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RACISMO

Ministério Público denuncia Marcão do Povo por injúria racial contra Ludmilla

REPRODUÇÃO/RECORDTV

Marcão do Povo no dia em que chamou Ludmilla de 'pobre e macaca', em 2017; MP o denunciou por racismo - REPRODUÇÃO/RECORDTV

Marcão do Povo no dia em que chamou Ludmilla de 'pobre e macaca', em 2017; MP o denunciou por racismo

KELLY MIYASHIRO

Publicado em 12/7/2019 - 15h34

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou Marcos Paulo Ribeiro Morais, o apresentador do SBT Marcão do Povo, por injúria racial contra a cantora Ludmilla. A 30ª Promotoria de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos apresentou a denúncia por causa dos comentários feitos pelo jornalista em 2017, durante o jornal Balanço Geral DF, da Record.

Na ocasião, Marcão se referiu à funkeira como 'pobre e macaca' enquanto comentava uma reportagem sobre ela. A denúncia foi publicada nesta quinta-feira (11).

Marcão do Povo chegou a prestar depoimento e admitiu o uso das expressões, mas alegou, na época, que não teve inteção de ofender Ludmilla. A Record tomou a decisão de demitir o apresentador por causa do comentário, mas o SBT o contratou logo em seguida para apresentar o telejornal Primeiro Impacto.

De acordo com o Código Penal, injúria consiste em ofender alguém usando de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Se houver condenação, a pena prevista é de reclusão de um a três anos, além de multa.

Procurada pelo Notícias da TV, a Record informou que não comenta processos judiciais de seus funcionários ou ex-funcionários.

Desde fevereiro de 2017, Marcão do Povo é âncora do Primeiro Impacto e divide a apresentação com Dudu Camargo. O SBT informou ao Notícias da TV que o caso ocorreu em um programa local de outra emissora e, por isso, não irá se manifestar.

Em abril deste ano, Marcão declarou que foi vítima de uma armação e que a cantora Ludmilla deveria lhe pedir desculpas. Durante entrevista ao Superpop, da RedeTV!, o apresentador disse que a expressão considerada racista é comum na região em que ele nasceu.

Confira a nota do MPRJ na íntegra: 

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 30ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) da 1ª Central de Inquéritos, apresentou, nesta quinta-feira (11/07), denúncia contra Marcos Paulo Ribeiro Morais, pelo crime de injúria contra a cantora Ludmilla Oliveira da Silva, com ofensas raciais. Segundo o MPRJ, no dia 9 de janeiro de 2017, por volta das 10h, na Rua Professor Veríssimo da Costa, na Ilha do Governador, zona Norte do Rio, o denunciado, ao apresentar um programa ao vivo na TV Record, a chamou de ‘pobre e macaca’, durante exibição de reportagem sobre a artista.

Vale destacar que, em depoimento, Marcos Paulo, mais conhecido como ‘Marcão do Povo’, e atualmente no SBT, admitiu o uso das expressões, mas alegou não ter tido a intenção de ofender a vítima. Assim agindo, o apresentador está incurso nas penas do artigo 140, § 3º do Código Penal (Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência). A pena prevista é de reclusão de um a três anos e multa.

Entenda o caso

Em 17 de janeiro de 2017, o apresentador Marcão do Povo causou polêmica ao se referir à cantora Ludmilla como "macaca". Na época, ele era conhecido como Marcão Chumbo Grosso, apresentava o Balanço Geral DF e se revoltou com a notícia de que a funkeira se recusou a atender fãs. "É uma coisa que não dá para entender. Era pobre, macaca...", disse, ao vivo.

Na ocasião, Marcão se defendeu, dizendo que a expressão "pobre macaco" é regional e não tem significado racista. Mas a Record não comprou a desculpa e demitiu o apresentador. Menos de um mês depois, com o apelido mais brando de Marcão do Povo, ele assinou contrato com o SBT.

Apresentador falou de Ludmilla no Fofocalizando

Em maio deste ano, Marcão do Povo falou sobre o caso durante uma participação no Fofocalizando, também do SBT, e criticou a cantora abertamente. "Ela difamou minha pessoa, e isso eu não admito", disse.

Para ele, tudo não passou de um mal-entendido. "O problema foi a maneira como ela interpretou minha fala. Ela poderia consultar os advogados dela, consultar o Código Penal, consultar o Google... Você pesquisa o que é 'pobre macaco' e vai ver que é uma expressão muito usada na região Centro-Oeste do país, em todo lugar", justificou Marcão, comparando sua fala com outra expressão "macaco velho", sobre uma pessoa experiente.

Leo Dias e Lívia Andrade, amigos de Ludmilla, reclamaram abertamente da justificativa de Marcão e tomaram as dores da funkeira. Leo, inclusive, chegou a ser processado pelo apresentador por ter divulgado os comentários racistas.

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