MARCELO VARZEA
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Marcelo Varzea no espetáculo Sede; streaming aquecido é 'tábua de salvação' para atores
Marcelo Varzea está de folga da TV aberta, mas nem por isso está inacessível ao público por meio do controle remoto. O ator é onipresente no streaming, ao ponto de ser impossível escapar dele até mesmo em aplicativos de música, já que é um dos vilões da série Batman Despertar no Spotify. Ele, porém, se junta aos colegas de profissão para reafirmar que está cada vez mais difícil fazer arte no Brasil.
"O país não entende o PIB [Produto Interno Bruto] gerado pela cultura. Mas o que esperar de um governo que acaba com o Ministério da Cultura, que é inimigo dos artistas e que contrata pessoas nada especialistas em todas as suas pastas? Mesmo que houvesse diálogo do setor com eles, nada mudaria. São burros, ignorantes, bélicos e desinteressados", afirma o intérprete ao Notícias da TV.
A cultura sempre teve status ministerial desde a redemocratização em 1985. O órgão sofreu ataques nas gestões de Fernando Collor e Michel Temer, mas sempre recuperou o prestígio meses depois. Jair Bolsonaro foi o único a mantê-lo apenas como uma secretaria desde o início de seu mandato.
Não à toa, Varzea avalia que o atual gabinete em pouco ou em nada contribui para o atual momento em que o mercado está aquecido com a chegada de inúmeros serviços de streaming:
Eu acho maravilhoso o poder estar descentralizado. Tem muita coisa boa sendo feita, muitas produtoras associadas aos players, muita gente trabalhando. Esse capital estrangeiro apostando aqui é a nossa tábua de salvação dentro de um governo xexelento e mentiroso que odeia a cultura, a educação e qualquer exercício de filosofia ou empatia.
O artista também acha importante levar o público a pensar não só por meio da ficção, como em sua participação na série Aruanas, do Globoplay, mas também por meio das redes sociais.
"O exercício da cidadania é o mais importante que podemos fazer. Um exercício de convivência e tolerância. Pensar no todo antes de nosso benefício. Somos criados no ocidente com uma ideia nojenta de protagonismo e mais-valia. Eu não sou essa pessoa. Quem é assim e não se enxerga, nada muda. Só quer somar sem ver que está dividindo", filosofa.
Afastado das novelas desde Jezabel (2019), Varzea não se arrepende de ter escolhido um caminho fora da TV aberta. "Nunca me cobrei disso. Nunca foi meu objetivo. Gosto de fazer, mas não é o meu foco. Então, não sofro de não estar fazendo. Se não estivesse fazendo teatro, morreria", aponta ele.
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