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MEMÓRIA DA TV

Morte do filho fez Manoel Carlos colocar homenagem oculta em suas novelas

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Manoel Carlos sentado com olhar sério em uma entrevista; ele veste camisa listrada azul e branca e suéter nas costas

O novelista Manoel Carlos passou pela perda de três filhos e faz homenagem oculta em textos

Thell de Castro

Publicado em 30/1/2022 - 6h20

Poucos telespectadores sabem que Manoel Carlos sempre colocou uma frase em suas produções, como Páginas da Vida (2006), atualmente exibida pelo canal Viva, para homenagear um filho que morreu precocemente.

O autor, aliás, infelizmente já passou pela perda de três filhos: o dramaturgo e ator Ricardo de Almeida, que morreu em 1988, em decorrência de complicações da Aids; o diretor Manoel Carlos Júnior, vítima de um ataque cardíaco em 2012; e o estudante de teatro Pedro Almeida, que morreu aos 22 anos, em 2014, após ter um mal súbito.

Ele ainda tem duas filhas: a escritora e roteirista Maria Carolina e a atriz Júlia Almeida, que não aparece nas novelas da Globo desde Espelho da Vida, em 2018.

Foi exatamente para Ricardo que o pai fez menções em seus trabalhos. Morto aos 33 anos, ele escreveu a minissérie O Cometa junto com Maneco. A trama foi exibida pela Band entre 21 de agosto de 15 de setembro de 1989.

"Meu filho Ricardo foi meu parceiro não apenas em O Cometa, mas na minissérie Viver a Vida [1984], da Manchete [1983-1999]. Quanto à perda do meu filho, essa é uma dor insuperável. Depois de um tempo, você para de chorar, mas nunca de sofrer. O Rick e eu tínhamos muitas afinidades, independentemente de sermos pai e filho. Guardo tudo que foi dele nos 33 anos em que viveu", declarou o autor ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cintia Lopes.

Virginia Woolf

Desde 1986, quando Ricardo ainda era vivo, Maneco usa uma frase atribuída à escritora Virginia Woolf (1882-1941) em todas as produções que escreveu.

A citação foi enviada justamente por Ricardo quando o autor escrevia a novela Novo Amor (1986) para a Manchete: "A partir de uma certa idade, os anos passam voando, mas os dias são intermináveis".

"Na ocasião, ele me perguntava se eu sabia, com certeza, se era da Virginia Woolf e, no caso afirmativo, em que obra da escrita ela aparecia", explicou.

"Amei a frase e passei a usá-la em todos os meus textos, mas nunca tive a confirmação de que a autoria fosse mesmo da escritora inglesa. Tanto é assim que, sempre que um personagem a menciona, ele diz ser "uma frase, se não me engano, da Virginia Woolf. A repetição em todas as minhas histórias é uma homenagem que eu presto à memória do meu filho”, explicou Maneco no livro.

Para completar, ele disse qual seria seu desejo, caso pudesse mudar algo. "Se eu pudesse mudar alguma coisa, meu filho estaria vivo até hoje", concluiu.

Após uma bem-sucedida carreira como produtor e diretor, Manoel Carlos estreou como autor de novelas há exatamente 44 anos, com Maria, Maria, que estreava em 30 de janeiro de 1978.

Depois disso, escreveu A Sucessora (1978), Água Viva (1980), Baila Comigo (1981), Sol de Verão (1982), Viver a Vida (minissérie), Novo Amor, O Cometa (1989), Felicidade (1991), História de Amor (1995), Por Amor (1997), Laços de Família (2000), Presença de Anita (2001), Mulheres Apaixonadas (2003), Páginas da Vida (2006), Maysa - Quando Fala o Coração (2009) e Viver a Vida (2009).

Sua última novela foi a malsucedida Em Família, exibida entre fevereiro e julho de 2014. Depois disso, o autor, que atualmente está com 88 anos, anunciou sua aposentadoria.


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