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AMOR & SORTE

Fernanda Montenegro protesta contra 'caça às bruxas' aos artistas: 'Uma imbecilidade'

ANDRUCHA WADDINGTON/TV GLOBO

A atriz Fernanda Montenegro sentada e caracterizada como a Gilda em cena de Amor & Sorte

Fernanda Montenegro em cena de Amor & Sorte; atriz lamenta a desvalorização dos artistas

DANIEL FARAD, do RIo de Janeiro

Publicado em 2/9/2020 - 16h09

Aos 90 anos, Fernanda Montenegro afirmou que o Brasil não precisa passar por uma pandemia para enfim voltar a reconhecer e valorizar os seus artistas. A intérprete avaliou que o país passa por um de seus piores momentos de retrocesso, mas indica que a sua profissão não precisará renascer das cinzas. "Nós somos imorríveis", disparou.

"É uma imbecilidade, um retrocesso gigantesco e trágico, porque nós não vamos acabar. A cultura de um país é tudo a que um homem pode aspirar de transcendência", discursou a veterana durante coletiva virtual da série Amor & Sorte na tarde desta quarta (2).

Um dos principais nomes da dramaturgia nacional, a mãe de Fernanda Torres não escapou de ser achincalhada em meio à polarização política do país. Ao posar como uma bruxa em uma fogueira de livros para a capa da Quatro Cinco Um, a artista foi chamada de "sórdida" por Roberto Alvim --então diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte (Fundação Nacional de Artes).

Em 75 anos de carreira, ela se surpreende ao ver a profissão tão desmerecida justamente em um momento que deveria ser de plena democracia --com congresso aberto e eleições diretas.

"Eu nunca vi, mesmo no período militar, um momento em que a zona artística tenha tão pouco prestígio quando agora. Mas nós temos criatividade e não vamos ficar no meio do caminho. É só uma questão de tempo", analisou.

Fernanda, no entanto, acredita que será preciso respirar fundo para superar os tempos difíceis. "É um ciclo que vai passar, e não estou assustada. É só um problema de paciência, fingir que eles vão ter algum poder durante algum tempo. Não têm não, imagina", ponderou.

Ela apontou ainda que nunca as pessoas consumiram ou encontraram refúgio na arte quanto na pandemia de coronavírus (Covid-19). "E estamos vivos, sim, produzindo, sim, com maior dificuldade, interferência, maior destrutividade em volta, tudo bem", disse.

A artista acredita que quando as nuvens se dissiparem, a História deixará bem claro a posição de cada um neste período de turbulência. "Estamos existindo, sim. Com um interregno, aí, mas não seremos nós que vamos ficar no fundo da terra. Não seremos, mesmo", arrematou Fernanda.

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