MEMÓRIA DA TV
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Jardel Filho (1928-1983) morreu faltando 17 capítulos para o desfecho de Sol de Verão
Thell de Castro
Publicado em 10/10/2021 - 8h00
Há 39 anos, no dia 11 de outubro de 1982, a Globo estreava mais uma novela das oito: Sol de Verão, de Manoel Carlos. A trama ficaria marcada pela morte de seu protagonista, Jardel Filho, quando faltavam 17 capítulos para o desfecho.
Além de Jardel, que vivia o mecânico Heitor, estrelavam a trama nomes como Irene Ravache, Tony Ramos, Débora Bloch, Beatriz Segall (1926-2018), Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), entre outros.
No dia 19 de fevereiro de 1983, o ator sofreu um ataque cardíaco em casa e não resistiu, morrendo aos 55 anos. Destacada no Jornal Nacional daquela noite, a notícia caiu como uma bomba e comoveu o Brasil.
O autor não conseguiu terminar a novela, que só foi em frente porque uma pesquisa mostrou que os telespectadores queriam ver seu final. Maneco, muito amigo de Jardel, alegou se sentir impossibilitado de concluir a trama, passando o bastão para Lauro César Muniz e Guarnieri, que, além de integrar o elenco, também já era um experiente dramaturgo.
A gravação dos últimos capítulos foi tumultuada, com textos chegando em cima da hora e edição das cenas pouco antes da exibição. Apesar de tudo, com a repercussão da morte do ator, a audiência cresceu.
Na história da teledramaturgia brasileira, essa não foi a primeira novela a perder um de seus principais personagens.
Em 1º de novembro de 1969, morreu o garoto Noel Marcos, filho dos artistas Dionísio Azevedo (1922-1994) e Flora Geny (1929-1991). Ele era o jovem protagonista da novela Seu Único Pecado, exibida pela Record e dirigida pelo pai. Noel foi atropelado enquanto passeava de bicicleta perto de sua casa. A tragédia interrompeu a trama, pouco lembrada na história da televisão.
No dia 12 de outubro de 1971, morreu Glauce Rocha, uma das protagonistas de Hospital, novela da Tupi (1950-1980). A atriz sofreu uma parada cardíaca. Faltavam apenas cinco capítulos para concluir a trama.
Já em 18 de agosto de 1972, a apenas 28 capítulos do final de O Primeiro Amor, da Globo, o protagonista Sérgio Cardoso morreu, vítima de um ataque cardíaco. A morte do ator gerou comoção nacional. Leonardo Villar (1923-2020), amigo de Cardoso, o substituiu nos últimos capítulos da trama.
Novela da Tupi estrelada por Otelo Zeloni, O Conde Zebra ficou somente um mês e meio no ar, entre novembro e dezembro de 1973. A trama deixou de ser exibida um dia antes da morte do ator, que tinha um tumor cerebral e nos deixou no dia 29 de dezembro daquele ano.
Ninho da Serpente, da Band, ficou sem uma de suas principais personagens, vivida por Márcia de Windsor, em suas cenas finais. A atriz morreu em agosto de 1982, durante a última semana de exibição da novela.
Novela de Gloria Perez, De Corpo e Alma estreou em 3 de agosto de 1992. Filha da autora, Daniella Perez, promissora atriz, morreu em 28 de dezembro de 1992, com apenas 22 anos, assassinada pelo colega de elenco Guilherme de Pádua e por sua então mulher Paula Nogueira Thomaz. O crime chocou o Brasil pela brutalidade.
A saída da personagem Yasmin foi explicada com uma viagem de estudos ao exterior, enquanto o personagem de Pádua, Bira, deixou de existir. Gilberto Braga e Leonor Bassères (1926-2004) assumiram a novela nos dias seguintes ao crime e Gloria, mesmo abalada, conduziu a trama até o fim.
O ex-ator e sua ex-mulher foram condenados a 19 anos de prisão, mas cumpriram apenas seis. Graças aos esforços da escritora, que fez uma grande mobilização popular, a legislação penal foi alterada.
Mais recentemente, Domingos Montagner, protagonista de Velho Chico, morreu no dia 15 de setembro de 2016, aos 54 anos, ao mergulhar no município de Canindé, Sergipe, no leito do rio São Francisco, no intervalo das gravações da trama.
Segundo informações de pessoas que se encontram no local, Domingos teria ido tomar um banho no rio após o almoço e não mais voltou. Ele estava acompanhado da atriz Camila Pitanga, que não se feriu. Pouco tempo antes, havia morrido outro ator da novela, Umberto Magnani (1941-2016).
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