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ATRAÇÃO DA JOVEM PAN

Bolsominion? Morning Show rejeita rótulo e conquista fãs com debates acalorados

DIVULGAÇÃO/JOVEM PAN

Imagem de Paula Carvalho, Paulo Mathias, Vinicius Moura, Zoe Martinez, Joel Pinheiro da Fonseca e Adrilles Jorge em ensaio fotográfico

Elenco do Morning Show, revista eletrônica da Jovem Pan; programa conquistou público com debates

Para uns, um "programa de bolsominions". Para outros, uma atração de "socialistas de iPhone". Esses são alguns dos rótulos colocados no Morning Show, revista eletrônica diária da Jovem Pan. Com debates acalorados e opiniões intensas, o programa conquistou uma base de fãs ao longo dos anos e, após a estreia na TV, conseguiu ultrapassar a audiência da CNN Brasil.

"Todas as pautas que procuramos trazer para o programa são temas que gerem discussões e que tenham pontos de vistas diferentes, pois acho que essa é a graça do programa. Aqui não é um programa com uma visão única, um editorial absolutamente definido, pró alguma coisa ou contra outra. Aqui você tem um programa plural de debates de ideias, com pessoas que pensam diferentes", opinou Paulo Mathias, apresentador do Morning Show.

O Notícias da TV acompanhou os bastidores da revista eletrônica em 10 de dezembro, quando a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) foi entrevistada pela atração. Além do apresentador, estavam presentes na gravação a co-apresentadora Paula Carvalho e os comentaristas Adrilles Jorge, Zoe Martinez e Joel Pinheiro da Fonseca (que deixou o programa no final de dezembro).

Para a reportagem, Mathias admitiu que, em certas situações, ocorreram excessos nas discussões do programa: "Talvez seja um diferencial do programa porque não temos receio do embate. Acho que a sociedade brasileira também precisa não ter esse receio. Muitas vezes, ligo a TV e vejo programas em que todo mundo pensa igual, aí fica uma disputa de quem pensa mais igual. Não temos medo do embate".

Valorizamos muito o bastidor do programa, nos tratamos como se fossemos uma família porque passamos mais tempo aqui do que com as nossas próprias famílias. Se o ambiente do programa não estiver bom e consolidado, com certeza vai passar isso para o ao vivo. É um programa matinal, se a gente não trouxer algo mais leve e divertido, deixamos o debate público muito pesado.

O canal da atração no YouTube conta com mais de 1,5 milhão de inscritos, e a íntegra dos programas alcança uma audiência média de 100 mil visualizações. Paula explicou que, a partir das 6h, a equipe começa a discutir as pautas da atração por meio de um grupo de WhatsApp. Com o ibope em tempo real, por causa da estreia da televisão, os assuntos são adaptados conforme o andamento da atração. 

"Temos um público muito cativo, que está com o Morning há muito tempo, que já viram muitas trocas de elenco e estão sempre aqui ouvindo. Entre gostar de um ou outro, reclamar de um ou outro, acho que isso é um das coisas que o programa desenvolve com a audiência: cada um se identifica muito com alguém, por ter opiniões e posturas diversas. Então, tem quem goste de mim e quem me odeie", ressaltou a titular.

Ataques virtuais

Com a repercussão do programa, especialmente nas plataformas digitais, os integrantes passaram a receber mensagens positivas e ataques do público. "Eu sou bolsominion e comunista, sou enquadrado todo dia ou como um ou outro", entregou Mathias.

Para Paula, que fez carreira no entretenimento, foi difícil receber esses ataques:

"Chegava a estragar final de semana com os meus filhos, a me deixar irritada e estressada, com o olho piscando e a mão suada. Depois, comecei a me ligar que quem são essas pessoas? Nunca tirei cinco minutos do meu dia para ir no perfil de ninguém para falar coisas negativas. Comecei a pensar que nem conheço essas pessoas, elas estão afetando a minha vida real. Quando você começa a colocar isso em perspectiva, você começa a ir bloqueando [da mente], e bloqueando mesmo [nas redes sociais]."

