RUMO AO HEXA?
Divulgação/Globo
Barbara Coelho, Joana Thimóteo, Renato Ribeiro e Raymundo Barros em evento sobre a Copa na Globo
A Globo assumiu a missão de "pacificar" o Brasil três semanas após o eventual segundo turno das eleições mais polarizadas da história do país. Com a Copa do Catar, a partir de 20 de novembro, a emissora acredita que conseguirá reunir bolsonaristas e petistas, todos torcendo pela Seleção Brasileira diante de transmissões ufanistas.
"Só a Copa do Mundo para reunir o Brasil", afirmou Renato Ribeiro, diretor da área de Esportes da emissora, em apresentação à imprensa do esquema de cobertura do Mundial do Catar. "Desde 1970, a Globo é responsável por esse elo, por essa paixão do brasileiro pela Copa do Mundo. Para os brasileiros, a Seleção até pode errar, mas a Globo, não", disse o executivo.
Para cumprir esse papel, a Globo apostará na tecnologia e na transmissão ao vivo de 56 dos 64 jogos da competição, em jornadas que começarão às 7h da manhã e irão até depois das 18h. No Globoplay e no SporTV, todas as partidas serão oferecidas em 4K. Na plataforma de streaming, o assinante terá a opção de rever lances escolhendo até oito câmeras dispostas no estádio.
A competição de seleções no Catar será uma Copa de superação para a Globo. Primeiro, porque pela primeira vez desde 1970 a emissora correu risco de não transmitir o evento, pois em 2020, no auge da pandemia, acionou a Fifa na Justiça internacional para rever seu contrato por direitos esportivos, pelo qual desembolsará US$ 90 milhões neste ano (R$ 462,6 milhões).
Segundo, porque, apesar de já ter conseguido um faturamento publicitário de pouco mais de R$ 1 bilhão, a emissora terá prejuízo com o Mundial.
Devido à falta de dinheiro, aos altos custos no Catar e ao real desvalorizado frente ao dólar, a Globo enviará ao Oriente Médio apenas 70 profissionais, e nomes consagrados como o de Cleber Machado terão de fazer transmissões diretamente de estúdios no Brasil. É o menor elenco já enviado a um Mundial. Em 2018, a emissora despachou 197 funcionários para a Rússia. Ao todo, neste ano serão envolvidos 500 profissionais.
Diferentemente das últimas Copas, a Globo não terá um estúdio no país-sede. Não só por economia, mas também por falta de espaço, de acordo com Joana Thimóteo, diretora de eventos esportivos da emissora. A salvação será a tecnologia.
De acordo com Raymundo Barros, diretor de Estratégia e Tecnologia, a Globo vai instalar um conjunto de câmeras no mercado central de Doha, captando um grande plano do lugar em altíssima resolução. Essas imagens serão projetadas em tempo real no cenário de um estúdio a ser montado no Rio de Janeiro.
O telespectador terá a impressão de que os apresentadores e convidados estão em um estúdio em um ponto turístico do Catar. "A gente monta esse grande plano como se fosse uma grande janela", diz Barros.
Algo semelhante foi feito nos Jogos Olímpicos do ano passado, em que imagens ao vivo da baía de Tóquio eram projetadas em estúdio no Rio. Barros promete agora um upgrade, com uma resolução de imagem ainda maior.
Para ele, mesmo sem ter um estúdio físico em Doha, a Globo estará no "melhor local". "Vamos estar mais próximos das pessoas em Doha, mostrando o dia a dia, gente comemorando. Pra gente essa quentura e relação é fundamental", diz.
A Copa do Catar também representa outro desafio para a Globo: inserir mais mulheres nas transmissões esportivas. Pela primeira vez, Ana Thais Matos irá comentar jogos da Seleção Brasileira, ao lado de Galvão Bueno. E pela primeira vez outra mulher, Natália Lara, narrará jogos de uma Copa. Afirma Renato Ribeiro:
Uma mulher narrando e outra comentando uma Copa vai ser um divisor de águas. Vamos normalizar a presença da mulher nas transmissões de futebol.
A última Copa do Mundo de Galvão Bueno, que se aposenta das narrações após a final, em 20 de dezembro, também marcará volta de Tiago Leifert à Globo. O ex-apresentador do Big Brother Brasil comandará as transmissões de um jogo por dia no Globoplay.
Leifert trabalhará ao lado de um analista de desempenho, do técnico Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, o Lisca, e da comentarista de arbitragem Fernanda Colombo.
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