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MEMÓRIA DA TV

Em 1997, Silvio Santos colocou Chaves no lugar de telejornal sob protestos internos

FOTOS: DIVULGAÇÃO/SBT

O jornalista Boris Casoy usa terno cinza e olha para baixo para ler roteiro durante apresentação do RJ Brasil, do SBT

Boris Casoy durante apresentação do TJ Brasil, que ficou no ar de 1988 até 31 de dezembro de 1997

THELL DE CASTRO

Publicado em 27/12/2020 - 6h45

Mais destacado telejornal da história do SBT, o TJ Brasil foi tirado do ar por Silvio Santos há 23 anos, em 31 de dezembro de 1997, sete meses após perder seu âncora, Boris Casoy, que foi para a Record. No lugar, o dono da emissora colocou Chaves. Executivos do SBT até tentaram convencer Silvio a voltar com o telejornal, mas a tática não deu certo.

O informativo estreou em agosto de 1988, como parte da estratégia de Silvio para dar credibilidade, aumentar o faturamento e tentar brigar pela liderança com a Globo.

O animador contratou Casoy, egresso do jornalismo impresso, para atuar como âncora, figura que podia fazer comentários sobre o noticiário e não era utilizada por aqui, ao contrário da TV americana, por exemplo.

Com bordões como "isso é uma vergonha" e "é preciso passar o país a limpo", Casoy sempre manteve boa audiência para o canal, especialmente na época do impeachment de Fernando Collor, em 1992.

Em 1997, o jornalista foi anunciado como reforço pela Record, onde comandaria, a partir de 14 de julho, o Jornal da Record, principal informativo do canal de Edir Macedo.

No dia 31 de maio daquele ano, Casoy apresentou sua última edição do TJ Brasil, despedindo-se do público no final do telejornal. "Novos rumos profissionais fazem desse o meu último dia aqui no SBT. Quero fazer meu agradecimento a todos os funcionários indistintamente e à diretoria do SBT, pelas gentilezas de que fui alvo em todo o período em que aqui permaneci", declarou o jornalista.

Casoy também agradeceu nominalmente Luciano Callegari e Guilherme Stoliar, que dirigiam o canal, Luiz Sandoval, que presidia o Grupo Silvio Santos, e o próprio animador, chamado por ele de "mola propulsora do SBT".

Hermano Henning virou o âncora no lugar de Casoy

Para rebater a contratação de Casoy, o SBT tirou Ney Gonçalves Dias da Record. O jornalista, que comandava o Cidade Alerta e tinha a maior audiência do canal, passou a apresentar o Aqui Agora, que estava meio esquecido na grade da emissora.

Busca por um novo âncora

A partir da saída de Casoy, o TJ Brasil passou a ser comandado, interinamente, por Hermano Henning, pelo menos enquanto o canal procurava um novo nome.

Entre os cogitados estiveram Eliakim Araújo (1941-2016) e Leila Cordeiro, que já atuavam na emissora, Paulo Henrique Amorim (1943-2019), Chico Pinheiro, Marília Gabriela e, até mesmo, Cid Moreira, que havia deixado o Jornal Nacional no ano anterior.

Em agosto, a busca acabou e a solução foi caseira: o próprio Henning foi confirmado como nova cara do TJ Brasil.

Mas a experiência durou poucos meses. Em 29 de dezembro de 1997, o então diretor de jornalismo do SBT, José Carlos de Andrade, distribuiu um memorando interno avisando que a atração seria extinta. No dia 31 de dezembro de 1997, foi ao ar a última edição do TJ Brasil, que acabou sendo substituído por Chaves.

"Fiquei entristecido porque fazíamos jornalismo com dignidade. O telejornal tinha bom faturamento, mas estava fragilizado por causa do horário. Quando era exibido às 19h15, a média de audiência era 13 pontos. Depois, passou para 18h30, caiu para 7 pontos e, com a chegada do horário de verão, foi a 4 pontos", explicou Henning ao jornal O Globo daquele dia.

No lugar do TJ Brasil, algum tempo depois, foi ao ar o Jornal do SBT – CBS Telenotícias, com Eliakim e Leila. Henning, que também participava dessa atração, acabou indo para o Jornal do SBT, no início das madrugadas, em 1999. Ele deixou o canal em fevereiro de 2017 após 23 anos de trabalho.

Executivos do SBT até tentaram convencer Silvio a voltar com o telejornal entre janeiro e fevereiro de 1998, por questões comerciais e pedidos das afiliadas, mas a tática não deu certo.

Desde então, o canal voltou a investir em jornalismo apenas em 2005, quando contratou Ana Paula Padrão, e, no ano seguinte, Carlos Nascimento, que, inclusive, foi recentemente dispensado, mostrando que as notícias continuam não sendo a prioridade da emissora.


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