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ACUSAÇÃO DE ASSÉDIO

Fora da Globo, Silvio de Abreu defende José Mayer: 'Escândalo plantado'

JOÃO COTTA/TV GLOBO

Silvio de Abreu surge sentado e olha para frente em entrevista ao programa Ofício em Cena

O autor Silvio de Abreu, que está de ida para a HBO Max, fez críticas à demissão de José Mayer

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 29/10/2021 - 18h46

Ex-chefão da Globo, Silvio de Abreu, que está de malas prontas para a HBO Max, fez duras críticas à demissão de José Mayer de sua antiga emissora --o ator foi acusado de assédio sexual pela figurinista Su Tonani em 2017. Apesar de dizer que o intérprete foi "cafajeste", o escritor opinou que a punição foi pesada demais e que o escândalo foi "plantado" por grupos feministas.

"Minha análise é que foi um escândalo muito mais plantado por grupos do que qualquer outra coisa. Foi uma atitude bastante cafajeste do Zé Mayer, mas sacrificar uma carreira brilhante e útil para a empresa como a dele foi decorrência da baita pressão de grupos que a diretoria recebeu. Foi tão bem organizado que a novela [A Lei do Amor, na qual Mayer atuava na época] acabou na sexta-feira e no sábado as pessoas já estavam com camisetas onde se lia 'mexeu com uma, mexeu com todas'. Já tinha uma coisa armada", afirmou Abreu em entrevista à revista Veja.

O Zé Mayer foi um bode expiatório. Volto a dizer que não estou defendendo a atitude dele. Não sei o que aconteceu de verdade entre ele e a moça, só fiquei sabendo de coisas que ocorriam aqui e ali. Se tivesse passado um tempo, as pessoas iriam refletir melhor. Mesmo tendo errado e sendo cafajeste, ele é um ator de belíssima carreira.

Ao mesmo tempo, o autor de novelas também destacou que tentou diversas vezes abrir as portas da Globo novamente para Mayer, mas encontrou muita resistência.

"Eu batalhei muito na Globo para que ele tivesse uma segunda chance, mas não tive apoio. Precisaria de um grupo de apoio feminino. Não adiantava juntar um monte de homem para reivindicar isso. Aí seria uma atitude machista. Tinha de ter mulheres, e não consegui. Mesmo entre as que falaram que achavam uma injustiça, nenhuma assumiu isso publicamente", relatou o escritor.

Veteranos demitidos

Silvio de Abreu ainda aproveitou para alfinetar a antiga emissora por dispensar diversas estrelas veteranas de seu elenco fixo. "Eu fui totalmente contra. Todas as vezes que alguém era dispensado, eu ia ao RH para discutir. Eles falavam que, se eu precisasse daquele ator, poderia recontratá-lo para um trabalho específico", afirmou.

Não sei por que o senhor Stênio Garcia resolveu vir a público dizer que eu é que o tinha dispensado, falando que eu tinha raiva dele. O que mais me revoltou na história é que ele não era escalado porque diretores não queriam. O Stênio tinha feito uma plástica, e o rosto dele mudou muito.

Autor de sucessos como Guerra dos Sexos (1983) e Rainha da Sucata (1990), Silvio foi convidado em 2014 pela chefia da Globo para assumir a direção de Dramaturgia Diária da emissora, assumindo a tarefa de coordenar toda a produção de novelas. Sob seu comando, a Globo promoveu uma revolução no seu time de autores, abrindo espaço para muitos nomes novos.

Em 2018, o autor passou a conciliar seu trabalho na Dramaturgia Diária com a Semanal, coordenando também o desenvolvimento de séries --inclusive para o streaming Globoplay.

No fim do ano passado, foi anunciado que Silvio deixaria a Globo e teria sua posição de chefia ocupada por José Luiz Villamarim. Após um período de transição, o escritor de 78 anos saiu da emissora de vez em março de 2021.

Em entrevista ao Notícias da TV, ele afirmou que não se aposentaria e buscava novos terrenos para exercitar sua criatividade. "Um artista criador não se aposenta enquanto continuar a pensar e a criar. Vou visitar outras paisagens", limitou-se a dizer.

Agora, é possível cravar: a outra paisagem é a HBO Max. Na plataforma de streaming, ele atuará junto com Monica Albuquerque no desenvolvimento de novelas curtas. 


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