POLARIZAÇÃO POLÍTICA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
William Bonner no JN: Globo muda protocolo nas eleições para não colocar repórteres em risco
Por conta dos ataques violentos que jornalistas têm sofrido diariamente em entradas ao vivo, a Globo mudou seu protocolo para a cobertura do dia a dia dos presidenciáveis. A emissora não irá escalar os chamados "carrapatos", repórteres que seguem o candidato para onde ele for durante a campanha. Será a primeira eleição que a líder de audiência abre mão do esquema.
A decisão foi tomada por Ali Kamel, diretor de Jornalismo da Globo e comunicada para afiliadas recentemente, segundo apurou o Notícias da TV. Quanto à cobertura da campanha para governadores, a Globo orientou que a decisão será tomada caso a caso, a depender do clima de polarização de cada Estado.
Uma das recomendações é que candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) --que constantemente atacam a Globo-- sejam acompanhados por repórteres "à paisana", ou seja, sem identificação nos microfones. Essa medida já vem sendo tomada em convenções no Norte e Nordeste, por exemplo.
No caso da cobertura presidencial, a Globo vai apresentar a agenda diária dos concorrentes, com imagens de câmeras e vídeos de internet. Repórteres só gravarão textos para complementar as reportagens depois, em lugares neutros, longe da comitiva dos candidatos.
A campanha política de 2022 é a que mais preocupa a Globo por causa da tensão provocada pela polarização. Além disso, a emissora tem sido rejeitada nos seus projetos, tanto por Bolsonaro quanto por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente e líder das pesquisas.
O maior temor é uma possível recusa para entrevistas na bancada do Jornal Nacional, marcadas para começar no próximo dia 22. Neste ano, as sabatinas terão duração de 40 minutos e serão conduzidas por William Bonner e Renata Vasconcellos.
Pelo cronograma sorteado, Bolsonaro será sabatinado no dia 22, uma segunda; Ciro Gomes (PDT), na quarta (24); Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quinta (25); e Simone Tebet (MDB), na sexta (26). André Janones seria na terça (23), mas ele deverá desistir após fechar apoio a Lula.
Procurada pelo Notícias da TV, a Globo preferiu não dar detalhes dos protocolos: "Não comentamos medidas de segurança exatamente por questões de segurança. Mas garantimos que mesmo um cenário político tão polarizado não impedirá o trabalho legítimo da imprensa. A Globo fará, como sempre fez, uma cobertura das eleições com isenção e profissionalismo".
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