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USO DE REMÉDIOS

A Fazenda 13: Deboche de Gui Araujo pode prejudicar tratamento de depressão

REPRODUÇÃO/RECORD

Imagem de Gui Araujo de óculos escuros em A Fazenda 13

Gui Araujo em A Fazenda 13; ex-MTV debochou de Valentina Francavilla pelo uso de remédios

PAOLA ZANON

paola@noticiasdatv.com

Publicado em 8/11/2021 - 6h45

O deboche de Guilherme Araujo sobre o uso de remédios de Valentina Francavilla em A Fazenda 13 pode ser um gatilho para quem faz tratamento medicamentoso de depressão e outros transtornos. O comportamento do ex-MTV mostra que a saúde mental ainda é um tabu social e pode fazer com que as vítimas se sintam culpadas por sua doença.

Em muitos casos de depressão, é necessário o uso de remédios prescritos combinados com a psicoterapia para o tratamento, e isso acontece também por uma questão fisiológica. "Existe um desequilíbrio relacionado à produção de neurotransmissores", explica Isabella Rezende, psicóloga especializada em saúde mental e reforma psiquiátrica, ao Notícias da TV

"Quando o quadro tem um desequilíbrio fisiológico, precisa incluir um tipo de medicamento que atue em conjunto com outras frentes de tratamento, tudo de acordo com a realidade, necessidade e desejo daquele usuário", discorre a psicóloga sobre a importância dos remédios. "São grandes auxiliadores na retomada desse equilíbrio."

Segundo Isabella, dependendo da gravidade de alguns casos, as mudanças de rotina e relacionamento não são suficientes. "Como a gente vai propor isso para pessoas que não veem sentido na vida? Existe um passo anterior, e é nesse lugar que os remédios entram, muitas vezes, como uma muleta para passos mais significativos no projeto de cuidado", explica.

Não há motivo para vergonha

Em diversas situações, Gui Araujo ridicularizou Valentina pela quantidade de medicamentos que ela toma. Quando a enfrentou na roça, por exemplo, declarou que ela deveria sair pois não fazia nada além de tomar remédios. Depois disso, no meio de uma discussão, ele a mandou para o closet --onde a produção entrega os remédios dela-- para que ela se "acalmasse". 

O uso de remédios, no entanto, não deve ser motivo de vergonha para quem precisa deles. "A culpa recai justamente na pessoa que está em sofrimento, ela seria responsável por mudar o seu quadro, é quase uma dupla punição", declara a especialista.

Você não deve se sentir culpado quando as pessoas te chamam de 'louco', quando te excluem do mercado de trabalho, quando deixam de te chamar para o convívio social. A exclusão de pessoas com transtornos mentais é uma invenção da própria sociedade.

Para Isabella, quem deve ser responsabilizado pela situação vexatória é quem trata a saúde mental como tabu. "As pessoas que estão em sofrimento mental têm um funcionamento diferente, e não maior ou menor do que qualquer outra pessoa que não tenha esse diagnóstico", defende.

"É como qualquer outra doença. Por que a gente não tem vergonha de tomar remédio para diabetes?", questiona a psicóloga. "As pessoas debocham ou acham desnecessário o cuidado com a saúde mental porque a gente vive em um modelo de sociedade no qual só um tipo de existência é válida, aquela que é produtiva para o trabalho", justifica ela.

"Esses deboches podem atrapalhar o tratamento porque, para uma pessoa em sofrimento mental, a rede de apoio é fundamental. Elas precisam ver que outras pessoas acreditam na existência delas e se importam. O diagnóstico não resume quem ela é", finaliza Isabella.


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