MEMÓRIA DA TV
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Cid Moreira deixou a bancada do Jornal Nacional em 1996 e foi substituído por William Bonner
Publicado em 4/4/2021 - 6h56
Há 25 anos, uma era foi encerrada no jornalismo brasileiro: Cid Moreira e Sérgio Chapelin deixaram o Jornal Nacional em 29 de março de 1996. Mesmo temendo rejeição do público, a Globo aproveitou a ocasião e fez uma dança das cadeiras em todos os seus noticiários, além de mudanças estéticas e editoriais.
Cid Moreira estava no JN desde a estreia, em 1º de setembro de 1969. Até 1996, foram mais de 7500 desejos de "boa noite". Ele também comandou outros programas da casa, como Globo Repórter e Fantástico.
Já Chapelin estreou na bancada do informativo em 1972 e teve algumas passagens por outras atrações da casa, como Fantástico e Jornal da Globo. Em 1983, se aventurou brevemente como animador de auditório no SBT. Voltou para a Globo em 1984, alocado no Fantástico, retomando a parceria com Cid entre 1989 e 1996.
A saída de ambos do telejornal e as demais mudanças pegaram muita gente de surpresa, tanto que foram noticiadas pela mídia apenas no início de março daquele ano. Os escolhidos para ocupar a bancada foram William Bonner e Lilian Witte Fibe.
Em 8 de março de 1996, o jornal O Globo confirmou as alterações, sacramentadas no dia anterior em reunião na Central Globo de Jornalismo (CGJ), no Rio de Janeiro (RJ), comandada por Evandro Carlos de Andrade (1931-2001).
De acordo com a reportagem, a troca de ambos ocorreu "porque, depois de uma avaliação interna, chegou-se à conclusão de que jornalistas transmitem maior credibilidade do que apresentadores ao divulgar os fatos".
Vale lembrar que, por muito tempo, Carlos Nascimento foi apontado como futuro âncora do JN, mas, apesar de ser bem aceito pelos paulistas, ele seria rejeitado pelos cariocas. Já a jornalista ganhou a disputa com Fátima Bernardes, que acabaria assumindo o telejornal em 1998, por conta da credibilidade nas informações econômicas e seu estilo pessoal de apresentar as notícias, com sorrisos e olhares irônicos.
Em entrevista ao Jornal do Brasil de 9 de março daquele ano, Cid se comparou a Pelé. "Estou satisfeito. Depois de tanto tempo sendo escravo, trabalhando aos sábados, não mereço um refresco? Uma comparação: o Pelé estava em plena forma, como também estou, e se recusou a jogar uma Copa porque queria sair numa boa. E assim comigo. No mundo, tudo se transforma, já dizia Lavoisier", enfatizou.
Na época, a mídia viu a movimentação da Globo como uma forma de combater o crescimento do jornalismo do SBT, que contava com o âncora Boris Casoy no TJ Brasil, contratou Marília Gabriela para o SBT Repórter e ainda exibia o Aqui Agora, que, no entanto, não tinha a mesma força de antes. O fato foi festejado pelo então diretor de jornalismo do canal de Silvio Santos, Albino Castro, em entrevistas na imprensa.
A Folha de S.Paulo de 17 de março informou que a Globo estava receosa com as mudanças, mas seguiria em frente. "Para evitar uma ruptura muito brusca, a emissora vai aumentar a quantidade de editoriais a serem apresentados no telejornal", informou a reportagem. "Apesar do receio da rejeição do público ao novo Jornal Nacional, a avaliação da direção da emissora é de que as mudanças são a chance de aumentar a credibilidade do jornalismo global", completou.
Além das mudanças no JN, Pedro Bial foi para o Fantástico; Renato Machado e Leilane Neubarth assumiram o Bom Dia Brasil, que passou a ser feito no Rio; Fátima Bernardes foi para o Jornal Hoje; e Mônica Waldvogel para o Jornal da Globo.
Chapelin foi para o Globo Repórter, onde ficou até 2019, e Cid seguiu contratado da Globo e continuou no JN apenas para editoriais, que logo foram descartados. Posteriormente, chamou a atenção em participações no Fantástico, como no quadro do mágico mascarado Mister M.
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