ASTRO EM HOLLYWOOD
Divulgação/Netflix
Um dos maiores nomes do Brasil na atuação, com indicação ao Globo de Ouro e vários projetos em Hollywood no currículo, Wagner Moura conseguiu projeção mundial sem depender da Globo (onde fez apenas duas novelas). Agora, quer usar sua influência para mudar a visão que os norte-americanos têm de latinos, especialmente no cinema e na TV.
"Acho que nós [latinos] somos muito subrepresentados na indústria cinematográfica americana, não só na quantidade de personagens, mas na maneira como eles são mostrados. É sempre a latina sexy, o cara violento, o traficante... Eu decidi virar produtor aqui com o único objetivo político de mudar isso", diz ele ao Notícias da TV.
O primeiro passo ele deu ao produzir e estrelar o filme Sergio, que a Netflix lançou na última sexta-feira (17). No longa dirigido pelo norte-americano Greg Barker, Moura interpreta o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello (1948-2003), um dos homens mais importantes em toda a história da ONU (Organização das Nações Unidas).
"Foi muito especial fazer esse filme do jeito que eu tinha imaginado. Como é um cara da ONU, eu queria ter vários sotaques diferentes. Sou brasileiro, a Ana de Armas é cubana, o Clemens Schick é alemão, o Brían F. O'Byrne é irlandês... Temos figurantes do Iraque, Jordânia, Tailândia, Angola, Timor-Leste...", lista ele, que reconhece que nem sempre um filme hollywoodiano se preocupa com tamanha variedade.
Wagner, aliás, valoriza que seu par romântico no filme, Ana de Armas (que interpreta a economista argentina Carolina Larriera), também está tentando fazer a parte dela para quebrar a barreira dos latinos na indústria do entretenimento. Ela foi indicada ao Globo de Ouro deste ano por sua atuação em Entre Facas e Segredos e será um dos destaques de Sem Tempo para Morrer, próximo filme de James Bond.
"Quando eu conheci a Ana, a primeira conversa que tivemos foi nesse sentido [de mudar a representação latina em Hollywood]. Ela vai interpretar Marilyn Monroe [no filme Blonde, previsto para ser lançado ainda em 2020], um ícone americano, e eu disse a ela o quanto isso é importante para os latinos", elogia o brasileiro.
"Quando eu vi [o mexicano] Diego Luna em Star Wars [no longa Rogue One, de 2016], usando o seu sotaque, achei incrível", valoriza Wagner, em referência ao personagem Cassian Andor, primeiro protagonista latino da saga espacial --e que fez tanto sucesso que ganhará uma série sobre ele no streaming Disney+.
"Isso tudo é muito importante! Mostra que podemos ir atrás de qualquer papel, sem voltar atrás para a nossa representação anterior", ressalta o ator, que chegou a se sujeitar a um esteréotipo latino ao viver o traficante Pablo Escobar (1949-1993) na série Narcos, da Netflix. Um degrau importante para atingir seu atual patamar.
A próxima luta de Wagner Moura, no entanto, não é em Hollywood. Ele ainda tenta estrear nos cinemas brasileiros o longa Marighella, sua primeira vez na direção. Inicialmente prevista para ser lançada em junho do ano passado, a produção ficou envolvida em um imbróglio com a Ancine (Agência Nacional de Cinema) e foi adiada para 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
Mas a segunda data também não deu certo, e o filme estrelado por Seu Jorge foi novamente remarcado: ele deveria chegar às salas em 14 de maio deste ano --obviamente, por causa da pandemia do novo coronavírus, isso não ocorrerá mais.
© 2022 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Qual a melhor novela no ar atualmente?
Mais lidas
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.