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FABÍOLA REIPERT

Fofoqueira defende jornalismo profissional: 'Mulher de diretor e ex-BBB tomam lugar'

EDU MORAES/RECORD

Fábíola Reipert sorri no cenário do Balanço Geral. Telão ao fundo

Sucesso nas tardes da Record, Fabíola Reipert critica colegas sem diploma de Jornalismo

PIERO VERGÍLIO

pierovergilio@gmail.com

Publicado em 22/5/2021 - 7h15

Sem papas na língua para revelar os bastidores do "mundinho pantanoso dos famosos", Fabíola Reipert aposta na descontração durante A Hora da Venenosa. Fora do ar, porém, a fofoqueira muda o tom para sair em defesa do jornalismo profissional. "Muitas vezes ex-panicats, atores, cantores, ex-BBBs e até mulher de diretor tomam nosso lugar. A profissão deveria ser levada mais a sério", valoriza.

Ela cita como exemplo a própria rotina, que começa bem antes de o Balanço Geral entrar no ar. Já pela manhã, é feita a seleção de todas as notícias publicadas pelos sites, que se juntam aos conteúdos apurados pela produção.

"Eu não vou à emissora só para me preocupar com cabelo e maquiagem, ajudo a produzir o quadro junto com a nossa equipe. Ligo, escrevo e corro atrás de furos [notícias em primeira mão]. Eu e o [Reinaldo] Gottino participamos de reuniões. Imagina se eu chegasse lá só para colocar cílios postiços? Não dá, né? Por isso, que eu acredito que é necessário ser jornalista, sim".

Para os que tentam desmerecer o seu trabalho, a veterana afirma não se incomodar com a fama de fofoqueira. Fabíola acha "até engraçado" ser conhecida por esse apelido. Ao mesmo tempo, faz questão de minimizar os preconceitos contra a editoria de celebridades.

"Todas têm o seu valor. Apurar notícias dá o mesmo trabalho para qualquer área. Quem cobre política também faz fofoca; afinal, tem tantos assuntos de política que caberiam no noticiário de celebridades", compara, aos risos, ressaltando que a vida pessoal dos famosos é um dos temas que mais desperta o interesse do público, em jornais, televisão, revistas ou internet.

Blindagem e veneno

Criada originalmente em 2014, A Hora da Venenosa nasceu em São Paulo e se transformou em uma pedra no sapato da Globo, alcançando a liderança com frequência. O sucesso do quadro inspirou a Record a criar outras versões das fofocas para as regiões do país.

DIVULGAÇÃO/RECORD

Irmã de Fabíola, Mabell (à esq.) também faz fofoca

Bem-humorada, Fabíola abandona qualquer resquício de modéstia ao se autoeleger a mais venenosa dentre todas as profissionais que contracenam com a cobra Judite. A sua principal qualidade, segundo ela, é a coragem para falar as coisas. Nem mesmo a irmã, Mabell Reipert  --que faz o quadro na região da Baixada Santista, litoral de São Paulo--, herdou tamanha ousadia.

Mas será que ela pode falar mal de contratados da Record? "Se você observar, nenhum veículo fala mal de si mesmo. Por outro lado, se acontecer alguma notícia relevante, a gente vai repercutir. Ninguém está proibido de falar [da emissora]. Não existe isso, não dessa maneira", despista Fabíola, que também revela como é a sua relação com os fofoqueiros concorrentes.

O pessoal da Sonia [Abrão] sempre fala da gente, e vice-versa. A Catia [Fonseca] eu acho ótima. A Chris Flores é minha amiga, desde o jornal Agora. Eu gosto de todos eles. A gente não tem que ser rival, briguinhas e puxadas de tapete são desnecessárias. A classe jornalística precisa se unir

O acaso e a mudança

Se hoje a televisão ampliou a popularidade de Fabíola, o início no veículo foi por acaso. Da primeira aparição da jornalista  --como integrante do júri do Troféu Imprensa, em 1999-- aos dias de hoje, algumas inseguranças permanecem. Ela conta que ainda se questiona se aprendeu a olhar para a câmera, por exemplo.

Por outro lado, Fabíola acredita que a televisão ajudou a mudar sua imagem. "Quando você dá a sua cara a tapa na TV, você mostra quem você é verdadeiramente, porque não é muito fácil fingir. As pessoas perceberam que não sou uma pessoa amarga nem quero prejudicar ninguém. Não estou dizendo que sou boazinha. Eu apenas mostrava a realidade", defende-se.

Embora profetize que a maioria dos jornalistas serão processados algum dia, o número de ações judiciais das quais ela é ré diminuiu drasticamente. Ela também atribui essa queda ao fato de estar na TV.

Segundo Fabíola, isso aconteceu porque textos publicados online podem ser reproduzidos, e principalmente, distorcidos com mais frequência. "É comum, por exemplo, fazerem títulos tendenciosos usando o seu nome. Ironicamente, quem acaba sendo responsabilizado é o autor ou o veículo original", lamenta.

Ela cita uma notícia sobre a separação dos atores Alexandre Borges e Júlia Lemmertz, oficializada em 2015, como o seu maior arrependimento profissional. "Eu sabia que o casamento deles estava em crise e publiquei, mas o Alexandre me ligou e pediu, muito educadamente, que eu parasse de repercutir o caso, pois isso estava afetando o filho deles, que ainda era pequeno", recorda Fabíola, que só voltou a falar no assunto quando os dois confirmaram a informação de maneira oficial.

Mesmo tendo enfrentado percalços, ela se orgulha de sua trajetória. "Cheguei até aqui apenas com meu trabalho, sem puxar o tapete de colegas, sem precisar fazer nada que ferisse meus princípios, sem ser apadrinhada por ninguém. Já trabalhei muito até hoje. Não tenho preguiça, estou com dor nas costas de tanto trabalhar", dispara.


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