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Memória da TV

Em 1983, lucro exorbitante de Renato Aragão provocou rebelião em Os Trapalhões

Divulgação/Globo

Os integrantes de Os Trapalhões, Zacarias, Mussum, Renato Aragão e Dedé Santana, em foto de divulgação da Globo

Os Trapalhões se separaram em 1983: Renato Aragão para um lado, Dedé, Mussum e Zacarias para outro

THELL DE CASTRO

Publicado em 12/7/2020 - 7h15

Em sua trajetória de sucesso na Rede Globo, encerrada recentemente, Renato Aragão passou por um período delicado em 1983, quando os outros integrantes de Os Trapalhões decidiram se separar. A briga durou seis meses, e o público acompanhou com atenção, já que o programa era líder de audiência. No final, tudo acabou se arranjando.

Em 18 de agosto daquele ano, o Jornal do Brasil fez uma matéria escancarando a crise. Lembrou uma entrevista de Aragão de dois anos antes, que já mostrava a existência de alguns problemas de convivência.

"Renato Aragão afirmava que qualquer dos quatro trapalhões sobreviveria sem os outros três. Da mesma forma, o grupo não seria afetado por uma eventual deserção. Para os que gostam de ler nas entrelinhas, a observação pode ser hoje interpretada de muitas maneiras", destacou a reportagem.

Dedé, Mussum (1941-1994) e Zacarias (1934-1990) estavam insatisfeitos com a divisão dos lucros do grupo e romperam com a Renato Aragão Produções, que cuidava dos negócios da trupe. Eles formaram sua própria empresa, chamada Demuza.

"Embora os Trapalhões preferissem não tocar no assunto, ficou claro que o cinema pôs fim à harmonia entre eles. Pelo menos por dois motivos: primeiro, no cartaz do último filme do grupo, O Cangaceiro Trapalhão, só o nome de Renato aparece em destaque; e, segundo, os contratos financeiros continuam dando ao mesmo Renato metade de todo o faturamento dos Trapalhões, cabendo a Dedé, Mussum e Zacarias dividirem a outra metade", destacou o JB em outra matéria, no dia seguinte.

Aragão já estava gravando "O Trapalhão na Arca de Noé" no Pantanal do Mato Grosso, o primeiro filme em que atuava sem os outros três desde a formação do grupo. Enquanto isso, os outros três fizeram "Atrapalhando a Suate". Nenhuma das duas produções estourou –acabaram, inclusive, dividindo o público.

Com a separação, a Globo se viu numa saia-justa para encaixá-los em outros programas. Os Trapalhões seguiu no ar com Didi, que recebia convidados, como Elba Ramalho e outros artistas, enquanto Dedé, Mussum e Zacarias participavam de atrações como A Festa é Nossa, que teve vida curta.

Férias conjugais

Em 19 de fevereiro de 1984, reportagem de O Globo celebrava a volta do grupo, após alguns acordos, incluindo melhor distribuição financeira entre os integrantes.

"Na véspera de completar seis meses do afastamento dos Trapalhões, Didi, Dedé, Mussum e Zacarias voltaram a se encontrar. Relembraram a velha amizade, os antigos trabalhos, as brincadeiras, a feliz convivência e cederam à emoção. Olhando para o mar, num restaurante no Leme, decidiram: os quatro trapalhões seriam novamente um grupo só", explicou o texto.

Durante o almoço, segundo o jornal, a conclusão de todos foi a mesma: a separação trazia muitos prejuízos, do ponto de vista emocional, principalmente. O período foi chamado de "férias conjugais".

Em seguida ao almoço festivo, foram conversar com a direção da Globo para anunciar a decisão, causando alívio geral. A emissora preparava a nova temporada de Os Trapalhões somente com Aragão e convidados, enquanto Dedé, Mussum e Zacarias estariam no elenco de Humor Livre, uma das novidades para aquele ano. No entanto, a situação não agradava o então mandachuva global, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.

"O que aconteceu conosco acontece a qualquer casal. A relação se desgastou. Uma gota d'água fez tudo entornar. Mas esse período em que ficamos distanciados nos fez aprender muita coisa, será difícil repetir os mesmos erros. Agora estamos fortalecidos. Vamos nos preservar mais. Trapalhadas, agora, só no ar. Vamos esquecer nossas dores de cotovelo, porque, sem pretensão, acho que estávamos jogando fora uma história bonita", enfatizou Aragão.

Os Trapalhões retomaram sua carreira juntos e ficaram no ar até 27 de agosto de 1995, sobrevivendo, com menor força, às mortes de Zacarias e Mussum.


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