CACAU
Alex Carvalho/TV Globo
Gabriela (Juliana Paes) sobe no telhado para pegar pipa: adaptação mais recente de Jorge Amado
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 7/9/2018 - 7h30
Depois de ter sua obra adaptada nada menos de que uma dúzia de vezes na televisão, Jorge Amado (1912-2001) voltará a ter a sua versão da Bahia representada na telinha. Dessa vez, em um livro ainda inédito na TV: o autor Ricardo Linhares trabalha em uma sinopse baseada no romance Cacau, publicado pela primeira vez em 1933.
A produção marcará a volta de Linhares ao universo do escritor baiano. O autor dividiu com Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretszohn os roteiros de Tieta (1989) e voltou a repetir a parceria com Silva em Porto dos Milagres (2001), baseada nos livros Mar Morto e A Descoberta da América pelos Turcos.
"É um Jorge Amado que nunca foi produzido, e que eu vou adaptar para uma minissérie, conta Linhares ao Notícias da TV. "Não há uma previsão de estreia pois ainda estou escrevendo a sinopse. Tive que interrompê-la quando participei de Deus Salve o Rei, e retomei após a novela. Devo entregar [à direção da Globo] no fim deste mês."
A minissérie Cacau deve ter dez capítulos, mesmo tamanho do trabalho mais recente de Linhares, Se Eu Fechar os Olhos Agora _já disponível para locação no Now e que deve chegar à grade da Globo em janeiro.
O autor considera que o formato é o ideal para adaptações de livros. "Não é uma série com 22 episódios, nem uma microssérie com quatro. De oito a 12 é o certo para dar profundidade sem precisar inventar fatos para levar a trama adiante", diz.
Ao contrário das obras mais conhecidas (e adaptadas) de Jorge Amado, como Dona Flor e Seus Dois Maridos e Gabriela, Cravo e Canela, o livro Cacau tem um homem como protagonista: o sergipano José Cordeiro, mais conhecido como Cearense.
Demitido da fábrica em que trabalhava por se envolver com uma colega de trabalho que era cobiçada pelo patrão, Cearense se muda para a zona cacaueira do sul da Bahia. Loiro, branco e alfabetizado, ele se sobressai diante dos outros plantadores e chama a atenção de Mária, filha do coronel da fazenda onde trabalha.
Mais do que a sensualidade característica de Amado, Cacau apresenta um lado engajado do autor baiano. A obra fala de socialismo, da exploração do trabalhador pelo empregador e pelo sistema opressor, além de tomar as dores do proletariado. Também conta com romances proibidos, traições, personagens profundos e muitas reviravoltas, um prato cheio para uma minissérie.
Rei da TV
A obra de Jorge Amado já ganhou a televisão mais de uma dezena de vezes. A primeira foi em 1960, na extinta TV Tupi, com a novela Gabriela, Cravo e Canela, que tinha Janete Vollu e Renato Consorte nos papéis de Gabriela e Nacib.
O mesmo livro foi adaptado para outras duas novelas da Globo: em 1975, com Sônia Braga e Armando Bogus; e em 2012, estrelada por Juliana Paes e Humberto Martins.
A Band também já flertou com a literatura do baiano, com a minissérie Capitães da Areia (1989), e a Manchete conseguiu iniciar a revitalização de sua teledramaturgia com outro livro de Amado: Tocaia Grande (1995) levantou a audiência da emissora e abriu as portas para o fenômeno Xica da Silva (1996), que a sucedeu.
Na Globo, os livros de Jorge Amado já deram origem a produtos variados, como as minisséries Tereza Batista (1992) e Dona Flor e Seus Dois Maridos (1998) e o caso especial A Morte e a Vida de Quincas Berro d'Água (1978). A obra do baiano também já foi adaptada para o cinema e para o teatro.
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