Novela Renascer mistura política com religião e cutuca bancada evangélica

O autor Bruno Luperi vai usar uma cena de Renascer para fazer uma dura crítica à bancada evangélica no Congresso. A sequência, que deve ir ao ar na próxima sexta-feira (7) na novela das nove da Globo, será marcada por uma calorosa discussão entre pastor Lívio (Breno da Matta) e Bento (Marcello Melo Jr) sobre religião e política.

O religioso cobrará do bacharel em Direito uma explicação por ele ter dito a Tião Galinha (Irandhir Santos) que a Bíblia não era para todos. "O pastor que me perdoe... Mas chega a ser até maldade o senhor deixar o pobre acreditar que aí dentro está a solução do problemas dele", dirá Bento.

Lívio não gostará: "A Bíblia era uma recordação afetiva que o Tião tinha de seu pai. E eu a dei de presente, para confortar o coração dele nesse momento difícil em que ele está. Que maldade pode haver nisso? Pra lutar nessa vida, doutor, seja pelo que for, é preciso antes ter fé!".

Bento argumentará que achou justo contar ao homem humilde que, neste mundo, os mansos costumam ficar sem nada. "E os espertos... Ficam com o quê?", perguntará Lívio. "Aí o pastor já pergunte pro pessoal de sua bancada...", vomitará Bento. "Achei que estávamos falando em valores humanos, mas, pelo visto, a sua implicância é por outro motivo", revidará o pastor.

O advogado se defenderá: "Quem misturou religião com política não fui
eu!". "E você, mais uma vez, faz um julgamento raso e precipitado de um assunto muito sério", completará Lívio. Bento não se furtará em continuar alfinetando o pastor. "Não julgo nada, não... Na verdade, eu reconheço
que vocês encontraram um mercado inestimável a ser explorado!", dirá.

Ofensa religiosa

Pastor Lívio ficará ofendido: "'Vocês', doutor José Bento? Você realmente acha que 'nós' somos uma coisa só? Pois eu lhe digo que o mercado da fé não está
no Evangelho... Nem a incitação à guerra e ao domínio de um pelo outro".

O filho de Inocêncio (Marcos Palmeira) dirá que o que mais vê por aí é gente se autodeclarando "ungido de Deus" para acobertar todas as barbaridades que faz "em nome do Pai". Lívio ainda argumentará que quem faz leituras deturpadas da Bíblia em benefício próprio não representa, nem de longe, a comunidade cristã como um todo.

"Podem não representar toda a comunidade cristã, mas representam uma potência, tanto política quanto econômica", defenderá Bento. "A banda podre! Que fala em nome de interesses próprios e partidários... Não em nome de Deus! Nem seguem os ensinamentos de Cristo!", gritará Lívio.

O personagem de Marcello Melo Jr continuará falando sobre manipulação, controle de massa, de interesses escusos e da exploração das escrituras para lucrar com a fé do povo. Pastor Lívio até dará razão ao seu opositor: "O que não faltam são oportunistas, que usam do nome e da palavra de Deus em benefício próprio...".

"Inclusive abrindo Igrejas e se beneficiando da instituição religiosa para não pagar os seus impostos!", vai disparar Bento. "Mas estes não representam a nós, cristãos! Estes, a quem o doutor José Bento se refere, não falam em nome de Deus... pelo contrário: depõem contra Ele!", rebaterá o fiel.

"E sequer compreendem qual a Sua vontade! Estes, que usam as escrituras em benefício próprio, que propagam dogmas, que operam a fé alheia, não entenderam nenhum dos ensinamentos que tem aqui!", dirá ele, com a Bíblia na mão.

Inflamado, o religioso continuará: "Estes, a quem você se refere, não entendem que este livro foi escrito pra revelar uma pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo... Um homem que se levantou contra todas as injustiças de seu tempo! Um homem, inclusive, provavelmente preto, que enfrentou todo um sistema opressor pra levar a mensagem de Deus adiante. O Reino de Deus é um lugar possível, se cada um de nós fizermos a nossa parte".

Bento classificará como delírio o discurso do pastor de "achar que é possível fazer com que todos no mundo façam sua parte". Lívio, então, citará um ensinamento de padre Santo (Chico Diaz): "Eu não luto pra vencer. Eu sei que vou perder. Eu luto pra ser fiel até o fim. Minha perspectiva é o fracasso. Porque, se nesse sistema eu não fracassar, é porque eu aderi a ele".

Depois, Lívio fará uma pergunta ao advogado, que não saberá responder: "Você acha que Jesus de Nazaré foi crucificado por que aderiu ao sistema ou, quem sabe, teria ele desafiado e o combatido até o suspiro final?".

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