Taís Araujo e Lázaro Ramos se viram nos 30 para fazer 'dramaturgia contra a peste'

Trancados dentro de casa, Taís Araujo e Lázaro Ramos se desdobraram pela frente e também por trás das câmeras para gravar um dos episódios da nova série da Globo, Amor & Sorte. Além de atuar, o casal ainda precisou se virar com a parte técnica da produção, incluindo direção de arte, foco, luz e maquiagem, para criar uma "dramaturgia da peste" --histórias criadas e profundamente marcadas pela pandemia de coronavírus (Covid-19).

O termo foi cunhado pelo autor Jorge Furtado para classificar a trama, uma das poucas produções inéditas que a emissora exibirá a partir de setembro. "O único critério era a segurança dos atores e, por isso, eles iam fazer tudo sozinhos. A gente criou toda uma engenharia para conseguir isso, desde entregar o equipamento a trabalhar com a equipe remotamente", explica.

Após alguns testes preliminares, os dois receberam na sua residência, no Rio de Janeiro, 12 caixas com equipamentos e mais sete com o cenário e figurinos. "A nossa casa tem três andares, então imagina carregar tudo isso para cima e para baixo. Teve um dia que eu já estava tão cansado que me irritei para desembolar o fio de internet, que era levíssimo", entrega Lázaro.

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O galã assina a direção do primeiro capítulo juntamente com a diretora artística Patrícia Pedrosa, cuja equipe criou uma caixa-preta para facilitar a vida dos intérpretes. "A minha certeza de que ia dar certo era que o Lázaro sabia mexer em tudo, porque eu sou muito ruim. Se não tivesse ele, tinha dado tudo errado", dispara Taís, mãe de João Vicente e Maria Antônia, de nove e quatro anos.

"Eu nunca tinha visto uma caixa como aquela, veio com um tutorial em 17 vídeos longuíssimos (risos) que a gente teve que assistir. Eles foram muito didáticos, mas também tinha uma cordinha que a gente só puxava e já ligava uns cinco botões de uma vez", revela o baiano.

Ataque de nervos

Uma das maiores dores de cabeça para a dupla foi o equipamento de áudio que, frequentemente, necessitava de uma nova carga. "Eu não imaginava o quanto se gasta com pilha. É muita coisa. A gente que é ator não tem a menor noção, fica muito preservado", analisa Taís. "Eu nunca mais vou reclamar quando precisar trocar a bateria de um microfone de lapela", brinca o seu marido.

Na história, os dois interpretam um casal quarentenado e à beira de um ataque de nervos --roteiro assinado por Alexandre Machado. A artista, aliás, sentiu na pele a histeria de sua personagem ao enlouquecer por ficar encarregada da direção de arte.

"A gente estava no último andar e o pessoal me perguntava sobre uma suculenta que ficou dentro das caixas lá embaixo, até porque eu só fui tirando os objetos sob demanda. Vai que não usa. Depois que subi, veio a capa do celular. Tavam me zoando, não pode ser. Lá fui eu pegar. Quando voltei, tinha o adesivo para tapar a marca. Soltei um palavrão, mas fui de novo", relata ela.

Em oito dias de gravação noturnas, os dois ficavam de pé até as 2h da manhã antes de darem por encerradas as suas atuações. O perrengue, contudo, continuava. "A gente ainda tinha que arrumar tudo. Ficava uma galera remotamente ajudando a gente a desligar o equipamento", conta a intérprete da Vitória de Amor de Mãe.