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AO ALTO E AVANTE

Como os super-heróis LGBTQIA+ viraram a 'kryptonita' do preconceito em 2021?

REPRODUÇÃO/DC

Do lado esquerdo, o Superman em seu uniforme clássico beija outro homem, com cabelos rosa, óculos de aro preto e um moletom laranja

Jon Kent, o novo Superman, beija o ativista hacker Jay Nakamura na revista Superman: Son of Kal-El

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 28/12/2021 - 6h25

Jon Kent precisou apenas de um beijo para fazer o uniforme do Superman ganhar as mesmas propriedades da kryptonita, substância letal para o personagem, para alguns fãs de quadrinhos. O filho de Clark Kent se assumiu bissexual e, junto com ele, tirou do armário parte da homofobia internalizada da comunidade nerd --com consequências que vão muito além das páginas das graphic novels.

A editora DC anunciou em novembro que o super-herói beijaria Jay Nakamura, ativista hacker e um de seus principais aliados, na quinta edição da revista Superman: Son of Kal-El. O gesto foi aplaudido por uma parcela mais progressista nas redes sociais, mas também despertou outro tipo de reações.

O jogador de vôlei Maurício Souza, por exemplo, reproduziu a imagem no Instagram com críticas a DC que incomodaram diversos admiradores do esporte e até mesmo colegas de seleção. Ele foi responsabilizado pelo tom homofóbico da publicação e, posteriormente, afastado do Minas Tênis Clube.

A psicóloga e sexóloga Lara Coutinho explica que, para além da questão da homofobia, esse comportamento também é causado em parte porque filmes, quadrinhos e outras produções desse gênero narrativo são um importante marcador para a masculinidade:

Crianças e adolescentes aprendem a partir da identificação e da imitação; sendo assim, mitologias nos ajudam a compreender o mundo. Devemos estar atentos à reprodução de crenças e estereótipos que alguns personagens fazem. Geralmente os super-heróis homens trazem a questão da agressividade e da virilidade, características fundamentais da masculinidade. E essas crenças precisam ser superadas.

REPRODUÇÃO/NETFLIX

As personagens Adora e Catra se beijam no chão de uma espaçonave em She-Ra

Adora e Catra se beijam em She-Ra

Vilão é o preconceito

O Superman não foi o primeiro herói a se assumir LGBTQIA+ e, aliás, o assunto está longe de ser uma novidade neste universo. O mutante Estrela Polar, dos X-Men, já havia se posicionado como um homem gay em 1992. No ano passado, foi a vez de She-Ra assumir um romance com outra mulher na nova adaptação da Netflix.

"Exemplos de super-heróis não heterossexuais ajudam a dar visibilidade e senso de pertencimento a essas outras orientações sexuais. Isso impacta positivamente, demonstrando que elas existem e que as pessoas têm o direito de vivenciar seus desejos", avalia Lara.

A especialista acrescenta que é natural a admiração e até o afeto por seres que não são de carne e osso: "É bem comum, ao longo do nosso desenvolvimento, criarmos fantasias em relação a personagens fictícios ou super-heróis. Faz parte do despertar da sexualidade e do início do nosso interesse romântico um pelo outro, mas com o tempo é importante que essas fantasias deem lugar a relações reais com pessoas reais".

Lara afirma que, ao contrário, não é inato ao ser humano se incomodar tanto com a forma do outro de amar:

Existem inúmeras questões a serem levadas em consideração quando falamos de homofobia: crenças morais-religiosas, a cultura, a história pessoal do indivíduo. Para algumas pessoas que cresceram em ambientes intolerantes, talvez seja difícil lidar com a diversidade existente na sexualidade. O que não justifica a reprodução de opressões e violências a grupos minoritários da nossa sociedade.

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