Aos 71 anos, Paulo Betti lamenta falta de papéis na TV e se oferece para o streaming

Sem contrato fixo com a Globo desde o ano passado, Paulo Betti tem percebido a diminuição dos convites para a TV com o avançar da idade. O ator de 71 anos contou que não foi sondado para nenhum projeto desde o fim da novela Amor Perfeito (2023). Ele ainda se ofereceu para projetos no streaming e deu sua opinião sobre a onda de remakes.

A queixa de artistas veteranos quanto à falta de papéis não é novidade no mercado audiovisual. "Sem dúvida nenhuma convites diminuem. Desde que fiz Amor Perfeito não tive mais nenhum convite da televisão, nem sondagem alguma. Ao mesmo tempo, fiz dois filmes. Os papéis diminuem, a procura pelo seu trabalho diminui, sim", lamentou Betti em entrevista à revista Quem.

O ator tem uma carreira bem-sucedida na televisão, tendo no currículo folhetins como Tieta (1989), Pedra sobre Pedra (1992), Mulheres de Areia (1993), A Próxima Vítima (1995), A Vida da Gente (2011) e Império (2014). Mas ele está disposto a trabalhar também nas plataformas de streaming.

"Tenho vontade de experimentar, sim. Agora mesmo temos uma série como Pedaço de Mim, do Mauricio Farias e com a Juliana Paes, que é incrível. Tem muita coisa boa no streaming. Eu sou ator, o que tiver de trabalho que me pague e que eu possa fazer coisas legais, eu aceito, claro", ressaltou.

Betti ainda afirmou que não costuma rejeitar trabalho. "Não tenho recusado, mas se não estiver a fim, digo não. Por exemplo, não gosto da ideia de fazer algo com arma na mão", explicou.

Ao contrário de alguns medalhões, o artista não vê problema na produção de remakes de produções do passado. "É uma coisa boa. Pense na inclusão, você vê novelas antigas sendo reprisadas hoje que não têm um negro, enquanto nos últimos anos há uma maior diversidade. As pessoas consomem [o audiovisual] e querem se ver na tela. Renascer é muito diferente na versão atual, Pantanal [2022] foi diferente. Os temas foram tratados de uma outra maneira. Tem muita novela que merece uma releitura."

Para driblar a falta de convites na TV, Betti tem se dedicado ao teatro. Ele encena há nove anos o espetáculo Autobiografia Autorizada, no qual narra a própria trajetória. No palco, o ator se transforma em seus pais, avós e também no menino que passou a infância no interior de São Paulo.

A peça, aliás, vai virar livro. "Serão três. O primeiro deles com a peça completa, que é muito mais longa do que eu apresento no palco. Depois vou reunir crônicas que escrevi durante 25 anos para um jornal de Sorocaba. Meu antigo editor, que recebia toda semana meu texto, está me ajudando nessa compilação", contou.

"O terceiro livro vai ser a continuação de onde parei na peça, aos 18 anos, quando deixo Sorocaba com Eliane para São Paulo, para a escola de teatro. E daí para frente, as novelas, as montagens, as coisas relacionadas à política, como a campanha de Luiza Erundina à prefeitura de São Paulo e na qual tive participação importante, a na não eleição de Lula, em 1989, que foi um momento muito grave da nossa política", completou.

Betti ainda tem se dedica a outras funções. "Também faço palestras, masterclasses. Fui professor da escola de teatro da Unicamp por oito anos, e me chamam muito para esses encontros. Geralmente falo sobre teatro, converso sobre minha vida, como vencer dificuldades. Basicamente, se tiver que dar um conselho é tome nota, estude, aprenda, e participe", arrematou.