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ENTREVISTA EXCLUSIVA

Fora da Globo, Silvio de Abreu não se aposentará: 'Vou visitar outras paisagens'

Zé Paulo Cardeal/Divulgação

Silvio de Abreu segura microfone no cenário do Altas Horas

Silvio de Abreu durante participação no Altas Horas, da Globo: em busca de novos terrenos

DANIEL CASTRO e LUCIANO GUARALDO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 27/11/2020 - 15h29
Atualizado em 27/11/2020 - 15h45

De saída da Globo após 42 anos como contratado da Globo, o dramaturgo Silvio de Abreu não pensa em aposentadoria. Em conversa exclusiva com o Notícias da TV na tarde desta sexta-feira (27), o ex-diretor de Dramaturgia afirmou que segue na ativa e busca novos terrenos para exercer sua criatividade. "Não estou me aposentando, um artista criador não se aposenta enquanto continuar a pensar e a criar", adiantou. Ele ainda não revela onde irá criar: "Vou visitar outras paisagens".

O novelista de 77 continua na Globo até 31 de março, quando encerra seu contrato, para fazer a transição da chefia de Dramaturgia --cargo que ocupava desde 2014 -- para o diretor José Luiz Villamarim. Ele deixa a emissora, que passa pela maior reestruturação de sua história, na semana em que uma obra sob sua responsabilidade, Órfãos da Terra, ganhou um Emmy.

"Não tenho planos e só quero pensar os novos caminhos depois dessa pandemia, por enquanto ainda ajudo Villamarim a implantar os projetos dele para a área e depois que surgir a vacina vou viajar pelo mundo", afirmou.

Uma das possibilidades é apresentar projetos para serviços de streaming. O currículo de Silvio o credencia para a posição. Como autor da Globo, ele assinou novelas de sucesso como Guerra dos Sexos (1983), Sassaricando (1987), Rainha da Sucata (1990), A Próxima Vítima (1995) e Passione (2010).

Como diretor de Dramaturgia Diária, ele foi responsável por aprovar (ou rejeitar) todas as novelas que seriam produzidas pela Globo em suas diferentes faixas de horário.

Em seu "regime", Silvio de Abreu lançou um número recorde de novos autores, entre eles Angela Chaves, Alessandra Poggi, Paulo Halm, Rosane Svartman, Manuela Dias, Maria Helena Nascimento, Claudia Souto, Alessandro Marzon, Thereza Falcão e Bruno Luperi (neto do veterano Benedito Ruy Barbosa).

A renovação no quadro de escritores, fundamental para que o gênero não morra, como ele mesmo havia afirmado à reportagem em 2018, é um dos maiores orgulhos do lado executivo de Abreu. "Acho que deixo uma grande contribuição na área de Entretenimento que me foi designada, foram seis anos de muita dedicação, muito prazer, mas também muito trabalho."

"Em janeiro completo 43 anos de Globo, com muitas novelas de sucesso e uma gestão que revelou mais de 20 autores e muitos diretores e atores, me sinto plenamente realizado com relação à televisão, agora vou visitar outras paisagens", disse ao Notícias da TV.

Queda depois de premiação

A saída de Silvio de Abreu e da diretora de Desenvolvimento Artístico Monica Albuquerque surpreendeu porque acontece quatro dias depois de a novela Órfãos da Terra ter sido consagrada com o Emmy Internacional --prêmio que a Globo não levava há três anos.

A emissora tem feito demissões sem precedentes em sua história, com uma renovação de cúpula e de estrutura que vai unir todos os diferentes braços do Grupo Globo e eliminar postos considerados redundantes. Na semana passada, por exemplo, foi anunciada a saída de Carlos Henrique Schroder, que será substituído por Ricardo Waddington na direção de Entretenimento.

Atores que fizeram história também perderam seus contratos fixos de longa duração e agora terão acordos apenas por obra certa. Nomes consagrados como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Vera Fischer, Renato Aragão e Miguel Falabella foram alguns dos dispensados nos últimos meses.

Silvio de Abreu, porém, não quer ser visto como coitado por estar de saída. "Não lamente por mim porque foi uma decisão consciente e estou muito bem com ela", finalizou o novelista.

Confira o comunicado da Globo sobre as mudanças na estrutura:

O novo diretor de Entretenimento da Globo, Ricardo Waddington, divulgou hoje a estrutura com a qual vai contar a partir de 1º de dezembro. O desenho consolida o papel das diretorias de Gênero e reforça o protagonismo da gestão da Criação e do Elenco.

