SUBSTITUTA DE ÓRFÃOS
RAQUEL CUNHA/TV GLOBO
A família de Dona Lola (Gloria Pires, ao centro) na primeira fase de Éramos Seis, nova novela das seis da Globo
KELLY MIYASHIRO
Publicado em 28/9/2019 - 5h13
Substituta de Órfãos da Terra, Éramos Seis estreia na próxima segunda-feira (30) para ocupar a faixa das 18h da Globo. Baseada no livro homônimo de Maria José Dupré (1898-1984), a obra já foi adaptada para a televisão outras quatro vezes. Mas o que explica o sucesso por trás de uma novela de época que ainda atravessa gerações?
Ao Notícias da TV, Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP (Universidade de São Paulo), explica que a obra é um melodrama familiar que conquista o público. "A trama consegue agregar os melhores ingredientes: o tom sentimental, de forte saudosismo, que toca direto o coração dos leitores, da plateia ávida por compartilhar emoção", diz.
Alencar também atribui o sucesso da trama a Lola, personagem de identificação fácil com o público, seja em qualquer época ou em qualquer tipo de família. A personagem, que será vivida por Gloria Pires na nova versão, de autoria de Angela Chaves, é a típica matriarca bondosa e batalhadora, que faz de tudo pela família.
Na trama, Lola é casada com Júlio (Antonio Calloni), com quem teve quatro filhos: Isabel (Maju Lima/Giullia Buscacio), Carlos (Xande Valois/Danilo Mesquita), Julinho (Davi de Oliveira/André Luiz Frambach), e Alfredo (Pedro Sol/Nicolas Prattes).
A narrativa abordará um tema típico de novelas: a superação de obstáculos, usando como pano de fundo as relações familiares, as frustrações da vida, romances, e drama. O tipo de receita que faz muito sucesso com os telespectadores.
O livro Éramos Seis foi lançado em 1943, e foi adaptado para uma radionovela apenas dois anos depois, sendo transmitido pela Super Rádio Tupi. Só em 1958 a obra foi exibida pela primeira vez na televisão, pela Record. Pela extinta TV Tupi, a novela foi adaptada em 1967, e a terceira versão foi ao ar em 1977.
Em 1994, o SBT comprou os direitos sobre a trama e produziu Éramos Seis pela quarta vez, em uma grande produção da emissora. A novela foi a primeira a ser gravada dentro do complexo que Silvio Santos montou na rodovia Anhanguera. Com um investimento de US$ 2 milhões, uma cidade cenográfica foi construída especialmente para a trama.
Irene Ravache foi a protagonista de Éramos Seis. A atriz sugeriu que o SBT adiasse em uma semana a estreia da novela por causa da morte do piloto Ayrton Senna (1960-1994), em 2 de maio. Ela disse que a trama não poderia ir ao ar em um momento tão triste para a população brasileira.
A sugestão foi acatada e a adaptação estreou em 9 de maio, sendo exibida até 5 de dezembro do mesmo ano. A trama marcou a estreia em novelas de artistas como Ana Paula Arósio, Otaviano Costa, Caio Blat e Carla Diaz.
Como uma boa novela de época, Éramos Seis deverá mostrar que debates antigos podem continuar existindo nos dias atuais. A trama precisa se aproximar das novas gerações, constituídas por mulheres independentes e provedoras de suas próprias casa, pois é cada vez mais difícil encontrar uma Dona Lola por aí.
Mauro Alencar também avalia que a autora da nova adaptação terá que buscar uma forma de equilibrar o retrato da desigualdade de gênero e ainda manter a essência original da obra de Maria José Dupré.
"Pelo que li em matérias, Lola terá uma voz mais empoderada nessa versão com Gloria Pires. E pelo que conheço das características da obra da autora [original], ela certamente concordaria com a Lola criada no século 20, mas produzida no caótico século 21", finaliza o especialista em novelas.
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