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'ME LIGARAM'

Luisa Mell revela como surgiu em operação policial na famosa casa abandonada

REPRODUÇÃO/BAND

Luisa Mell com o cachorro da mulher da casa abandonada no colo

Luisa Mell na invasão à casa de Margarida Bonetti: defensora dos animais foi chamada pela polícia

IGRAÍNNE MARQUES

Publicado em 31/7/2022 - 9h00

Luisa Mell abriu o jogo em conversa com o Notícias da TV sobre sua aparição na operação policial na mansão que ficou conhecida como "casa abandonada", no bairro de Higienópolis, na capital paulista. A ativista compareceu à mansão para resgatar os animais que viviam com Margarida Bonetti, principal personagem de um podcast da Folha de S.Paulo que virou febre. "Me ligaram", afirma.

"Bom, vou ser bem sincera com você. Quando começou essa história da casa abandonada, eu estava viajando, no Canadá, com a minha família", começa a dona do Instituto Luisa Mell. Na época, por causa de orientações médicas para diminuir o estresse, a ativista chegou a pedir para a própria equipe evitar contato nesse período de férias improvisadas, justamente para tentar relaxar. 

Mas aí veio a notícia sobre os animais de Margarida. "Quando eu fui pegar meu telefone [...], tinha uma ligação de uma menina que trabalha comigo: 'Olha, eu sei o que você falou, mas é um caso muito excepcional'", explica Luísa. 

Foi nesse ponto que a protetora de animais enfim conheceu o podcast em que a história de Margarida se tornava pública. A mulher foi procurada pelo FBI e, nos anos 1990, chegou a manter uma pessoa --também brasileira-- em condições análogas à escravidão. Na época, ela e o marido foram acusados pelo crime, mas apenas ele foi condenado, já que Margarida conseguiu voltar ao Brasil antes do julgamento. 

"Fiquei horrorizada", admite Luisa, ao relembrar a reação à história. "[Uma colega de equipe] me falou que só se falava nisso no Brasil e que, depois que explodiu, que fez tanto sucesso, as pessoas estavam indo até a casa apedrejar", revela.

Um delegado da polícia de São Paulo, Bruno Lima, entrou em contato com o instituto para conseguiu apoio. "E ela falou assim: 'Olha, estão apedrejando a casa, e tem dois cachorros na porta. Então a gente tem que tirar esses animais de lá, eles estão em risco'. E também é nítido que um deles está doente, que um deles tem provavelmente um tumor enorme. Dá pra ver, pelo muro você vê", relata Luisa.

"Quem fez o resgate foi o Bruno, mas [a polícia queria saber] se a gente poderia ficar com os animais, se eu poderia mandar a minha equipe, porque ele fez a parte da polícia, mas quem pega os bichos, aquela coisa, foi a equipe do Instituto Luisa Mell", detalha a ativista.

Situação dos animais 

Luisa reforça que, após o resgate, sequer conseguiu operar os animais, em especial porque todos apresentavam outros problemas de saúde. "Uma estava muito doente. Eu não pude nem operar ela ainda porque, além dos tumores que ela tem, ela está com a saúde terrível, todos os exames estão tão alterados, tão alterados que não dá para colocar numa mesa de cirurgia, entendeu?", lamenta.

"Até porque ela está obesa. É importante que a gente consiga transmitir isso para o público, porque as pessoas acham que animal maltratado é animal que está magro. Simples assim. Ou que a pessoa espancou ele até a morte. E não é, maus tratos a animais englobam muito mais coisas", ensina.

"Você não dar atendimento médico veterinário, deixar um animal doente, é crime também. Você deixar o animal em local insalubre, em um local imundo, cheio de doenças, também é crime", reforça.

De acordo com Luisa, o ambiente da casa abandonada era um local insalubre não apenas para os animais, mas para a própria Margarida. E o fato de a mulher ter problemas psicológicos não justifica a permanência dos animais no terreno. 

"Não é porque ela tem algum problema mental, que obviamente deve ter, porque ela também mora naquele local imundo e insalubre, que os animais são obrigados a viver daquela maneira também, doente, daquele jeito. Entende?", reforça.

Tentativa de diálogo

Luisa também destaca que, antes do resgate dos animais, foi até a casa para tentar dialogar com Margarida, porque esse é um procedimento comum em qualquer outra operação que participe. 

"Eu fui lá tentar falar com ela. Eu fui tentar entender, eu sempre gosto também de conversar com a pessoa, ver se ela tinha carteirinha de vacinação, ver se tinha alguma coisa. Eu normalmente consigo [...] Ela não estava, pelo que eu fiquei sabendo, ela ficou uns dias longe daquela casa, né?", explica.

Algum tempo depois, Luisa foi acordada por uma nova ligação. "Aí, me liga a diretora. 'Olha, você tem que ir lá para casa da mulher da casa abandonada, porque saiu o mandado de busca. A polícia está indo agora. O Bruno Lima está indo para lá agora e chamaram a gente'. Porque assim, a polícia não estava indo só por causa disso, né? Ela também estava com uma denúncia de [abandono de] incapaz", relata.

Na sequência, ela explica que, apesar do que tem sido defendido por parte do público, não houve nenhum tipo de "roubo de animais". "Gente, como é que eu vou roubar o cachorro na frente da polícia? Isso não existe. A gente tinha um mandado para tirar os animais de lá", destaca. 

Luisa avalia que, ao ver Margarida tentar colocar o cachorro dentro da blusa, sentiu o mais puro desespero. "Tentou sufocar", resume. "É uma mulher completamente desequilibrada", define.

Presença da TV

A operação policial foi transmitida ao vivo pelo Brasil Urgente, da Bando, e Cidade Alerta, da Record, mas a ativista afirma que não esperada por isso. "Eu achei, na verdade, que era uma operação meio que secreta. Eu achei que a gente estava sabendo, a equipe do Bruno, a polícia", defende.

"Só que, na maioria das vezes, em 99% das vezes, os resgates que eu faço são na periferia, em lugares mais afastados da minha casa. Então eu e meu instituto chegamos juntos. Mas nesse caso, eu fui primeiro na delegacia, porque o combinado era ir para a delegacia. Quando eu cheguei na delegacia que eu vi." 

Quanto ao meme do gato que acabou estourando nas redes, porque Luisa perguntou à polícia se eles tinham encontrado um gato na residência --e na verdade tratava-se de um gato elétrico, ela ri e avisa: "Eu que fiz a piada".

Futuro dos animais

Na conversa, Luisa explica que, após o resgate, os animais seguiram o mesmo padrão de cuidados dos outros que já foram resgatados pelo instituto. Passam por veterinário e têm até acompanhamento psicológico. 

"Depois, o juiz vai decidir [o futuro deles]. Mas o que ela [Margarida] tem que fazer primeiro é limpar aquela casa. Para aquela casa imunda, os animais não podem voltar de maneira nenhuma. O resto é o juiz que vai decidir", afirma. 

"Não adianta as pessoas ficarem falando para eu devolver, baseadas no que as pessoas inventam na internet. Não sou eu que decido, eu não sou juíza", destaca.

Por fim, Luisa também rebate críticas, mas minimiza a reação das redes sociais. "Não vai adiantar. A pessoa que quer te odiar, ela vai te odiar. Muitas pessoas encontraram essa maneira de destilar sua frustração na internet", lamenta.

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