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SENTIMENTO REPRIMIDO

Paixão? O que explica obsessão de Carmem por Paula em Quanto Mais Vida, Melhor

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Atriz Julia Lemmertz olha para frente e abre a boca em cena de Quanto Mais Vida, Melhor

Julia Lemmertz como Carmem em Quanto Mais Vida, Melhor!; empresária deseja acabar com rival

GUILHERME MACHADO

guilherme@noticiasdatv.com

Publicado em 14/2/2022 - 6h20

Em Quanto Mais Vida, Melhor!, o objetivo de vida de Carmem (Julia Lemmertz) é destruir Paula (Giovanna Antonelli), sua grande rival no meio dos cosméticos que ela também culpa pela morte de um amor do passado. Segundo a intérprete da vilã, o ódio entre as duas é tão grande que chega a "virar um amor". Na vida real, a psicologia mostra que é possível uma rivalidade tóxica esconder uma paixão reprimida.

Segundo Christian Dunker, psicanalista e professor do Departamento de Psicologia Clínica da USP, em algumas ocasiões a pessoa não consegue lidar com os reais sentimentos que tem por outra e os reprime de tal forma que eles se tornam nocivos.

"É uma fantasia recalcada. Eu olho para essa pessoa, tenho sentimento por essa pessoa, e não admito isso em mim. 'Eu não posso sentir o que estou sentindo'. Isso gera um trabalho psíquico que chamamos de negação", detalha o psicanalista. 

No fundo esse ódio é uma forma deformada de amor. É uma atração que cada qual não quer e não pode reconhecer. A pessoa apaga e nega aquilo que não suporta sentir, que não admite sentir. Frequentemente a gente vai encontrar nessas rivalidades, inclusive na literatura, aquele beijo final inesperado. Odeia, mata e no final beija na boca.

Dunker também ressalta que há outras explicações psicológicas para o surgimento do ódio obsessivo. Como Paula e Carmem são concorrentes nos negócios, essa disputa pode adicionar um componente explosivo ao relacionamento. A inveja também é outro elemento.

"Existem dois tipos de inveja: eu queria ser o outro é e queria ter o que o outro tem. Geralmente essa inimizade obsessiva está ligada ao fato de que, não importa o que pessoa fez, você passa a olhar para ela com inveja do que ela é e você não consegue imitar", frisa.

Quando não consegue fazer isso [imitar a pessoa], a única chance de conseguir apaziguar a sua inveja, a sua carência, é atacando o outro. O outro é a realização do que você queria ser e não consegue. Às vezes isso entre em um curto-circuito. 

O especialista define tal vontade de se espelhar no outro como "identificação", um conceito que foge daquilo que é normalmente associado a essa expressão.

"Para a psicanálise, as identificações mais perigosas são as inconscientes. Você não admite que está se identificado com a pessoa. Portanto, aquela pessoa consegue exercer um poder sobre você que não se consegue entender. Você começa a se interessar em fazer fofoca sobre ela, entrar no Instagram. É como se você estivesse se interessando em si mesmo através do outro", explica Dunker.

Dessa forma, alguém obcecado como Carmem pode entrar em uma espiral perigosa. "Tem um prazer similar a uma droga. De fato, a pessoa que está tomada por esse ódio patológico continua a beber o veneno e acha que é o outro que vai morrer envenenado. Quanto mais veneno a pessoa toma, mais a satisfação que ela sente vai demandando dela", diz o professor.

Miséria neurótica

Embora na novela das sete da Globo a rivalidade entre as empresárias seja tratada com tintas de comédia, Chrisitan Dunker enfatiza que no mundo real sentimentos obsessivos precisam de acompanhamento psicológico, devido aos problemas que podem desencadear para a saúde de um indivíduo.

"Pode haver casos graves. O mais triste, e que quem trabalha com saúde mental mais lamenta, é como esse tipo de sintoma empobrece a vida das pessoas. Enquanto você está dedicado à fantasia de competição, a sua capacidade de amor vai se reduzindo. Sua capacidade de trabalhar vai se reduzindo. O seu futuro está ligado a uma pessoa", afirma ele.

O psicanalista define essa realidade como "miséria neurótica". "Muitas vezes ter um inimigo, uma pessoa de quem você não consegue se separar, é ter um sentido na sua vida. Uma espécie de farol com o qual você pode se orientar", esclarece.

Essa miséria neurótica acaba com vidas, com famílias, maternidades, com amores reais. Quando a pessoa reduz seu espectro mental, ela vai estar mais exposta a alcoolismo, drogas, malcuidado consigo mesma. Ela vai estar frágil para qualquer 'bicho' de saúde mental entrar nela.

Quanto Mais Vida, Melhor! é uma novela escrita por Mauro Wilson e deve ficar no ar até maio, quando a emissora colocará no ar Cara e Coragem, que abordará o mundo dos dublês e será protagonizada por Paolla Oliveira e Marcelo Serrado.


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