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CONVERSA COM BIAL

Na Globo, Carlos Alberto de Nóbrega prevê fim de A Praça É Nossa com sua morte

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Carlos Alberto de Nóbrega de cabelos grisalhos e usando óculos, em uma sala com armário de madeira e troféus

Carlos Alberto de Nóbrega concedeu entrevista a Pedro Bial, na Globo, e revelou depressão durante isolamento social

REDAÇÃO

Publicado em 25/7/2020 - 1h58

Carlos Alberto de Nóbrega não quer que A Praça É Nossa tenha continuidade após sua morte. Em entrevista a Pedro Bial, no Conversa com Bial, da Globo, na madrugada deste sábado (25), ele disse que seu filho, Marcelo de Nóbrega, não tem estrutura para assumir o comando completo do programa que ele apresenta há 33 anos no SBT.

Questionado por Bial como ele imagina que estará o humorístico daqui a 30 anos, ele foi categórico ao dizer que não prevê muitos anos de vida ao programa.

"Não imagino a Praça nem daqui a cinco anos. Acho que a Praça acaba comigo. Seria desejar um mal enorme para o Marcelo passar tudo aquilo que eu passei. E o sonho do Marcelo seria sentar ali no banco. Mas eu acho que é muito peso. E eu gosto demais dele para querer isso pra ele. Porque o lugar é dele. Só que a comparação... Ele não tem a estrutura que eu tive. Eu comecei a trabalhar com meu pai aos 9 anos de idade. Nós tínhamos uma afinidade muito grande", respondeu.

Marcelo de Nóbrega é o diretor do programa no SBT. Em casos excepcionais, ele já substituiu o pai no comando do humorístico, e também já atuou em algumas esquetes, mas há anos ele se dedica aos bastidores. 

Carlos Alberto, que está com 84 anos, relembrou sua trajetória na TV na entrevista a Bial. E a relação de amizade com o pai, Manuel de Nóbrega (1913-1976), foi bastante explorada. O apresentador do SBT, inclusive, disse que os últimos meses em que trabalhou na Globo, no ano de 1987, foram os mais infelizes de sua vida.

Quando seu pai morreu, ele acreditou que a emissora o escalaria para substituí-lo no comando do programa Praça da Alegria, em 1977, mas a direção optou por colocar Luís Carlos Miele (1938-2015) como apresentador.

"Foi uma das maiores dores que eu senti. Eu achava que aquele lugar era meu. Eu tinha como fazer. Só que o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, diretor geral da Globo na época] falou uma coisa: "Se você fizer a Praça e for um fracasso, acabou tua carreira. Se você for um sucesso, vão dizer que pegou o bonde andando. Então melhor botar alguém diferente. Eu aceitei, mas não entendi. Foram os piores meses da minha vida quando eu gravava na Globo o programa", desabafou.

Depressão

Carlos Alberto de Nóbrega foi às lágrimas ao relatar as dificuldades que enfrentou durante os dias em que se manteve recluso no interior de São Paulo por conta da pandemia do novo coronavírus. Proibido por Silvio Santos de ir trabalhar no SBT e gravar A Praça É Nossa, ele revelou ter entrado em depressão neste período.

"Quando a coisa estourou, meu primeiro passo foi ir para o sítio. Fiquei até finalzinho de abril numa boa. Porque tinha sol, era verão, tinha piscina, meus bichinhos. De repente comecei a ficar com saudades. Porque íamos parar por 40 dias. Eu tinha programas prontos só até o final de março. Eu digo: bom, em maio eu volto a gravar. Aí caiu a ficha. A ordem do Silvio é só voltar quando houver a vacina, quando não tiver mais perigo nenhum", relatou o apresentador do SBT.

"Mas aí, Bial, comecei a ficar com depressão. Fiquei deprimido, coisa que não sou. Sou um cara alegre, pra frente. Comecei a chorar, ficar mal. Já não queria ficar no sítio. Vim pra São Paulo e fiquei em casa. Fiquei uma semana e foi pior, porque estou a 15 minutos da televisão. Aí tive que preparar as reprises e tive que ir pra TV. Quando cheguei naquela televisão e vi aquilo vazio, eu estava no meu carro e comecei a chorar. Mas eu chorei muito, muito, muito. Aí eu fiquei mal", comentou.

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