Eva Wilma e Nicette Bruno quase foram demitidas da Globo; saiba quem salvou

Na pandemia, a Globo rescindiu o contrato de atores como Antonio Fagundes e Stênio Garcia. Os nomes de Eva Wilma (1933-2021) e Nicette Bruno (1933-2020) também deveriam estar na lista dos veteranos demitidos pela emissora. Elas foram salvas pelo empresário Marcus Montenegro, 51 anos, dono da agência Montenegro Talents. Em prolongadas reuniões com os executivos da emissora, ele conseguiu renovar por mais dois anos os contratos de pelo menos seis veteranos.

Montenegro foi o responsável pela mobilização envolvendo a hashtag #EuQueroVeteranosNaTV, que ganhou força em meados de 2020, após a demissão de um dos casais mais queridos da televisão, Tarcísio Meira e Glória Menezes.

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Profissionais como Gloria Pires, Claudia Raia, Caio Blat, Caco Ciocler, Beth Goulart, entre outros, usaram suas redes sociais para participar da ação em prol de veteranos na televisão. Para Montenegro, 2020 foi diferencial nessa relação de maior trabalho para os veteranos:

O Oscar, por exemplo, consagrou como melhor ator e melhor atriz artistas com mais de 50 anos [Anthony Hopkins e Frances McDormand]. No Brasil, depois das manifestações, tivemos o The Voice+, que trouxe dezenas de vozes maravilhosas com artistas mais velhos. Fiquei muito satisfeito com essas ações e com a retomada de olhar para esses profissionais com mais idade.

Após a mobilização, a Globo convocou Montenegro para uma série de reuniões. Segundo o agente, as conversas foram longas, porém amigáveis e tranquilas.

Ele saiu da mesa de negociações com a renovação dos contratos não só de Eva e Nicette, mas também de Nathalia Timberg, Irene Ravache, Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça durante, pelo menos, mais dois anos --o contrato de todos eles têm prazo de validade até meados de 2022.

Montenegro também tem negociado trabalhos para veteranos fora da Globo, entre eles séries e documentários para o streaming e peças de teatro: "Existe um mercado que sabe da importância desses atores e está de olho neles. Os veteranos só querem ser incluídos em boas histórias, com bons personagens".

Adeus a Eva Wilma e Nicette Bruno

Após lutar contra o novo coronavírus durante durante 24 dias, Nicette Bruno não resistiu às complicações causadas pela Covid-19 e morreu em 20 de dezembro. Menos de cinco meses depois, Eva Wilma foi vítima de um câncer de ovário, no último dia 16. Mais do que agenciadas, elas eram amigas de Montenegro. "Eu me sinto órfão", conta.

É uma geração que eu admiro não só como pessoas, mas como profissionais, como amigas. Eu convivia com elas diariamente. Eram apaixonadas pelo que faziam. Eva trabalhou até seu último dia de vida, gravando uma narração para um filme. Naquele dia ela me mandou um beijo, foi o último que recebi dela.

"Bibi [Ferreira], Marilia [Pêra], Nicette e Eva fazem parte de uma geração que está indo embora e não tem substituta. Não seremos capazes de criar um grupo de artistas que gostava do seu trabalho pela arte, não para ganhar curtidas e seguidores. São atrizes que deixaram um legado intacto e atemporal. Eu prometi a elas que não deixarei suas memórias apagarem", diz.

Apesar de a pandemia persistir sem trégua no Brasil, Montenegro enxerga com confiança os próximos passos. Para ele, 2022 marcará a retomada segura da televisão, com o retorno de novelas inéditas e gravações a todo vapor.

O empresário artístico Marcus Montenegro

Se tudo se concretizar, o agente, que acabou de lançar o livro Ser Artista, um manual para quem quer seguir a carreira, começará a divulgar seu manuscrito presencialmente, além de preparar um monólogo com Caco Ciocler baseado na obra.

Uma série, chamada Eu e as Divas, minuciando suas relações pessoais e profissionais com as principais atrizes do país, também está em negociação com algumas plataformas de streaming. 

E, claro, ele vai voltar à mesa de negociações para conseguir mais contratos duradouros para seus veteranos.