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ELTON RIBEIRO

Fora dos padrões, repórter faz história na Globo: 'O gordo, negro e pobre chegou lá'

REPRODUÇÃO/TV GAZETA ES

Elton Ribeiro no estúdio do ES1. Ao fundo, bancada com notebook e um monitor

Ao apresentar jornal, Elton Ribeiro lembrou origem humilde: filho de empregada e zelador

PIERO VERGÍLIO

pierovergilio@gmail.com

Publicado em 16/3/2021 - 7h00

Contratado pela TV Gazeta --afiliada da Globo no Espírito Santo-- desde 2019, o repórter Elton Ribeiro apresentou o ES1 sozinho pela primeira vez no último sábado (13). Filho de uma empregada doméstica e de um zelador, ele sintetiza sua conquista em uma frase: "O gordo, negro e pobre chegou lá".

Em entrevista ao Notícias da TV, o profissional se mostra entusiasmado com o fato de a mídia, de uma maneira geral, estar oferecendo mais espaço aos talentos que não se enquadram em padrões que ele considera ultrapassados. "Fico feliz e espero que eu esteja inspirando muita gente, inclusive os empregadores. Abram a mente e prestem atenção no profissionalismo da pessoa, independentemente se ela é gorda, magra, negra, ou de qualquer minoria".

Além dos telespectadores, o desabafo sobre a origem humilde no final do jornal também pegou seus colegas de surpresa. Isso porque ele nunca quis usar sua história de vida como um trampolim para novas oportunidades. "A minha intenção ao dar aquele recado foi inspirar. Há quem pense que a televisão é um ambiente para gente rica, mas, mesmo com as dificuldades, todo mundo pode chegar lá", incentiva.

Se por um lado Elton festeja a quebra de paradigmas, por outro reconhece que o fato de ser gordo, um dia, já foi uma barreira à sua ascensão. Ele chegou a ser aconselhado por amigos, até mesmo da área, a emagrecer. Embora estivesse disposto a seguir a orientação, sempre teve dificuldade para perder peso.

"Na TV Gazeta, eu me encontrei como comunicador: faço o que eu quero, no formato em que eu acredito. Recebo suporte e tenho toda a liberdade para desenvolver o meu trabalho. O reflexo dessa confiança foi a oportunidade de apresentar o jornal", valoriza.

Linguagem do povo

Elton revela que recebeu o convite para apresentar o jornal dois dias antes. Por enquanto, ainda não sabe quando irá repetir a experiência. Seja no estúdio ou na rua, ele pretende manter sua marca registrada: o jornalismo que preza pelo rigor na apuração das informações, mas que flerta com o bom humor, utilizando uma linguagem popular.

"Meu trabalho é calcado na prestação de serviço. Jornalismo, para mim, é se importar com o problema dos outros: minha missão é fazer ecoar a voz das pessoas. Quando eu vou lá fazer um buraco de rua, é porque a comunidade grita e ninguém resolve", conta Elton, que aponta como suas principais referências o jornalista Márcio Canuto, já aposentado, e Susana Naspolini, que atua no Rio de Janeiro.

O segredo é mergulhar de cabeça nas pautas. E ele não economiza esforços para informar, conscientizar ou apenas divertir quem está em casa. Assim, o jornalista se permitiu viver várias aventuras em reportagens ou entradas ao vivo: já se vestiu de Papai Noel, desceu em uma tirolesa, lutou caratê, kickboxing e entrou em um simulador de incêndio cuja temperatura pode ultrapassar os 800°C.

Também já se emocionou em algumas ocasiões. Foi o que aconteceu após a homenagem feita por uma turma de estudantes que se solidarizou com os profissionais que continuavam trabalhando na pandemia, escrevendo cartas de incentivo.

"Gravei a matéria com a menina. Mas só quando a reportagem foi ao ar eu vi e ouvi o teor da carta. Quando o VT terminou, eu estava ao vivo e não consegui segurar o choro", recorda Elton, que faz questão de enaltecer o trabalho da imprensa na pandemia.

"Há quem ainda negue a importância do isolamento, as recomendações para não se aglomerar e a eficácia da vacina. Agora, imagine se não tivesse o jornalismo para alertar as pessoas sobre o perigo do vírus, as taxas de ocupação dos leitos, que estão explodindo em todo o país, e as histórias de vidas perdidas, que não são números? Se não fosse a imprensa, estaríamos vivendo uma catástrofe ainda maior", decreta.


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