Os Gêneros passarão a ser responsáveis por toda a cadeia de valor do conteúdo - da conceituação artística ao desenvolvimento, produção e entrega dos projetos para exibição nas diversas plataformas. Criação de Conteúdo e Talentos Artísticos vão dispor de estruturas de gestão dedicadas. Fazem parte do novo desenho do Entretenimento também as áreas de Gestão da Produção Artística, Execução da Produção e Inteligência e Gestão de Performance.

Nos Gêneros, ao lado de Boninho e de Mariano Boni, que respondem pelas diretorias de Variedades, estará José Luiz Villamarim, que vai liderar a Dramaturgia. Na Globo desde 1993 e atual diretor de Amor de Mãe, Villamarim dirigiu sucessos como Onde Nascem os Fortes, Amores Roubados, Justiça e Avenida Brasil, entre outros. Diretores artísticos e produtores passarão a responder aos Gêneros, que também terão papel importante na identificação e viabilização artística de oportunidades comerciais. À diretoria de Dramaturgia se reportará também a Globo Filmes.

Na Globo desde 1978 e à frente da Dramaturgia desde 2014, Silvio de Abreu, cuja trajetória se confunde com a da história da televisão brasileira, informou a Globo que pretende deixar a empresa em março, ao final de seu contrato. Até lá, apoiará a transição.

Antes integradas na diretoria de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), que deixa de existir, as áreas de Criação de Conteúdo e de Gestão de Talentos Artísticos vão atuar separadas. A Criação de Conteúdo ficará a cargo de Edna Palatnik e atuará como um centro de inteligência para fomentar a criação de conteúdo para todas as plataformas. Com a criação dessa área, autores e roteiristas passarão a contar com uma liderança dedicada. Para garantir foco exclusivo na gestão e desenvolvimento do elenco, estará a área de Gestão de Talentos Artísticos, que vai ser conduzida por Adelia Croce.

Diretora da DAA desde 2013, Monica Albuquerque, que entrou na Globo em 2000 como diretora de Relações Externas da Comunicação e que, em 2019, foi a primeira brasileira apontada entre as 50 mulheres mais influentes e de maior impacto da indústria do entretenimento no mundo, segundo o International Women’s Impact Report da revista americana Variety , apoiará a transição até o fim do ano, quando deixará a empresa.

"Silvio de Abreu e Monica Albuquerque foram dois pilares no processo de reformulação do Entretenimento. Desde o convite para assumir a dramaturgia em 2014, Silvio foi sempre generoso. Entendeu a necessidade de um novo processo com os autores e trabalhou duramente em cada sinopse, em cada capítulo, em cada texto. Discutiu com cada autor o melhor rumo para aquela obra e, no ar, vimos coisas lindas, o tempo todo. Sílvio foi um gigante. Percebeu a necessidade de ampliar o grupo de autores, e revelou duas dezenas de novos profissionais em séries e novelas. O obrigado ao Sílvio é gigante, do tamanho do seu talento. A Monica foi uma extraordinária liderança nesses anos todos. Percebi aquela jovem inquieta lá na Comunicação da Globo e achei que tinha um caminho novo, para ajudar a planejar, a criar e a construir uma área dedicada ao talento. O resultado foi maiúsculo, com uma organização ímpar. Foram novos atores, novos diretores, novos autores descobertos a partir deste olhar atento. E trouxe ainda mais qualidade para a empresa. Meu agradecimento a Monica também é imenso, do tamanho da sua sensibilidade. Os dois deixam um legado de obras estruturados por anos e anos", destacou Carlos Henrique Schroder, diretor de Criação e Produção de Conteúdo da Globo.

Como parte de uma estrutura horizontal e colaborativa, atuarão lado a lado também outras três áreas. Na Gestão da Produção Artística, Bernardo Portugal comandará as equipes de caracterização, figurino, cenografia, arte, produção musical, iluminação, captação de imagem e finalização. Gleiber Morato responderá pela Execução de Produção, liderando o planejamento técnico da produção e da execução, manutenção, acervo e montagem e desmontagem de cenários, cidades cenográficas e figurinos. E Fabiana Moreno, à frente de Inteligência e Gestão de Performance, será responsável por garantir uma visão integrada e estratégica do planejamento e da performance, através de análises e insights.

"O novo desenho reforça a liderança do gênero em toda a cadeia produtiva e no atendimento às estratégias dos produtos, aparta criação de conteúdo da gestão de talentos, duas áreas essenciais agora tratadas por suas competências específicas, liberta os modelos de produção de gatilhos que diretamente ou indiretamente travam ou retardam as mudanças esperadas com uma gestão desierarquizada e colaborativa. Enfim, uma estrutura disruptiva com olhar de futuro, que mira na entrega de conteúdo de qualidade com eficiência em custo", apontou Ricardo Waddington.


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