Recém-chegada no programa, Zoe analisou esses posicionamentos da audiência por outro ângulo. "Atualmente, fico mais preocupada quando meu nome não é citado do que quando é citado para coisa ruim. No YouTube, só tem comentários negativos de mim, mas estão falando. Se não estivesse fazendo nada de diferente, não estariam falando. Porém, demorou cinco anos para pensar assim, pois comecei com 16 [anos na internet]".

Devido à linha editorial da Jovem Pan, considerada por uma parcela significativa do público como alinhada ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), todas as atrações da emissora receberam este rótulo de "bolsonaristas". Questionados pela reportagens, os integrantes apresentaram os seus posicionamentos políticos. 

"Sou um homem de centro, absolutamente contrário ao governo Bolsonaro, absolutamente contrário ao que foram os governos Lula e do PT [Partido dos Trabalhadores]", detalhou o apresentador.

Em seguida, Paula ressaltou que é amiga pessoal de Zoe e comentou: "Ela é de direita, e eu não. As pessoas ficam um pouco bugadas, tipo: 'Meu Deus, mas como é que isso acontece?'. As pessoas piram um pouco, fantasiam coisas de agressividade. Por exemplo, ela está de mudança e escolheu uma cafeteira vermelha para a casa dela".

"Falei que ia dar de presente e dei. Outro dia, ela fez um cafezinho, postou e me marcou. As pessoas [reclamaram]: 'Ela está te dando uma cafeteira vermelha do PT'. Pensei: 'Gente, o mais louco é que ela que escolheu'. Como explicar?", pontuou.

Bolsominions?

Zoe afirmou que é uma pessoa de direita e que não gosta do termo "bolsonarista". "Me identifico com as ideias do Bolsonaro, apoio o Bolsonaro, principalmente por essa questão da liberdade. Ele é o único líder mundial que atualmente se posiciona e fala: 'Defendo a liberdade individual das pessoas, sou contra o passaporte sanitário'".

"Ele vai contra todas as coisas que eu abomino. Me identifico muito com as ideias dele, não significa que ache ele perfeito. Acho que apoiar ele não me faz uma bolsonarista, por que colocar esses termos nas pessoas?", indagou a youtuber, que precisou interromper a entrevista em um determinado momento para atender uma ligação do empresário Luciano Hang.

Jorge também rejeitou este rótulo: "Não sou bolsominion, detesto ser enquadrado como bolsominion. Acho que existe hoje no Brasil, especialmente ao governo Bolsonaro, uma ojeriza tão grande que é formada primeiro por uma ideologia hegemônica entre a imprensa e instituições culturais, uma hegemonia de uma percepção única de mundo que vê qualquer pessoa de direita como um inimigo a ser combatido".

Bolsonaro foi eleito nessa perspectiva de um contraponto aos excessos de uma esquerda marxista cultural e identitária, excessos de um politicamente correto, e ele é sintoma disso, assim como o Donald Trump [nos Estados Unidos].

"Não vejo ele [Bolsonaro] como uma pessoa perfeita, não vejo o governo dele como perfeito. Mas aí, quando vejo alguém chamando o governo de assassino, de corrupto, que comparam o Bolsonaro a um ditador, um homem que fala especificamente de liberdade, aí me incomoda e nessa defesa de valor, que não é específica de um governo, é uma defesa da realidade. Bolsonaro tem defeitos, mas não é um genocida", opinou o escritor, que se classificou como um radical de centro.

rEPRODUÇÃO/YOUTUBE

Adrilles Jorge no Morning Show

Adrilles Jorge no Morning Show

'Prolixo e insuportável'

Aqui, o presente repórter gostaria de quebrar a tradicional impessoalidade do jornalismo para melhor entendimento do leitor. Antes da produção desta reportagem, acompanhei algumas edições do Morning Show e essas foram as duas palavras que vieram na minha cabeça enquanto escutava os posicionamentos de Adrilles Jorge, comentarista da atração.

