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SHOW DE HORRORES

Tchutchuca, Pantanal e barraco: Candidatos tornam debate entretenimento 'trash' na TV

REPRODUÇÃO/BAND

Montagem com Lula à esquerda e Bolsonaro à direita no debate da Band

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) se enfrentam em debate de presidenciáveis

ERICK MATHEUS NERY e DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 29/8/2022 - 0h25
Atualizado em 29/8/2022 - 6h21

Com pouco ou quase nenhum decoro, alguns dos principais presidenciáveis deturparam os ideais republicanos do debate na Band no domingo (28). Em vez de propostas, a sabatina foi marcada por momentos constrangedores ou lamentáveis --a exemplo do ataque machista do presidente Jair Bolsonaro à jornalista Vera Magalhães. Com referências à novela Pantanal e ao Bonde do Tigrão, o evento ganhou contornos de entretenimento "trash".

A reação de Bolsonaro a uma pergunta de Vera foi considerada exagerada não só pelos próprios candidatos, mas também pelo público e figuras públicas --como Fátima Bernardes e Andréia Sadi. Ele se referiu à âncora da Cultura como "vergonha do jornalismo brasileiro" ao ser questionado sobre a queda na cobertura vacinal.

"Eu acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse. Fazer acusações mentirosas ao meu respeito", disse o chefe do Executivo.

Ele foi repreendido ao longo da entrevista por adversários como Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Soraya Thronicke (União Brasil). A senadora, inclusive, usou parte do seu tempo para provocar o chefe do Executivo.

"Quando homens são 'tchutchuca' com outros homens, mas vêm para cima da gente sendo ‘tigrão', eu fico extremamente incomodada. Eu fico brava, sim", disse Soraya.

Em seguida, a candidata ainda fez uma referência a Juma Marruá (Alanis Guillen) em Pantanal. "E digo mais para você: lá no meu Estado, tem mulher que vira onça, e eu sou uma delas", concluiu. 

Vera lamentou que não foi o primeiro ataque que sofreu por parte de Bolsonaro ao fim do debate:

Eu acho que ele teve uma atitude completamente descontrolada, desnecessária e prejudicial a ele mesmo. No comentário ele não falou nada sobre vacina, ele passou a um ataque pessoal a mim. Não é a primeira vez. Ele não admite ser questionado por mulheres.

Misoginia

A pauta feminina foi um dos pontos mais importantes do debate, e Simone foi responsável por confrontar Bolsonaro sobre o apoio público dele a Carlos Brilhante Ustra (1932-2015). O coronel foi conhecido por ser um dos piores torturadores da Ditadura Militar (1964-1985), utilizando métodos como inserir ratos na vagina de mulheres.

Bolsonaro se chamou de "mentiras baratas" da senadora na resposta, apesar de ter citado o militar ao votar pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff --uma das vítimas dele.

Lula x Bolsonaro

Lula também foi um dos principais alvos de Bolsonaro, que tenta diminuir a diferença de 15 pontos na última pesquisa Datafolha nas intenções de voto. Ele se referiu ao rival por diversas vezes como "ex-presidiário", rendendo uma série de pedidos de direito de resposta.

Em um dos confrontos mais diretos, o atual presidente perguntou ao adversário se ele queria voltar para "continuar fazendo a mesma coisa na Petrobras?". "Era preciso ser ele [Bolsonaro] para me perguntar. E eu sabia que essa pergunta viria", devolveu o petista.

Bastidores em chamas

O clima quente se estendeu também para os bastidores, em que 20 apoiadores de cada candidato puderam assistir ao debate em uma área reservada nos estúdios da Band em São Paulo. Em alguns momentos, parte deles quase partiu para a agressão física.

Entre os nomes que mais chamavam atenção estavam Rosângela Moro, mulher do ex-juiz Sergio Moro (persona non grata de Lula e Bolsonaro); o ex-BBB Adrilles Jorge; o ex-comentarista da CNN Brasil Tomé Abduch; e os candidatos a deputado federal Andre Janones e Nikolas Ferreira.

Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, se exaltou diante dos dados de Lula sobre a queda do desmatamento nos governos do PT. "Mentiroso", gritou ele. "Olha a boiada", rebateram os petistas. 

Janones se levantou para gravar a reação de Salles e acabou se envolvendo em uma discussão. Em seguida, ele também respondeu às provocações de Adrilles, Nikolas e Sérgio Camargo --ex-presidente da Fundação Palmares do atual governo. 

Douglas Santucci, chefe de produção da Band, precisou intervir com força: exigiu que os convidados se acalmassem e os avisou que poderia expulsá-los a qualquer momento se o barraco continuasse. 

Carnaval na portaria

Pablo Marçal, candidato à presidência pelo PROS, não participou do debate porque seu partido declarou apoio a Lula. Entretanto, a guerra política interna não o impediu de ir até a portaria da Band e protestar contra a sua ausência. Apoiadores de Bolsonaro e de Lula também bateram ponto em frente aos estúdios.

Audiência do debate

Na prévia de audiência medida pela Kantar Ibope Media, à qual o Notícias da TV teve acesso, a Band aparece encostada na Globo na média. O debate fechou com 13,3 pontos, contra 13,8 da Globo, 7,3 do SBT e 5,9 da Record. O confronto entre os candidatos chegou a ultrapassar a emissora líder em alguns momentos, quando deu picos de 15,0 na Grande São Paulo.


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