kovalick iniciou uma carreira de correspondente internacional que duraria mais de uma década. Seu primeiro posto foi em Nova York, onde cobriu, entre outros acontecimentos impactantes, a eleição do presidente Barack Obama, em 2008, e a grande crise econômica mundial.

Em 2009, foi convidado a inaugurar o escritório da TV Globo em Tóquio, onde ficou por cinco anos e teve, como cobertura mais marcante, o tsunami, que provocou o acidente nuclear de Fukushima, em 2011. Dias tensos em que tudo era difícil,  a locomoção, as comunicações e também grandes os riscos para a própria segurança. O resultado foram reportagens que marcaram a história do jornalismo na Globo (Marcos Uchôa se juntaria a ele depois na cobertura, uma dupla de excelência).

Em 2013, foi transferido para o escritório da Globo em Londres, como repórter e chefe do escritório. Na Europa, cobriu eventos como a crise na Ucrânia, um conflito com a Rússia cujos reflexos são sentidos ainda hoje.

Desde 2016, está na Globo de São Paulo, como repórter especial do 'Jornal Nacional' e apresentador substituto do 'SP2' e do 'Jornal Hoje'.

Como âncora, leva para o 'H1' toda a sua experiência, sua clareza, seu texto impecável e sua grande capacidade de comunicação. Kovalick assume a bancada na próxima segunda-feira. A ele, todo o sucesso do mundo.

Ele substitui a jornalista Monalisa Perrone, que deixa hoje a Globo. Somos gratos à Monalisa por sua trajetória. Depois de uma carreira nas principais rádios de São Paulo, Monalisa chegou à Globo em 1999 para integrar o time de repórteres locais. Trabalhou em todos os telejornais da Globo e foi repórter do 'Jornal Nacional' até novembro de 2014, quando assumiu a bancada do 'Hora 1' na estreia do telejornal. Por quase cinco anos, liderou o matutino com grande êxito. Monalisa esteve à frente das transmissões dos desfiles das escolas de samba de São Paulo nos últimos seis anos. A ela agradecemos a colaboração e desejamos sorte nessa nova etapa.

Kovalick assumirá a bancada na próxima segunda-feira. Até lá, o 'H1' fica nas mãos firmes e competentes de Michelle Barros."

Do rádio ao 'que deselegante'

Monalisa, hoje com 49 anos, começou a trabalhar no início dos anos 1990, como atendente de locadora de carros, para pagar a mensalidade da faculdade de Jornalismo da PUC de São Paulo. Em 1992, ainda frequentando a universidade, começou a atuar como repórter, na rádio Jovem Pan. Três anos depois, foi para a rádio Bandeirantes, também em São Paulo, onde aprendeu a improvisar, qualidade que lhe foi muito útil no Hora 1.

Em 1999, Monalisa foi contratada para cobrir assuntos da cidade de São Paulo na Globo, que procurava alguém com a "verborragia de quem trabalhou em rádio", segundo declarou ao projeto Memória Globo.

A jornalista aos poucos foi expandindo sua atuação dos assuntos locais para os nacionais. Primeiro, fez reportagens para o Bom Dia Brasil. Em 2001, estreou ao vivo no Jornal Nacional e ganhou confiança na casa. A partir de então, participou das principais coberturas ancoradas em São Paulo.

Em 2010, Monalisa passou a fazer parte do time de apresentadores substitutos da Globo, cobrindo folgas e férias no Bom Dia São Paulo, Bom Dia Brasil e SPTV.

Sua trajetória como repórter na Globo foi marcada por um incidente, em 2011. Ela estava ao vivo no Jornal Hoje, em frente ao hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, quando foi agredida por um homem, que a empurrou. A reação de Sandra Annenberg, na bancada do Hoje, virou meme. "Que deselegante!", ela disse.

No início de 2015, logo após se tornar apresentadora titular da emissora, com o Hora 1, passou a dar plantões aos sábados no Jornal Hoje. Um ano depois, estreou na bancada do Jornal Nacional, como plantonista. Seu último plantão foi há duas semanas, em 24 de agosto.

CNN Brasil: 18 horas ao vivo

A CNN Brasil corre contra o tempo para começar em novembro. A marca foi licenciada por Douglas Tavolaro, ex-vice-presidente de Jornalismo da Record, e pelo empresário Rubens Menin.

O canal vai operar em edifício na avenida Paulista, com vista para o prédio da Fiesp, local de manifestações populares em São Paulo. As obras de reforma terminam em outubro. Os equipamentos serão instalados até novembro.

Tavolaro e sua equipe (já foram contratados cerca de cem profissionais) trabalham na montagem de uma grade de programação que terá 18 horas de transmissões ao vivo. A operação envolverá, ao todo, cerca de 400 jornalistas.

As primeiras contratações midiáticas da CNN Brasil foram as de Evaristo Costa e William Waack, ex-Globo. Depois, vieram os repórteres Phelipe Siani e Mari Palma, o "casal 20" da Globo. A ofensiva aos profissionais da Globo foi grande.

Confira a nota oficial da CNN Brasil

"A CNN Brasil anuncia a contratação da jornalista e apresentadora Monalisa Perrone. Um dos principais nomes do telejornalismo brasileiro, ela será âncora de um dos produtos jornalísticos do prime time da emissora, que já conta com a credibilidade e a competência de William Waack.

Monalisa estará presente em toda a programação multiplataforma da CNN Brasil e comandará um programa diário ao lado de um time de comentaristas de política e economia e convidados diversos, que debaterão os temas mais relevantes do Brasil e do mundo.

A jornalista deixa a Rede Globo após duas décadas, onde apresentava os telejornais Hora 1 e Jornal Nacional. Nos últimos quatro anos, comandou uma reviravolta na audiência da televisão aberta nas primeiras horas do dia. Foi com Monalisa que a Globo conseguiu retomar a liderança absoluta no horário matutino.

'A Monalisa Perrone é uma apresentadora competente que por muito tempo permaneceu na TV aberta, sempre com uma audiência de milhões de telespectadores. Sua decisão de vir para a CNN Brasil é mais uma prova da força, da credibilidade e da seriedade da marca e do projeto que estamos desenvolvendo', destaca Douglas Tavolaro, CEO e fundador da CNN Brasil.

Formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), começou sua carreira em rádio, com passagens por Jovem Pan e Rádio Bandeirantes. Contratada pela Globo em 1999, logo ganhou destaque por coberturas nas editorias de política e economia. Tornou-se repórter especial dos principais telejornais da emissora e, no início desta década, venceu o Troféu Mulher Imprensa por quatro anos consecutivos (2010-2013) como melhor repórter da televisão brasileira.

Em 2014, deixou a reportagem para assumir o Hora 1. No ano seguinte, entrou para o time de apresentadores do Jornal Hoje. No ano seguinte, foi promovida à seleta equipe de âncoras do Jornal Nacional --na qual permaneceu até a data de hoje."


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