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Éramos Seis: Versão do SBT amenizou desfecho de Lola e deu final feliz a Clotilde

Divulgação/SBT

Tarcísio Filho, Luciana Braga, Jandir Ferrari, Othon Bastos, Irene Ravache e Leonardo Brício na versão do SBT da novela Èramos Seis

Tarcísio Filho, Luciana Braga, Jandir Ferrari, Othon Bastos, Irene Ravache e Leonardo Brício na versão do SBT

THELL DE CASTRO

Publicado em 26/1/2020 - 6h24

Assim como a atual novela em exibição pela Rede Globo, a versão de Éramos Seis produzida pelo SBT em 1994 não foi 100% fiel ao livro de Maria José Dupré (1898-1984), especialmente no final, quando foram realizadas diversas mudanças. Personagens escaparam da morte, Lola (Irene Ravache) teve uma visão do marido morto e Clotilde (Jussara Freire) e Almeida (Paulo Figueiredo) puderam ser felizes para sempre.

Comovido com a história de Lola, que terminava sozinha e completamente abandonada em um asilo, o público fez um abaixo-assinado solicitando a um dos autores da trama, Rubens Ewald Filho (1945-2019), um final mais leve para a mãe-heroína da trama.

Em entrevista ao jornal O Globo de 30 de outubro daquele ano, no entanto, o autor disse que não mudaria radicalmente esse desfecho. "Demos uma atenuada, para que o final não fosse baixo-astral como o do livro. Dona Lola vai para um asilo de freiras, onde cuidará das crianças da creche", explicou.

"Lola tem uma visão do marido morto, Júlio (Othon Bastos). Em 1942, velhinha e de cabelos brancos, Lola reclama que ele a abandonou. Júlio responde que, mesmo morto, estava ao lado dela o tempo todo", destacou a Folha de S.Paulo de 13 de julho de 1994.

Na época, a mídia comparou essa aparição de Júlio com o filme Ghost, de 1990, e a novela A Viagem, que fazia sucesso na Globo. "Não acho que haja semelhanças. O surgimento de Júlio na igreja não precisa, necessariamente, ser interpretado como o de um espírito. Pode simplesmente ser a imaginação de Lola", disse Othon Bastos ao jornal O Globo em 12 de novembro de 1994.

O ator ainda destacou que a personagem passou boa parte da novela conversando com a fotografia do marido, depois da sua morte. "Assim, segundo Othon, a cena final, na igreja, poderia ser uma continuação daquelas conversas", destacou o texto. "Pois essa solução foi um achado dos autores da novela", completou o ator.

Clotilde e Almeida

A principal mudança aconteceu no caso do casal Clotilde e Almeida. Após muito sofrimento, ao contrário do que acontece no livro, eles terminaram juntos. "Já que Lola termina tão mal, pelo menos Clotilde encontrará a felicidade", explicou Ewald à Folha de S.Paulo de 4 de setembro de 1994.

Jussara Freire (Clotilde), Denise Fraga (Olga) e Irene Ravache (Lola) na versão de 1994 (Reprodução)

Em entrevista ao jornal O Dia de 13 de novembro de 1994, o autor falou um pouco mais sobre essa novidade, incluindo o perdão de Lola à irmã. "O público sofreu demais durante esses cinco meses e merecia ser premiado com um desfecho positivo. As mães se identificam com Lola. Ela não poderia se agarrar a preconceitos antigos. Quero mostrar que as pessoas evoluem", esclareceu.

Outras modificações também foram feitas na trama produzida pelo SBT. Na mesma matéria do jornal O Dia, Ewald explicou algumas delas. "No romance, há uma carnificina. Alonso [atual Afonso], Higino, Candoca e Emília morreram na última passagem de tempo. E essas mortes não têm função dramática. Resolvi deixá-los vivos", contou.

"Emília [Nathália Timberg] sofre derrame e termina seus dias em uma cadeira de rodas. Justina [Mayara Magri] se cura e vira artista e escritora. Adelaide [Bete Coelho] torna-se nobre ao se casar com um conde italiano", continuou a reportagem, que também destacou o final feliz para o casal Olga (Denise Fraga) e Zeca (Osmar Prado) juntamente com seus seis filhos.

A versão de Éramos Seis do SBT foi exibida entre 9 de maio e 5 de dezembro de 1994, obtendo médias de 15 pontos de audiência, índice considerado satisfatório por Silvio Santos, de acordo com a mídia da época.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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