INJÚRIA E DIFAMAÇÃO
MAURICIO FIDALGO/TV GLOBO
Carlos Vereza como Botelho na terceira temporada de Sob Pressão, na Globo; ator foi à Justiça contra fotógrafo
Uma publicação no Facebook fez Carlos Vereza, 82 anos, ir à Justiça contra um fotógrafo de São Paulo. O veterano abriu uma queixa-crime contra o profissional Rodrigo Bari por se sentir vítima de difamação em uma postagem feita na rede social. Por divergências políticas, o rapaz definiu o artista como "imbecil", "escroto" e "covarde" na internet. Em decisão de 23 de junho, o retratista foi condenado a pagar R$ 2 mil em cestas básicas.
O Notícias da TV teve acesso aos autos em que a defesa de Vereza expõe os fatos e se queixa de injúria e difamação. A ação teve início em novembro do ano passado no Foro Central Criminal da Barra Funda, em São Paulo.
A causa do imbróglio, no entanto, havia começado em 19 de junho de 2020, quando Bari publicou um texto direcionado a Vereza em sua página pessoal no Facebook.
"Carlos Vereza, você não passa de mais um pau no cu, tão imbecil quanto pretensioso e escroto. Gente do seu tipo é muito pior do que petista assumido, porque são tão filhos da puta quanto eles, mas têm menos bolas no saco e são mais covardes. Se escondem atrás da pseudointelectualidade, tão profunda quanto um pires, e fingem que palavrinhas bonitinhas e vazias são algum tipo de inteligência, e não uma expressão cabal da sua babaquice e falta de caráter", escreveu o fotógrafo.
Por causa dessa postagem, o ator entrou com o processo criminal e alegou ter sido alvo de "ofensas graves, desrespeitosas e pior, proferidas em rede social visualizadas e propagadas por milhares de pessoas".
Segundo sua defesa, o veterano foi exposto a uma atitude desmedida "mediante palavras de baixo calão" sem nem conhecer o autor da publicação. O artista alegou ter sido desonrado, tal como teve sua "dignidade e autoestima" insultadas.
"O [autor da ação] jamais se viu diante de uma situação tão vexatória como esta, e pior, praticado por um desconhecido, que talvez não concordando com algumas posições políticas do querelante desferiu palavras acintosas maculando a honra subjetiva do querelante e ofendendo sua dignidade e sua autoestima", pontuou o advogado de Vereza na petição inicial.
A queixa-crime deu resultado. Em 23 de junho, as partes se encontraram em uma audiência no Fórum Criminal da Barra Funda, e Bari foi condenado a pagar R$ 2.200 em cestas básicas a serem entregues ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente, de São Paulo.
O pagamento foi uma transação penal ofertada pelo Ministério Público ao acusado. A promotora Regiane Vinche Zampar Guimarães Pereira propôs o acordo em audiência presidida pelo juiz José Fernando Steinberg. Bari aceitou a proposta. Ele tem 60 dias para cumprir a decisão.
Ao Notícias da TV, a defesa do veterano comentou a condenação. "Esse dinheiro não será revertido ao Vereza. O pagamento de dois salários mínimos será revertido à instituição indicada na proposta. O acusado aceitou um benefício que a lei concede ao ofensor [transação penal], oferecida pelo MP e que estanca o processo caso seja cumprido, evitando uma condenação futura", explica.
"Como os crimes de injúria e difamação são crimes de penas reduzidas, a lei concede esse benefício ao ofensor caso ele seja primário e não tenha cumprido uma transação penal cinco anos antes", completa.
O imbróglio entre as partes, no entanto, está longe de acabar. Vereza iniciou um outro processo cível contra Bari em que pede R$ 120 mil de indenização por danos morais. Essa ação corre no judiciário do Rio de Janeiro, ainda sem data para um embate entre o ator e o fotógrafo.
A reportagem procurou Bari e seu advogado, mas não teve retorno até o fechamento deste texto.
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