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MEMÓRIA DA TV

Em 1991, tentativa de sequestro de Xuxa e Leticia Spiller teve tiroteio e mortes

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A apresentadora Xuxa Meneghel com uma camisa azul, boné preto e microfone na mão no comando do Xou da Xuxa

A apresentadora Xuxa Meneghel no comando do Xou da Xuxa, programa exibida entre 1986 e 1992

THELL DE CASTRO

Publicado em 26/7/2020 - 7h05

Em 1991, no auge do sucesso, quando comandava o Xou da Xuxa nas manhãs da Rede Globo, Xuxa Meneghel e sua então paquita Leticia Spiller por pouco não estiveram na mira de dois homens que tinham planos de sequestrá-las. A tentativa foi bloqueada pela polícia, que acabou matando um dos suspeitos no tiroteio. Um policial também morreu.

O fato ocorreu em 7 de agosto daquele ano, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro (RJ). Douglas Loricchio, de 18 anos, foi morto, e seu irmão Alberto, de 21, foi ferido no tiroteio com a Polícia Militar e vigilantes de um carro forte. De acordo com as autoridades, ambos se preparavam para sequestrar Leticia e "Ruça", que acreditavam ser provavelmente a própria Xuxa.

Vindos de São Paulo (SP), os irmãos estavam em um automóvel Chevette equipado com escopetas na traseira e na frente para serem acionadas por meio de um dispositivo eletrônico fixado embaixo do painel. Passava das 13h quando a segurança do Teatro Fênix desconfiou do veículo.

Os dois ocupantes foram abordados pelo soldado Durval Alves de Melo, baleado quando explicava que na rua Lineu de Paula Machado era proibido estacionar. O também soldado José Ailton do Nascimento, que foi em seu auxílio, morreu no local. "O rapaz disse que ia levar Leticia e Ruça para São Paulo porque é apaixonado por elas", declarou o tenente Wagner Villares de Oliveira ao Jornal do Brasil do dia seguinte.

No Chevette, a polícia encontrou um arsenal: um revólver calibre 38, oito granadas de mão, duas bombas caseira e uma de efeito moral colada com esparadrapo, além das escopetas de fabricação caseira. "Também foi achado um mapa indicando a localização do Teatro Fênix, a casa de produção da Xuxa e as mãos de várias ruas da zona sul", informou a reportagem do JB.

Xuxa rodeada por quatro paquitas cantando e dançando no Xou da Xuxa no ano de 1988

Xuxa ameaçou deixar o Brasil

Xuxa, que não ficou sabendo dos fatos imediatamente, já que estava em gravação, por pouco não chegou ao local bem perto do momento do tiroteio. "Marlene [Mattos, diretora do Xou da Xuxa] ontem teve a intuição de pedir à Xuxa que entrasse no Teatro Fênix pela rua Jardim Botânico e não, como costuma fazer, pela Lineu de Paula Machado, onde ocorreu o tiroteio quase na mesma hora em que ela chegava", informou a reportagem.

Segundo Marlene, ninguém desconfiaria de um carro velho com dois jovens dentro, porque Xuxa trabalha com crianças e adolescentes no seu programa. "Quero saber quem está por trás desses dois jovens", enfatizou.

Após o fato, Xuxa ficou muito irritada e ameaçou deixar o Brasil. Marlene disse ao JB que a segurança da apresentadora seria reforçada e que o clima era de muita insegurança. Meses antes, a Rainha dos Baixinhos já tinha sido alvo de outra quadrilha, que sequestrou, por exemplo, o empresário Roberto Medina, criador do Rock in Rio.

"Há muito tempo, a diretora anda preocupada com as 'caras estranhas' que à noite frequentam a calçada da rua Lineu de Paula Machado, no Jardim Botânico. Xuxa costuma sair muito tarde do teatro depois de um dia inteiro de gravação, como aconteceu na terça-feira, quando deixou o Fênix à meia-noite", informou o jornal.

Marlene também disse à reportagem que recentemente havia recebido instruções para reforçar o esquema de segurança de Xuxa, aumentando de dois para seis o número de profissionais que a acompanhavam, além de outros seis que se revezavam na casa dela, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio de Janeiro).

"Mas a gente não consegue contratar seguranças de uma hora para outra. Vamos tomar providências e, se for o caso, vamos tirar a Xuxa do Brasil", disparou a diretora.

"Não há como se proteger da marginalidade. Só se houver uma campanha de moralização neste país. Dizem que os brasileiros são preguiçosos e só pensam em Carnaval e futebol. Mas aqui fica difícil lutar por alguma coisa. Xuxa tem dez horas para dormir. O resto do dia ela trabalha. Como motivar as pessoas a lutarem se os adultos e as crianças não têm qualquer segurança?", concluiu Marlene, indignada.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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