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HUMOR

Nos 80 anos de Mussum, piadas dos Trapalhões ainda teriam vez na TV?

Geraldo Modesto/Memória Globo

Humorista Mussum usa chapéu vermelho ao fazer cara engraçada durante gravação

Morto em 1994, humorista Mussum completaria 80 anos em 2021; relembre piadas racistas dos Trapalhões

ANDRÉ CARLOS ZORZI

azorzi@noticiasdatv.com

Publicado em 7/4/2021 - 6h55

Antonio Carlos Bernardes Gomes, imortalizado na TV brasileira pelo seu nome artístico, Mussum (1941-1994), completaria 80 anos nesta quarta-feira (7). Integrante do programa Os Trapalhões (1974-1995), o humorista é conhecido até pelas gerações mais recentes, muito por conta da presença de sua figura em redes sociais. Boa parte das piadas que o ajudaram a se destacar, porém, são consideradas racistas e dificilmente teriam o mesmo espaço na televisão hoje.

Em um célebre quadro, por exemplo, Didi (Renato Aragão) aparece voando no céu vestido como Superman. Atores brancos questionam: "É o Sputnik? É o Super-Homem?". Então, surge Mussum, sorridente: "É uma arara cheia de mé!". A reação do personagem de Renato Aragão dificilmente seria aceita hoje: "Arara é a tua mãe, crioulo! Kunta Kinte é o que você é! Tá despeitado porque não avoa (sic)! É urubu e não avoa (sic)!". Assista:

Em outra esquete, Zacarias (1934-1990) está em uma oficina com Dedé Santana, que se abaixa e olha para a parte de baixo de um carro: "Cadê o macaco [referência a um macaco hidráulico, utensílio feito para levantar veículos]? Macaco, tá aí?!". Surge, então, a cabeça de Mussum: "Tô! Mas macaco é a tua mãe!". Relembre:

Especula-se que as piadas racistas não paravam dentro das telas. Trechos do documentário Trapalhadas Sem Fim, ainda sem previsão de lançamento, foram antecipados por reportagem da revista Veja em 2019, que destacou o depoimento da camareira Sirena Oliveira, que trabalhou com Os Trapalhões no passado: "Deixavam bananas na cadeira dele [Mussum]". "Meu pai não gostava disso de jeito nenhum", destacou Sandro Gomes, filho do humorista.

É fato que, com o passar das décadas, o olhar da sociedade sobre o humor mudou, e os programas de TV acabaram redobrando cuidado. Assim como o próprio Renato Aragão já maneirava nas brincadeiras em A Turma do Didi (1998-2010), não parece exagero afirmar que a carreira de Mussum provavelmente também teria se adequado aos tempos modernos.

A presença de Mussum

O trapalhão morreu em 29 de julho de 1994, tendo passado suas últimas semanas de vida internado com uma infecção no pulmão. Ele passou por um transplante de coração, já que sofria de miocardiopatia dilatada, e enfrentou problemas pós-cirurgia. Cerca de 4 mil pessoas compareceram ao cemitério no dia de seu velório e enterro, incluindo Renato Aragão, Dedé Santana, Carlos Alberto de Nóbrega e Ronald Golias (1929-2005).

Além de ter uma marca de cerveja estampada com seu rosto, o humorista também é homenageado com frequência até os dias atuais. A escola de samba Lins Imperial, que disputa o equivalente à segunda divisão do Carnaval do Rio de Janeiro, planejou o enredo Mussum Pra Sempris - Traga o Mé que Hoje Com a Lins Vai Ter Muito Samba no Pé para a folia de 2021, que foi adiada por conta da pandemia.

Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, anunciou a inclusão do humorista na lista de personalidades negras homenageadas pela instituição no fim do ano passado. A lista "moralizada" destacou a "veia militar bem aflorada" de Mussum, que foi cabo da Aeronáutica e serviu às Forças Armadas durante cerca de oito anos.

E, no último dia 2, após a exibição de uma coluna de Nelson Motta sobre a carreira de Mussum, o apresentador substituto do Jornal da Globo, Rodrigo Bocardi, fez uma imitação com referência ao jeito de falar do humorista durante o encerramento do programa. "O Jornal da 'Globis' fica por aqui. Outras notícias no Jornal 'Hojis'. A seguir, tem Conversa com 'Bialvis'. Pode ser assim?", brincou.


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