Abençoado seja o fruto
Imagens: Divulgação/Hulu
Elisabeth Moss, de costas, encara Yvonne Strahovski na terceira temporada de Handmaid's Tale
JOÃO DA PAZ
Publicado em 13/7/2019 - 5h22
A série The Handmaid's Tale entra neste sábado (13) na metade final da terceira temporada com um novo episódio disponível no Paramount+. Até agora, a prometida resistência das criadas em Gilead não eclodiu e June (Elisabeth Moss), a protagonista, tem uma jornada estéril. Essa fase manca só é salva pela provocadora Serena (Yvonne Strahovski).
Vencedor do Emmy de 2017, o drama prometia dar uma guinada na nova leva de episódios, e a tal resistência seria o fio que o salvaria de virar uma Walking Dead das antigas, daquela época em que a trama andava em círculos. A ideia era dar mais vitórias para June e diminuir o terror vivido pelas mulheres no governo teocrático e cruel de Gilead, uma violência que estava afugentando as telespectadoras.
Mas a união das criadas contra os poderosos homens da versão fundamentalista religiosa dos Estados Unidos não passou de um cheirinho. Nos primeiros episódios, June chegou a bolar planos e mostrar empolgação com a ideia de unir mulheres em torno de um ideal. Elas, que hoje são meras escravas sexuais ou domésticas, antes eram profissionais independentes, com cargos como professora e engenheira.
Porém, com o desenrolar da história, o caminho heroico de June ganhou obstáculos antigos. Ela voltou a ser uma cordeirinha sob as ordens de Lydia (Ann Dowd) e regressou ao jugo implacável de Serena, virando uma marionete de sua ex-senhora.
Assim, The Handmaid's Tale desperdiça uma boa história em potencial com sua protagonista, dando ao telespectador mais do mesmo. Além de armar uma birra tola entre June e a criada Ofmatthew (Ashleigh LaThrop), sua parceira de passeio.
Desde a 2ª temporada, Yvonne Strahovski cresceu em cena com sua personagem, Serena
Desde a segunda temporada, Yvonne Strahovski só cresce em The Handmaid's Tale, na pele de Serena. Sua personagem dá a ela um vasto leque de emoções, e permite que a atriz tenha atuações marcantes --na terceira temporada, merecem destaque o quarto e o quinto episódios.
Atualmente, Serena tem jogo de cintura para liderar melhor a série do que June, por estar em uma situação de vida ímpar. Ela foi uma das defensoras e mentoras de Gilead, depois passou a ser provocada por June para transformar o regime por dentro, mostrou estar propensa a isso e flertou uma aliança com a ex-criada. Depois de tudo isso, ela traiu June e a colocou sob seu domínio novamente.
Tantas reviravoltas fazem Serena ser odiada por uma parcela do público, que torce para ela se dar mal, devido às suas atitudes contra June. Por outro lado, há aqueles telespectadores que entendem as motivações da personagem e ainda enxergam que ela pode ruir Gilead internamente. Essa gangorra de afeto e fúria é digna de menção.
Um feito importante de Serena, além de dar um drible em June, foi colocar seu marido, o embuste Fred (Joseph Fiennes), aos seus pés. Ele ficou acuado após o rapto de Nicole, e Serena se afastou, recusando o uso de aliança em público. Como essa rixa estava pegando mal para Fred na alta sociedade de Gilead, Serena ficou no controle da situação, e uma reunião do casal, apenas para manter as aparências, só ocorreu após ela determinar concessões e assumir as rédeas da relação.
The Handmaid's Tale tem ainda sete capítulos para finalizar a terceira temporada, e muita coisa pode acontecer. Por enquanto, a série fez mal proveito de tramas boas, que mereciam uma exploração mais aprimorada.
Para os críticos norte-americanos, a terceira temporada de Handmaid's Tale é uma decepção. No site Metacritic, a atual leva de episódios ganhou a nota 67 (de 100), contra 86 da segunda temporada e 92 da primeira, a que venceu o Emmy.
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