No entanto, por volta das 9h, enquanto aguardava na recepção do prédio Sir Winston Churchill, onde fica a Redação da Jovem Pan, acompanhei a chegada do comentarista para mais um dia de trabalho. Apressado por conta do horário [o programa começa às 10h], ele foi extremamente gentil com as recepcionistas do local, que o informaram sobre um fã que o aguardava.

Confesso que não vi nenhum suposto fã enquanto aguardava no local e, ao escutar o relato, achei que era alguma brincadeira das recepcionistas. Como o ex-BBB não podia esperar o tal admirador, ele subiu para o local de trabalho, e eu segui aguardando pela minha liberação.

Cerca de três minutos depois, o tal fã apareceu. Um homem, por volta dos 50 anos, vestido com roupas sociais. Ao ser informado sobre a perda do encontro com o ídolo, o senhor entrou em choque, colocou as mãos na cabeça e ficou decepcionado consigo mesmo por não ter aguardado o comentarista.

Fiquei em uma situação extremamente bizarra na cabeça, mas segui com o meu trabalho e fui até os estúdios da emissora de rádio e televisão. Acompanhei por trás das câmeras a entrevista de Tabata Amaral e percebi que o "adrillesterrupting", como são chamadas nos bastidores as constantes interrupções feitas pelo poeta, fazem parte de uma estratégia de argumentação do comentarista --bem questionável, diga-se.

Após o programa, sentamos em um sofá no departamento comercial da emissora e começamos a entrevista. Entre as perguntas, questionei se o comentarista se achava prolixo. "Não, me considero conciso. Se fosse prolixo, falaria por oito horas. Sou poeta, um dos princípios da poesia é concisão. O que faço aqui é tentar resumir minhas ideias de uma forma na qual isso seja traduzido em poucas palavras. Agora, poucas palavras é algo relativo, tenho muito mais a dizer", respondeu ele.

Em seguida, fui mais direto: "Você se acha insuportável?". "Não sou insuportável. A perspectiva de um debate pressupõe que você defenda alguns pontos de uma maneira aguerrida. Sou intenso e incisivo na defesa de alguns valores que são arraigados dentro dos meus princípios e valores. Sou a pessoa mais tolerante do mundo, aberto a todas as opiniões", pontuou de forma tranquila.

Após o encerramento da gravação, Adrilles liderou um passeio pelos estúdios da Jovem Pan. Enquanto ele soltava algumas pérolas sobre política e comentava sobre o não uso de cuecas, percebi a sua simpatia, carisma e vi que ele não é esse monstro insuportável retratado nas câmeras, e sim uma pessoa que recorre à intensidade digna de um personagem de novela para conseguir amplificar sua voz.

Por volta do meio-dia, terminamos o tour e, junto com Adrilles e Zoe, deixei os estúdios da Jovem Pan. Quando chegamos novamente na recepção, adivinhe quem estava lá? O tal fã do comentarista, que brilhou os olhos ao ver o ídolo. Enquanto registrava o encontro com um smartphone, o senhor confessou ao poeta que era apoiador de Jair Bolsonaro e que adorava os posicionamentos do mineiro na rádio.

Durante essas três horas, Jorge soltou uma frase que acredito que resume bem o que é o Morning Show: "A melhor coisa que existe é a reconciliação, gosto de brigar e de me reconciliar. Gosto de todo mundo, sou afeito a todas as pessoas, inclusive a quem me odeia. Dá uma sensação de passionalidade, interferir nesses bloqueios de polarização besta que vivemos".

Essa talvez seja a resposta para o sucesso da atração: debater sobre tudo e todos, sem medo do diálogo. Mesmo com os questionamentos válidos da audiência, o público que ouve e vê o Morning Show sabe que encontrará um confronto de ideias simples e compreensível, mas não simplório.

Confira a entrevista de Tabata Amaral no Morning Show:


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