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Reprodução/Instagram
A âncora Lívia Raick teve a responsabilidade de ler texto que classificava agressão como "incidente"
Depois de a Globo fazer um ultimato em rede nacional contra a violência que Jair Bolsonaro instiga contra a imprensa, o SBT tomou uma atitude bem mais contida. Em seu principal telejornal, a emissora classificou a agressão da equipe de segurança do presidente a repórteres de sua afiliada de "incidente" e afirmou que o governante pediu desculpa.
No domingo (12), seguranças e apoiadores de Bolsonaro agrediram os repórteres Camila Marinho e Cleriston Santana, da TV Bahia (afiliada da Globo no Estado), e Xico Lopes e Dario Cerqueira, da TV Aratu (retransmissora do SBT). Eles cobriam o pouso do helicóptero do presidente no estádio municipal Juarez Barbosa, em Itamaraju --a região tem sido muito afetada pelas chuvas.
Um dos seguranças segurou Camila pelo pescoço, em uma espécie de mata-leão. Outro profissional tentou impedir os repórteres de estenderem seus microfones na direção de Bolsonaro e acusou os jornalistas de agredirem o presidente com a espuma do equipamento.
Enquanto a Globo fez um longo editorial no Fantástico em que pedia que o presidente fosse responsabilizado pela violência de sua equipe e seus apoiadores, o SBT tratou do assunto em um registro de pouco mais de um minuto e com um tom passivo, como se o acontecimento não fosse nada demais --Silvio Santos já declarou que está sempre a favor do governo, não importa qual partido esteja no poder.
"Jornalistas da TV Aratu, afiliada do SBT, e da TV Bahia, afiliada da TV Globo, foram agredidos durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a Itamaraju, na Bahia, neste domingo", começou o âncora Marcelo Torres no SBT Brasil desta segunda (13).
Depois da exibição das cenas na Bahia, a âncora Lívia Zaick (substituta da titular Márcia Dantas) leu: "Após o incidente, os jornalistas foram recebidos em outro local. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Cidadania, João Roma, pediram desculpa pelas agressões".
Confira o vídeo do SBT:
Jornalistas do SBT e Globo são agredidos por segurança de Bolsonaro.
— Luiz Ricardo (@excentricko) December 13, 2021
E o SBT Brasil reagiu assim.#SBTBrasilpic.twitter.com/mfhYeGlREw
A Globo fez um ultimato para barrar a violência da equipe do presidente à imprensa durante a edição de domingo do Fantástico. Maria Júlia Coutinho e Poliana Abritta leram uma longa mensagem em que classificaram a situação recorrente de "atitude escandalosa".
"O Supremo Tribunal Federal foi acionado em novembro pela Rede Sustentabilidade para proibir o presidente de Jair Bolsonaro de atacar ou incentivar ataques verbais ou físicos à imprensa e aos profissionais da área. O partido pede que o Supremo fixe o pagamento de multa de R$ 100 mil por ataque. A Rede também pede que o STF determine à Presidência da República que elabore e apresente um plano de segurança para garantir a integridade dos profissionais que acompanham a rotina do presidente", começou Maria Júlia.
"A ação foi apresentada após Bolsonaro tratar com hostilidade jornalistas brasileiros durante a viagem a Roma, na Itália. Seguranças que estavam perto do presidente agrediram quem tentou fazer perguntas. Entre eles, o repórter Leonardo Monteiro, da TV Globo. O ministro Dias Toffoli enviou a ação para ser julgada pelo plenário do STF", leu a ex-âncora do Jornal Hoje.
"A Advocacia-Geral da União já se manifestou no processo e defendeu a rejeição da ação por questões processuais. O governo afirma que não é possível atribuir a autoridades episódios de hostilidade ou intimidações contra a imprensa. O governo diz ainda que a postura crítica de Bolsonaro à imprensa não ultrapassa os limites da liberdade de expressão. O STF ainda aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República. O julgamento da ação ainda não tem data para ocorrer", continuou Poliana.
Poliana Abritta também discursou contra governo
"As agressões deste domingo mostram que já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo, tendo como relator o ministro Dias Toffoli. A imprensa cumpre um direito escrito na Constituição, e deve ter a sua segurança garantida", retomou Maju, que seguiu:
As cenas bárbaras de hoje e aquelas ocorridas na Itália no dia 31 de outubro ensejam duas constatações. Se os seguranças agem por conta própria, a presidência deve ser responsabilizada por omissão. Se agem seguindo ordens superiores, a presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas.
"Além disso, é escandalosa a atitude da presidência de deixar jornalistas à própria sorte em meio a apoiadores fanáticos, que são insuflados quase diariamente pelo próprio presidente em sua retórica contra o trabalho da imprensa. Frente aos evidentes e graves riscos enfrentados por repórteres de todos os veículos, é urgente que o Judiciário se pronuncie", sentenciou Poliana.
"A Globo repudia as agressões aos repórteres Camila Marinho e Cleriston Santana, da TV Bahia, e aos repórteres Xico Lopes e Dario Cerqueira, da TV Aratu, e se solidariza com eles", finalizou a apresentadora.
Confira vídeo da agressão:
DENÚNCIA!
— Unidade Popular (@UP80BR) December 12, 2021
DURANTE VISITA DE BOLSONARO À BAHIA, REPÓRTERES DA GLOBO E DO SBT SÃO AGREDIDOS!
Toda nossa solidariedade aos profissionais agredidos, vítimas da violência promovida pelos discursos e políticas de ódio desse Governo Genocida. #FORABOLSONARO!pic.twitter.com/QazBsC5b0P
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