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O Selvagem da Ópera

Globo troca perversão de Nelson Rodrigues pela vida sofrida de Carlos Gomes

Cedoc/TV Globo

Paulo Betti interpretou o maestro Carlos Gomes na minissérie Chiquinha Gonzaga, de 1999 - Cedoc/TV Globo

Paulo Betti interpretou o maestro Carlos Gomes na minissérie Chiquinha Gonzaga, de 1999

DANIEL CASTRO e LUCIANO GUARALDO

Publicado em 20/7/2018 - 6h19

A novela das 23h que a Globo exibirá em 2019 contará a vida sofrida do maestro Carlos Gomes (1836-1896), um dos maiores nomes da história da música brasileira. Será escrita por Maria Adelaide Amaral, terá cerca de 70 capítulos e se chamará O Selvagem da Ópera. Inicialmente prevista para 2021, a produção foi antecipada por causa do cancelamento de Sem Limite, que iria misturar peças de alta voltagem sexual do "pervertido" Nelson Rodrigues (1912-1980).

Escrita por Euclydes Marinho, a sinopse de Sem Limite foi aprovada pela direção de teledramaturgia da emissora em abril. Os primeiros capítulos, no entanto, não agradaram, e o obra foi cancelada. A novela juntaria peças como Toda Nudez Será Castigada e Bonitinha, Mas Ordinária, que deram a Nelson Rodrigues a fama de "Anjo Pornográfico".

Em O Selvagem da Ópera, Maria Adelaide Amaral voltará a repetir a parceria com Denise Saraceni, que dirigiu Anjo Mau (1997) e A Lei do Amor (2016). O elenco da produção começou a ser escolhido nesta semana.

Maria Adelaide Amaral costuma dizer que Carlos Gomes, o maior compositor de óperas do Brasil, é um músico cuja obra quase todo mundo já ouviu, mas não sabe. Sua peça mais famosa é O Guarani (1870), baseada no romance de José de Alencar (1829-1877) e tema de A Voz do Brasil, programa de rádio oficial dos poderes da República.

Gomes já apareceu em outra obra de ficção da Globo: em 1999, o maestro foi um dos personagens retratados na minissérie Chiquinha Gonzaga. Na ocasião, ele foi interpretado por Paulo Betti. A trama de Lauro César Muniz mostrou uma relação amorosa entre Gomes e Chiquinha (Regina Duarte), algo que estudiosos da vida dos dois compositores negaram que tivesse ocorrido.

Vida sofrida, digna de novela
Nascido em Campinas em 11 de julho de 1836, Carlos Gomes teve uma vida repleta de sofrimentos e reviravoltas: sua mãe, Fabiana Cardoso, foi assassinada no quintal da própria casa com um tiro e quatro facadas em julho de 1844. Ela estava com apenas 28 anos, e o herdeiro tinha acabado de celebrar seu oitavo aniversário. A única testemunha também foi morta, e o crime nunca foi resolvido.

O nome do pai de Gomes, Manuel José, foi rasurado na certidão do maestro, pois ele só se casou com Fabiana depois do nascimento do filho. Apesar disso, Carlos teve uma convivência intensa com o patriarca, responsável pela parte musical nas cerimônias religiosas da região. A paixão pela música estava no sangue.

Aos 24 anos, Carlos Gomes se mudou para o Rio de Janeiro e virou protegido de dom Pedro 2º, que se tornou seu benfeitor e mecenas. O imperador, inclusive, ajudou o músico a ir para a Itália, onde aprofundou seus estudos e se casou com a pianista Adelina Peri, com quem teve cinco filhos. Três deles morreram ainda crianças e o quarto, Carlos Maria, não resistiu à tuberculose aos 25 anos.

A perda de mais um herdeiro fez com que fosse acometido pela depressão, e Gomes abandonou no meio o trabalho na ópera cômica Ninon de Leclos, a primeira de várias obras que deixou incompletas. Com problemas financeiros e sem vontade de trabalhar, ele teve uma crise nervosa que só era aliviada com o uso de ópio.

Sua derrocada final veio em 1889, com a proclamação da República. Na época, dom Pedro 2º havia prometido que Gomes assumiria a direção do Conservatório do Rio de Janeiro, o que resolveria suas finanças. A queda do Império, porém, mudou esses planos. Sem dinheiro, o músico morreu aos 60 anos, em 16 de setembro de 1896, vítima de um câncer de língua que se espalhou para a garganta.

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