Letícia Spiller revive paquita e Babalu e salva Sol Nascente do tédio

Considerado um especialista no desenvolvimento de histórias para a faixa das 18h, Walther Negrão retorna ao horário, desta vez acompanhado de Julio Fischer e Suzana Pires na autoria de Sol Nascente. A difícil tarefa do trio é manter os números de audiência para lá de satisfatórios da trama anterior, Eta Mundo Bom!.

Definida pelos autores como uma história firmada no tripé "amizade, família e amor", Sol Nascente conta a trajetória de Alice (Giovanna Antonelli) e Mario (Bruno Gagliasso), amigos de longa data e que, de repente, se dão conta do despertar do amor entre eles. Mas Alice se envolverá com César (Rafael Cardoso), o antagonista do folhetim. Em segundo plano, a trama mostra as culturas japonesa e, mais uma vez na teledramaturgia brasileira, italiana, por meio das famílias do casal principal.

Apesar da diferença de idade entre eles, Giovanna e Gagliasso têm o carisma necessário para protagonizarem uma novela, ainda que a atriz precise urgentemente descansar sua imagem _desde 2014, foram três novelas seguidas. Rafael Cardoso também não faz feio em sua estreia como vilão, embora a vilania do personagem tenha sido um tanto quanto gratuita, sem muitos contornos.

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Acontece que a trama central peca pela simplicidade: uma amizade que vira romance não empolga, assim como a inconsequência do mocinho que sofre de amor. O que salva Sol Nascente da mesmice é uma trama coadjuvante que tem tudo para engrenar, ainda mais se levarmos em conta o fator nostalgia.

Vittorio (Marcelo Novaes) é pai de Mario, Milena (Giovanna Lancellotti) e Peppino (João Cortês). No passado, foi largado pela mulher, Loretta (Claudia Ohana). É um sujeito comum, que sofre pelo abandono e cultiva, ainda que secretamente, a esperança de um dia reunir a família. Já Lenita (Letícia Spiller) parece ser o contrário dele: mais ousada, independente e charmosa, ela é dona de um bar junto com o irmão Ralf (Henri Castelli), que morre de ciúmes dela e não a deixa se envolver com ninguém.

O impeditivo para que o romance de Vittorio e Lenita ocorra é até mais interessante e forte do que o do casal central. A volta da ex-mulher e o irmão ciumento, além do atual namorado da loira, Felipe (Marcelo Farias), servem como propulsores para a movimentação do núcleo, ao passo que o medo de quebrar a amizade do casal principal funciona de maneira muito frágil para uma novela _talvez a entrada de César remexa as configurações dos mocinhos, cuja história até então pouco empolgou.

Letícia e Novaes já provaram que têm química juntos e em Sol Nascente ganham a chance de reeditar a parceria de sucesso vista em Quatro por Quatro (1994), quando interpretaram o icônico casal Babalu e Raí na trama de Carlos Lombardi, ainda que o perfil dos personagens de agora seja completamente diferente dos de então. Spiller tem, também, a chance de reviver seus tempos de paquita de Xuxa Meneghel quando Lenita solta a voz em cena.

Sol Nascente é uma novela que oferece ao público um frescor paradisíaco, com belos cenários para alegrar o fim do dia e uma direção minimamente correta, mas sem grandes atrativos. Falta à trama um pouco mais de fermento, mas ainda há seis meses pela frente para que a história cresça feito os pães italianos da padaria de Gaetano (Francisco Cuoco).

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