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NOVA DONA

Fora da Globo, Fórmula 1 vende direitos de transmissão para Rio Motorsports

DIVULGAÇÃO/FÓRMULA 1

Lewis Hamilton com o punho direito cerrado e erguido, em protesto contra o racismo, após vitória na Fórmula 1

Hamilton faz protesto antirracista após vitória; direitos de transmissão da Fórmula 1 foram adquiridos pela Rio Motorsports

RICARDO MAGATTI

ricardo@noticiasdatv.com

Publicado em 24/9/2020 - 17h26
Atualizado em 25/9/2020 - 12h12

A Fórmula 1 acertou nesta quinta-feira (24) a venda dos direitos de transmissão no Brasil para a Rio Motorsports. A empresa fechou um contrato de cinco anos com a principal categoria do automobilismo mundial. A vigência do acordo vale somente a partir de 2021, já que as corridas até o final deste ano ainda serão exibidas pela Globo, que não renovou o vínculo.

A informação foi divulgada pelo Estadão e confirmada ao Notícias da TV com fontes ligadas à Rio Motorsports. O anúncio oficial foi feito na manhã desta sexta-feira (25). No comunicado, a empresa confirma a criação de um streaming próprio para a categoria no Brasil, a F1TV Pro.

"Esse é o primeiro passo de uma parceria de longo prazo com a Fórmula 1. Estamos comprometidos em aumentar a base de fãs no Brasil e em oferecer uma nova experiência de transmissão para os brasileiros que amam o esporte há mais de 40 anos", disse JR Pereira, diretor-executivo da Rio Motorsports. 

A Liberty Media, dona da Fórmula 1, procurava interessados em exibir as corridas no Brasil desde que a Globo confirmou no mês passado que não renovaria o contrato, que vence em dezembro de 2020. A líder de audiência  não aceitou pagar o que o grupo norte-americano pediu, fez outras propostas, mas a negociação não avançou, e ela ficará sem a Fórmula 1 em sua grade de programação após quase 40 anos.

Além de não chegarem em um acordo pelos valores, a Liberty Media queria que a Globo incluísse em sua programação os treinos livres e classificatórios, hoje exibidos apenas na TV paga, no SporTV, e até mesmo o pódio, que fica restrito apenas ao site esportivo. A avaliação era de que o produto poderia ser mais valorizado. Mas a emissora bateu o pé.

O grupo, agora, busca interessados no mercado brasileiro para sublicenciar os direitos de exibição das provas da Fórmula 1 até 2025. O projeto é para que as corridas sejam transmitidas em vários formatos, na TV aberta, paga e também online, via streaming.

Estima-se que a Rio Motorsports possa faturar mais de R$ 3 bilhões ao longo dos cinco anos do acordo, em uma projeção baseada no rendimento obtido pela Globo, de cerca de R$ 600 milhões por ano.

"Estamos ansiosos para trabalhar com a Rio Motorsports como a nova detentora exclusiva dos direitos de transmissão da Fórmula 1 no Brasil, oferecendo ampla cobertura da modalidade em todo país e alcançando milhares de fãs apaixonados e de longa data. Também é uma ótima notícia que, pela primeira vez, a F1 TV Pro estará disponível no Brasil, proporcionando aos nossos fãs acesso ainda maior à ação na pista", falou Ian Holmes, diretor de direitos de transmissão da F1.

A Rio Motorsports era dona dos direitos de transmissão da MotoGP, adquiridos em março deste ano e repassados à Fox Sports. No entanto, o consórcio não cumpriu com parte do acordo e o contrato foi rescindido. A Disney negociou diretamente com a Dorna, dona da categoria, e assinou um vínculo com validade de seis anos para continuar exibindo as provas no canal esportivo.

SBT no páreo

A emissora de Silvio Santos aparece como uma das interessadas em comprar os direitos de transmissão da Fórmula 1. Após fechar a compra da Libertadores da América até 2022, o SBT quer ampliar sua programação esportiva.

Nas negociações com a Liberty Media, o SBT pode usar a mesma cartada que o ajudou a conquistar a Libertadores: maior espaço de exposição para os patrocinadores da própria Fórmula 1 na TV.

Primeiro contratado para a nova equipe de esportes da emissora, o narrador Téo José tem experiência e é conhecido do público que acompanha automobilismo. O nome do locutor foi tratado como prioridade pelos diretores da emissora justamente por ele ter ligação com o futebol e com as corridas.

Quem está por trás da Rio Motorsports

Com sede nos Estados Unidos, a Rio Motorsports é o consórcio que venceu --foi a única a concorrer-- em maio de 2019 a licitação para a construção e concessão do autódromo de Deodoro, no Rio de Janeiro, por 35 anos. O valor da obra gira em torno de R$ 700 milhões. O circuito quer desbancar Interlagos, em São Paulo, que tem contrato com a Fórmula 1 até dezembro deste ano, e receber as etapas do Grande Prêmio do Brasil a partir de 2021.

À frente do projeto, que conta com investidores estrangeiros, está José Antônio Soares Pereira Júnior. Conhecido como JR Pereira, o empresário já foi citado em investigações sobre o mensalão e também teve seu nome envolvido na operação Lava Jato. Ele não foi indiciado em nenhum dos casos. 

Além disso, segundo reportagem do jornal O Dia, o Ministério Público do Rio de Janeiro apontou que o consórcio teria ligação com Rafael Alves, suposto chefe do "QG da Propina" da prefeitura carioca. Alves teria sido o responsável por apresentar JR Pereira às autoridades municipais.

Diretor executivo do consórcio, JR Pereira se encontrou com Jair Bolsonaro em julho. O presidente apoia o projeto de construção do circuito no Rio e em maio do ano passado chegou a dizer que a corrida estava com "99% de chance" de ser realizada na cidade.

A construção do autódromo é alvo do Ministério Público Federal, que afirma que a obra é ilegal em virtude do impacto ambiental da pista dentro da Floresta do Camboatá, área de Mata Atlântica onde vivem espécies em extinção e que abriga mais de 200 mil árvores.

Agora dona dos direitos de transmissão da Fórmula 1, a Rio Motorsports também estaria interessada em comprar o Fox Sports no Brasil. Segundo o colunista Flávio Ricco, do R7, em junho, a empresa entrou com um pedido na Justiça para impugnar a fusão com a ESPN, alegando que a Disney atrasou e comprometeu o processo de venda ao não fornecer todos os dados. O caso ainda está sendo analisado.


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