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MELHOR NO PASSADO

Como o documentário dos 50 anos do Fantástico depõe contra próprio programa

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Mister M, de máscara, e Cid Moreira, rindo, em trecho da série documental sobre os 50 anos do Fantástico, na Globo

Mister M e Cid Moreira em trecho da série documental sobre os 50 anos do Fantástico, na Globo

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 3/9/2023 - 8h30

Neste domingo (3), será exibida a última parte da série documental Fantástico 50 Anos, que tem exibido destaques das últimas cinco décadas da revista eletrônica da Globo. Os episódios mostraram reportagens, quadros e momentos inesquecíveis do programa, que marcaram as vidas de telespectadores brasileiros. Em um efeito colateral, no entanto, a série denota que as edições atuais do Fantástico perdem para as do passado em quesitos como entretenimento e relevância.

Nos últimos três domingos, em que foram exibidos episódios sobre o Fantástico nos anos 1980, 1990 e 2000, vários dos assuntos e das entrevistas exibidas na série documental figuraram nos assuntos mais comentados do Twitter (os trending topics), caso das garotas do Fantástico, da autópsia do ET e das reportagens sobre ET de Varginha, além dos quadros Retrato Falado e Mister M e da repórter digital Eva Byte.

Tais exemplos se referem a conteúdos que marcaram a história da TV brasileira e as memórias afetivas do público. Mas o que há hoje, nas edições regulares (sem contar com a série especial de aniversário) do Fantástico, que seja capaz de marcar de tal maneira os telespectadores atuais?

A revista eletrônica continua a ser assunto na sociedade. Exemplos recentes são as entrevistas com Larissa Manoela e a reportagem sobre jovens que dizem ter transtorno dissociativo de identidade (TDI). Mas, para quem acompanhou o programa nos anos 1990 e 2000, fica claro que está em falta um dos ingredientes principais do programa: entretenimento.

O Fantástico ainda mostra números musicais e entrevistas com artistas, mas deixou de lado séries com dramaturgia e comédia, como Retrato Falado, Fazendo História, Cilada, O Super Sincero, Sexo Oposto; quadros mais focados em entretenimento, como Mister M e os clipes lançados no programa; e quadros de serviço, como Emprego de A a Z, O Conciliador e Atenção, Consumidor.

O Repórter por 1 Dia é um dos poucos remanescentes entre os sucessos do Fantástico, e quadros de viagens e entrevistas também seguem sobrevivendo: além do Avisa Lá que Eu Vou, com Paulo Vieira, haverá também uma atração com Sabrina Sato, na qual ela visita lugares que viralizaram na internet e conta se fazem jus à fama virtual. A primeira temporada deverá estrear em outubro deste ano, e uma segunda leva já é planejada para o ano que vem.

É claro que, diante de uma série documental bem produzida, que mostra apenas os momentos gloriosos e marcantes da história do programa, os telespectadores tendem a desenvolver sentimentos de nostalgia e saudosismo, numa percepção de que talvez tudo fosse melhor antigamente.

Nem tudo: reportagens e quadros do Fantástico também mostraram atitudes e pensamentos que ficaram para trás, como a exploração da sexualidade de modelos chamadas de garotas do Fantástico.

Ainda assim, é fato que o programa tem investido cada vez menos em entretenimento, serviços e pautas inovadoras e mais em matérias de denúncias e crimes. Um levantamento exclusivo feito pelo Notícias da TV mostrou que as reportagens policiais podem superar um terço de toda a duração da atração nos últimos meses.

É inegável que o Fantástico tem um histórico de relevância e importância na TV brasileira e no imaginário do telespectador. Mas a versão de 2023 da revista eletrônica poderia se inspirar no passado para recuperar parte dessa relevância e despertar novamente o interesse do público --ainda mais no contexto atual, em que boa parte das pessoas já prefere trocar a TV linear por YouTube e plataformas de streaming.


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