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NO ESCURO

De acusação de assédio a extinção do Zorra: Humor na Globo tem ano de lágrimas

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Marisa Orth, Victor Lamoglia, Karina Ramil, Robson Nunes e Diogo Vilela em esquete da última temporada do Zorra, da Globo

Marisa Orth, Victor Lamoglia, Karina Ramil, Robson Nunes e Diogo Vilela na última temporada do Zorra

MÁRCIA PEREIRA

marcia@noticiadastv.com

Publicado em 27/12/2020 - 7h10

Não é de hoje que a Globo experimenta novas fórmulas no humor e parece não encontrar sua "menina dos olhos". Entretanto, o cenário nunca esteve tão desolador como agora. Talentos contratados não sabem o que vão fazer em 2021. O principal humorístico da emissora, o Zorra, saiu de cena de vez. Para piorar, a queda do chefe do departamento, Marcius Melhem, e a vinda à tona dos detalhes de acusações de assédio sexual contra ele transformaram o núcleo de diversão em um vale de lágrimas. 

Os mais novos talvez não tenham "captado a mensagem", mas algumas gerações cresceram rindo com Os Trapalhões (1966-1995), Chico Anysio Show (1960-1963 e 1982- 1990), Viva o Gordo (1981-1987), TV Pirata (1988-1992), A Turma do Didi (1998-2010) e Casseta & Planeta Urgente (1992- 2012), entre outros.

Os chamados sitcoms (comédias de situação) também já foram estrelas da programação, caso dos extintos Sai de Baixo (1996-2002), Os Normais (2001-2003) e A Grande Família (2001-2014). No entanto, os lançamentos para fazer o público rir duram cada vez menos.

A busca por algo que vire um fenômeno no gênero sempre esteve presente, e o Tá No Ar (2014-2019) e a própria reformulação do Zorra Total, que virou Zorra em 2015, provam que nos bastidores o investimento em atingir os anseios do público nunca cessaram. 

O começo do ano parecia promissor para os humoristas da casa. Rafael Portugal fez sucesso com o quadro CAT BBB e, mesmo diante da pandemia, o Zorra manteve esquetes feitas com elenco em isolamento social em suas casas. O departamento se reinventava devido à pandemia de Covid-19. Mas foi em agosto que a situação começou a degringolar.

reprodução/record

Marcius Melhem em entrevista à Record

A anunciada não renovação de contrato de Marcius Melhem foi seguida de um silêncio para os já poucos lançamentos de humor. Em outubro, a Globo decidiu cancelar o Zorra. A emissora avisou o elenco e os roteiristas que o programa acabaria. Até então, a ideia era criar um novo núcleo de humor, com nomes como Marcelo Adnet e Fernando Caruso no time de criação.

"O humor é fundamental para a composição dos nossos conteúdos. Diante dos desafios impostos pela Covid, que tem impactado muito nossos cronogramas de produção, optamos, em 2021, por reunir todo o potencial criativo da Globo em um programa novo, juntando as equipes do Fora de Hora, Zorra e Escolinha do Professor Raimundo", informou a Globo em comunicado na época.

"Assim, vamos oferecer para o espectador o melhor de cada gênero de humor, num programa variado e com muitas possibilidades de desdobramentos futuros. Será um verdadeiro laboratório de formatos e talentos que poderá nos trazer mais novidades", dizia a nota da emissora.

Porém, a espera continua até agora. O cenário ficou mais obscuro após os detalhes das acusações de assédio contra Melhem se tornarem públicas na longa reportagem de João Batista Jr. publicada pela revista Piauí.

Um episódio triste, conturbado e ainda com lacunas segue sendo acompanhado assim como o enredo de uma novela, enquanto na TV o humor faz ainda mais falta para quem só quer apertar o controle remoto e se alegrar um pouco.


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