Record demite diretor de Jornalismo na Bahia após escândalo nos bastidores

A Record demitiu nesta segunda-feira (5) o diretor de Jornalismo da emissora em Salvador (BA). Gustavo Orlandi, que estava na função desde abril de 2021, deixou o cargo após uma série de problemas nos bastidores. Além do escândalo de desvio das doações por alguns contratados, ele também teve de encarar diversos pedidos de demissão por insatisfações.

Procurada pelo Notícias da TV, a Record confirmou a saída do executivo. No lugar de Orlandi, assume Leonardo Habib, que já havia comandado o Jornalismo da capital baiana entre outubro de 2019 e abril de 2021. Antes de reassumir sua função, ele trabalhava como gerente de conteúdo dos telejornais da Record em São Paulo.

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A coluna apurou que a saída de Orlandi não aconteceu por causa de audiência. Mesmo com a Globo voltando a ser líder na Bahia, a Record ainda tem bons números por lá. O Balanço Geral local, comandado por José Eduardo Bocão e Jessica Smetak, liderou em maio com 15,5 pontos, contra 14,7 da Globo.

Mas o trabalho do chefe era muito questionado fora do ar. No último ano, houve pelo menos três saídas de repórteres. Filipe Costa e Tarsilla Alvarindo pediram demissão para trabalhar na líder de audiência, onde estão hoje. Recentemente, Daniela Mazzei foi demitida por gravar um vídeo para outro veículo enquanto fazia uma reportagem para a Record.

Mas a saída que mais teve eco nos bastidores foi a da editora-chefe Sheron Monalisa. Na semana passada, ela acertou sua mudança para a Globo, o que deixou Carlos Alves, diretor-geral da emissora na Bahia, bastante incomodado. Como já havia muito questionamento interno, optou-se pela saída de Orlandi. Espera-se que Habib acalme os ânimos internos.

O Notícias da TV tentou falar com Gustavo Orlandi quatro vezes por telefone, entre 11h30 e 13h, além de deixar recados via WhatsApp, mas o diretor não respondeu aos contatos até a publicação deste texto. Caso o faça, a reportagem será atualizada.

O escândalo do pix na Record da Bahia

O maior problema encarado por Gustavo Orlandi foi o escândalo do pix da Record. O editor Jamerson Oliveira e o repórter Marcelo Castro são acusados de arquitetar um esquema que teria desviado R$ 800 mil de doações para pessoas carentes que faziam apelos no Balanço Geral. 

Ambos teriam colocado na tela do programa um pix estranho aos quadros da Record para desviar dinheiro. O esquema ainda teria um terceiro personagem, um rifeiro famoso de Salvador (BA). Os desvios teriam acontecido entre setembro de 2022 e fevereiro deste ano.

A Record descobriu o caso por meio do apresentador José Eduardo, que recebeu uma reclamação de uma criança com câncer após uma campanha feita no Balanço Geral. Ela afirmou para a polícia e para Bocão que o pix que apareceu na tela da emissora não era dela --e morreu dias depois.

Uma das linhas de investigação policial apura se o golpe foi determinante para a morte da criança. Caso isso se comprove, Marcelo Castro pode ser indiciado por homicídio culposo --quando não há intenção de matar. Por enquanto, o caso é tratado como golpe cibernético pela polícia. Castro e Oliveira foram demitidos por justa causa no mês passado.