Humorístico
Reprodução/TV Globo
Dani Calabresa em esquete de Zorra Total em que percebe ironias de vendedora de loja
DANIEL CASTRO
Publicado em 9/5/2015 - 23h43
Atualizado em 10/5/2015 - 6h45
[Texto publicado originalmente à 0h35]
A primeira sequência do novo Zorra, que estreou neste sábado (9) na Globo, já dizia o que viria pela frente. Em uma imagem de superprodução, típica de seriado policial, um helicóptero pousa no alto de um edifício no centro do Rio de Janeiro. Três policiais descem da aeronave e escalam as paredes do prédio, até quebrarem os vidros e invadirem uma sala onde ocorre uma reunião. "Bom dia, algum dos senhores troca 50?", pergunta um dos policiais para os executivos incrédulos. "Abortar a missão", ordenava então o policial.
Terminava assim a primeira piada do novo Zorra. Bem produzida, sem as tosquices do velho Zorra Total, mas tão sem graça quanto. Até o final do terceiro e último bloco, o programa alternou quadros bem feitos, mas de humor irregular, entre o nonsense e falta de inspiração, com alguns bons momentos. Uma sequência de esquetes curtas, sem bordões, sem figurantes peitudas, numa busca pelo novo humor praticado pelo Portas dos Fundos e pelo Tá No Ar. O desafio do Zorra de agora em diante é imenso: terá que fazer rir todo sábado sem repetir.
Dizer que o novo Zorra foi totalmente sem graça não é justo. Sim, houve momentos engraçados. Foram justamente aqueles que parecem ter sido escritos pelos roteiristas de Tá No Ar, em que o programa fez piada de si mesmo. "Mas se por acaso a audiência não bombar, Valéria e Janete podem ressuscitar", dizia a música de apresentação do humorístico, numa referência às personagens que sustentaram o Zorra Total nos últimos anos.
Outro momento Tá No Ar, ainda na musiquinha de apresentação: "Pode entrar, a casa é sua. Se não gostar, estou na rua ou na RedeTV!". E Agildo Ribeiro em uma consulta ao médico, reclamando que continua ouvindo a claque do velho Zorra.
Também na musiquinha de apresentação, o Zorra se diz um programa da "vida real". A vida real anda em baixa na TV, como mostra a rejeição inicial a Babilônia. No humorístico, não foi muito diferente. Foi representada por quadros em que uma mulher usa um aplicativo de celular que aciona um assaltante, em um exemplar típico do humor nonsense do Casseta & Planeta. O extinto Casseta também foi lembrado por um delegado que atende a um casal desperado porque uma Tupperware desapareceu.
Faltou inspiração em uma esquete curta, fazendo trocadilho com "flamingo" e "Flamengo", numa rebelião pedindo a separação de presidiários pelos respectivos signos e numa discussão entre um chefe e um subordinado, o primeiro insistindo que demitiu o segundo, que na verdade pediu demissão primeiro.
O programa teve melhores momentos com uma piada sobre atendimento prioritário a idosos, mulheres grávidas e portadores de deficiências em um assalto a banco. Foi bem com Dani Calabresa se vingando do telemarketing de serviços como TV por assinatura e percebendo ironia de uma vendedora de uma loja em que experimentou uma roupa _se bem que essas piadas não são inéditas.
Enfim, o novo Zorra foi muito bem produzido, mas oscilou momentos inspirados com outros de absoluta falta de graça. Para alívio da nova equipe, o programa deu 19,6 pontos na prévia do Ibope na Grande São Paulo, mais do que as duas últimas edições (17,8 e 15,5). Por enquanto, ninguém corre o risco de ter que procurar emprego na RedeTV!. E Janete e Valéria vão continuar no cemitério. Por enquanto.
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